André Whoong e o lançamento do primeiro álbum  “1985”. André Whoong, cantor, compositor e multi-instrumentista paulistano lançou em setembro de 2015 seu primeiro álbum pelo selo indie Rosa Flamingo. A produção tem a assinatura do próprio Whoong com Fabio Pinczowski, e a produção executiva  ficou sob a responsabilidade da amiga, cantora e compositora paulistana Tiê. A parceria com Tiê teve inicio em 2011 quando num dos shows da cantora, faltou um guitarrista e André foi o substituto que caiu nas graças da Tiê Nessa quinta – feira (31), André lança o videoclipe da música  “Coisas”, que foi resultado da parceria entre Marcelo Coilaiacovo e Nilson Primitivo. Dois nomes importantes na contramão do cinema brasileiro atual. O clipe conta com a participação do ator Paulo Tiefenthaler, conhecido pela facilidade de improvisação e autenticidade no programa  “Larica Total.”

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André Whoong nasceu em São Paulo (SP) em 1985, e começou a fazer aulas piano aos 8 anos de idade. Logo mudou para o violão, que aprendeu a tocar usando revistas de cifras. Ganhou a sua primeira guitarra de presente do pai, que é baixista profissional e já trabalhou com nomes como Ednardo e Paulinho Nogueira. Na adolescência, trabalhou ao lado do pai como músico de festas e eventos, e depois estudou Música na Faculdade Santa Marcelina. Já tocou com os brasileiros Odair José, Adriano Cintra, Banda Uó e Bonde do Rolê, e colaborou com os norte-americanos Darwin Deez, Jesse Harris, o produtor Steve Albini e David Byrne, com quem tem uma música em parceria (presente no disco “Esmeraldas”, de Tiê). Atualmente faz parte das bandas das cantoras Naná Rizinni e Tiê.

Por ter nascido em 1985 em São Paulo, daí o “1985” ser o ano que batiza o primeiro disco do músico, um trabalho recém-nascido mas que foi gestado durante 30 anos no ventre, na mente e na alma, ou ao longo das últimas cinco décadas, se preferirmos: de The Beatles a The Carpenters (a faixa final do álbum, “Vem Aqui”, traz uma deliciosa citação de “Superstar”), o túnel do tempo musical percorrido por André passa pelo pop radiofônico de Guilherme Arantes e pela música country/sertaneja até chegar ao novo rock do século 21 e aos delírios vocais de grupos como o Dirty Projectors.

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Ora ensolarado, ora confuso. Ora impulsivo, ora arrependido pelas bebedeiras passadas. Mas sempre honesto, aberto ao novo e pioneiro em rir de si mesmo. André Whoong entrega um 1º disco ciente de sua “idade” – chegar aos 30 é sempre um marco, afinal – e, exatamente por isso, sintonizado com o que há de essencial em sua formação, dos discos que ouviu na infância às bandas que marcaram a adolescência, dos sons de sua geração aos ídolos máximos que ficarão até o fim da vida.

“1985” abre com “Vila Ipojuca”, cujo violão de passos curtos e fôlego rápido prepara o ouvinte para um desabafo sobre as redes sociais e os mundos virtuais, logo transformado em autoanálise – marca desse letrista – e, finalmente, em questionamento da vida, dos relacionamentos, da solidão. André compõe raciocinando, quase que em tempo real, e muitas vezes chega ao fim das composições com algo de novo apre(e)ndido. “Tô me conhecendo cada dia um pouquinho mais”.“Parece”, a 2ª faixa, é uma das grandes candidatas a hit do álbum. Grandiosa sem ser pedante, é um folk-pop com ecos de Clube da Esquina, e a cama perfeita para o potencial vocal de André. Whoong  sabe como, e gosta, de cantar. “Posso andar pra trás, mas nunca na contramão”.“Vou Parar de Beber” já começa de ressaca. Anda como alguém com certa dificuldade para seguir em linha reta, depois de uma noite – uma vida? – de bebedeira e excessos. O título define um estado de espírito disfarçado de promessa bastante comum não só a André, mas a qualquer jovem de hoje, de 30 ou de 50 anos atrás. Leo Cavalcanti participa da faixa poderosa, dando voz àquele amigo – ou amado(a)? – cuja ingrata mas necessária tarefa é lembrar o companheiro dos micos da noite anterior. “Eu vou parar de pensar em te ter”.

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Com sabor de Orquídeas do Brasil (as histórias urbanas de Itamar Assumpção são outra referência na “paulistanice” de André), o coro formado por Luna França, Tiê, Irina Bertolucci, Karina Buhr, Taciana Barros e Naná Rizinni em “Coisas” adverte: “Para de ser afobado que o tempo dirá”. Ansioso com o tempo que passa e com as coisas “erradas” que pensa e faz, incerto e preocupado, teimoso mas esperançoso, o autor acaba compreendendo: “Tá tudo tão certo aqui, tá tudo tão quase bom”.

Tiê, parceira de discos (André é coautor de 7 faixas e arranjador de

“Esmeraldas”, seu 3º álbum) e de banda, volta a aparecer em “Acho Que Só Você”, uma das mais românticas do disco, desta vez nos backing vocals. Está lá também o omnichord, instrumento eletrônico lançado em 1981 que permeia vários momentos de “1985”. “Eu não tenho tempo pra perder, mas me sinto velho pra ganhar”.

O grande momento da dupla vem em seguida: “Botas” foi composta por esses amigos e companheiros de ofício e é outra forte candidata a hit. Climática e emocional como os melhores momentos do duo de synth-pop Beach House, a track é um dos momentos mais afirmativos e empolgantes do disco: “Mantenho as botas na estrada, minha tristeza eu vou deixar guardada”.

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Em “Amigos” a dúvida que paira é outra: “Será que eu consigo ser só seu amigo?”. Desilusões amorosas são mais frequentes – e explosivas – na juventude. E quem chega aos 30 anos costuma acumular uma coleção delas. Já a faixa 9, “Deixa Pra Lá”, trata de deixar a tristeza do “será”, do hipotético, bem longe. Otimista e colorida, com ecos de Paul Simon fase “Graceland” (graças ao talentoso percussionista Mauro Refosco e a Tó Brandileone, do 5 a Seco, no órgão), poderia ser resumida como a faixa mais “fofa” do álbum. Conferindo a “fofa”, nesse caso, o seu melhor sentido. “Deixa pra lá, a vida é uma só pra sofrer”.

“Cicatriz” começa com climão e melancolia, no momento mais introspectivo do trabalho. Tim Bernardes está na guitarra e Dudu Tsuda, nos teclados. Bárbara Eugênia confere a languidez necessária ao refrão, e encaixa com beleza sua voz à de André. Uma canção feita por alguém que pensa muito mas também está cansado de pensar. Melhor se jogar e arriscar, pois a dor faz parte do processo. “Cicatriz é sinal de diversão”.

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“Ócio Criativo” é a cara e a fala de Whoong, um desabafo cheio de humor e autoironia, aquele conflito garoto versus adulto, trabalhar versus viver a vida, que está presente em todo o álbum e no coração de todo rapaz que chega aos 30 cheio de dúvidas e desejos. “Se todo amor que eu tenho é são falta, loucura pra viver”.

Quase uma vinheta, a strokeana “Pensei Bem” tem tom de desabafo: depois da briga, a ruminação. Pensar demais cansa, mas é difícil ficar indiferente. O coro final, soe como reclamação ou como um “que se dane”, aponta para uma doçura, porém. Depois da sujeira na voz de André, indica uma direção mais conciliadora. “Se somos amigos eu deixo de lado qualquer orgulho”.

E então chega “Vem Aqui”, a beleza pop e melódica para a qual a faixa anterior apontava. André Whoong é um romântico, afinal. E nada como uma grande canção, com piano, baixo, coros, “tchu-tchu-tchus” e um solo de guitarra bem “emotion” (by Tim Bernardes, ele de novo) pra finalizar. André Whoong, enfim, nasceu. “Eu fiz de tudo pra te mostrar que quem sabe de mim sou e. E quem sabe de você também sou eu”.

Fabio Rigobelo

Setembro/2015

ANDRÉ WHOONG

“1985”

Lançamento: Rosa Flamingo

Distribuição Digital: ONErpm

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Cleo Oshiro
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