“Logo Ali”: Policial Civil do Rio faz filme sobre África do Sul, retratando suas desigualdades sociais e segregacionismo, mesmo no Pós-Apartheid.

Em tempos de rasas polarizações nas discussões sobre políticas públicas e de segurança no país, é de se exaltar as iniciativas que buscam promover uma reflexão mais profunda e de acordo com a complexidade dos diferentes tecidos sociais. Assim nasceu o documentário LOGO ALI – África do Sul, no qual o policial civil do Rio de Janeiro, Beto Chaves, que vive diariamente a guerra contra as drogas no Rio, em que o enfrentamento armado é a política adotada, visita o país sul africano, numa busca de conhecer as histórias das pessoas e, principalmente, discutir sobre o que a liberdade significa para cada um hoje em dia e o que esperam do futuro do seu país.

“É uma história de pessoas, de heróis anônimos, tem a linha do Apartheid, mas não é só isso. O filme mostra a riqueza escondida no meio de todos nós”, reflete Chaves, traçando um paralelo com a jovem democracia brasileira: “a África do Sul e nós somos muito parecidos em nossas mazelas e riquezas.

A sombra do Apartheid ainda existe, é tudo muito novo. O regime começa em 1948 e acaba em 1990. Olha para o Brasil, tudo o que aconteceu, a nossa constituição da República tem 30 anos. É muito pouco tempo para dizer que a questão do racismo está resolvida. A nossa democracia aqui é jovem, lá também”, compara. Na foto acima, Beto conversa com as crianças na Cidade do Cabo.

Beto é Policial Civil no Rio de Janeiro, já participou de incontáveis operações policiais de combate às drogas, numa cidade completamente marcada e dividida numa guerra civil não declarada. Desde os primeiros dias em sua carreira policial, Beto desejou fazer diferente, criou um programa dentro da Polícia Civil que iria na direção contrária, rompendo com a repetição do sistema repressivo ao qual estava inserido e ao rumo tomado desde a fundação de sua instituição, criando assim o Papo de Responsa. “Responsa” é uma gíria carioca que significa responsabilidade, seriedade e objetividade. (Na foto abaixo, Beto Chaves jogou bola e conversou com os jovens em Joanesburgo.)

Esse programa visa o diálogo e uma escuta absolutamente generosa, entre diferentes, como “arma” fundamental para o alcance da empatia, assim resultando na prevenção da violência e na aproximação da sociedade com a polícia de forma natural, derrubando os muros invisíveis que separam as pessoas, numa conversa franca e aberta, visita escolas, universidades, igrejas, associações de moradores, dividindo suas experiências pessoais e profissionais, aproximando pessoas de pessoas. Com o Papo de Responsa, Beto tornou-se conhecido por todo o Brasil e viajou por 31 países, provando que é possível rompermos com os esteriótipos e repensarmos o preconceito.

Financiamento coletivo para lançar documentário

Com as dificuldades existentes para quem faz cinema no país, os realizadores do documentário tentam levantar recursos de forma coletiva para divulgá-lo e levá-lo aos cinemas e festivais do Brasil e do mundo. (Foto abaixo de mulher na Cidade do Cabo, na favela de Langa, assando cabeças de cabra. Elas são limpas, abertas, assadas direto no fogo e vendidas como refeição para a população pobre.)

“O mais bacana foi a ação de realizar, mas tem o mérito de ele estar pronto e disponível para as pessoas. Realizar é difícil, mas realizar cultura é muito mais difícil, ainda mais em nosso país. Documentário é meio marginal, não tem a grande audiência, é mais difícil captar recurso, carece um pouco disso, da necessidade de formar público”, disse ao explicar que a ideia de fazer o filme com o designer Léo Santos “foi uma grande boa conspiração do universo.

O dinheiro arrecadado será usado para levar o documentário aos cinemas, além de produzir material gráfico, divulgação online, assessoria de imprensa, palestras em escolas públicas e universidades, inscrições e participações em festivais de cinema. Mas a principal meta é garantir presença no Festival de Durban, na África do Sul, na mesma data em que se comemora o centenário de Nelson Mandela, no dia 18 de julho. (Na foto abaixo, o imigrante queniano Kamunya, que foi tentar a vida na África do Sul e virou empresário. Ele nunca tinha visto um branco na vida antes de chegar na terra de Mandela.)

As recompensas para quem ajudar vão desde o nome nos créditos finais do documentário, acesso online ao filme em primeira mão, até convites para a pré-estreia, variando de R$ 25 a R$ 250. Até esta sexta-feira, a campanha tinha arrecadado mais de R$ 7 mil, mas a meta é chegar aos R$ 70 mil até o dia 6 de abril. Para colaborar e fazer parte deste projeto, basta acessar http://www.querovernocinema.com/

Em campanha para divulgação e exibição nos cinemas, o documentário será lançado no ano do centenário do nascimento de Nelson Mandela.

“A África do Sul de Mandela me ensinou que é possível virar a página manchada da história, desde que nós abaixemos as armas para darmos as mãos”
Beto Chaves, Policial Civil do Rio e Diretor de “Logo Ali”

Teaser LOGO ALI:
https://www.youtube.com/watch?v=eNC9w0y3ddc

Direção de Beto Chaves e Leo Santos Produzido por Promax Produções Co-Produção IDEOgraph, Malaika Experience e Vilaroucas
Duração: 72 minutos
www.querovernocinema.com


Fábio Cezanne
Cezanne Comunicação – Assessoria de Imprensa em Cultura e Arte
21-99197-7465 / 21-3439-0145
www.cezannecomunicacao.com.br

Da Redação by Cleo Oshiro
Cleo Oshiro
Últimos posts por Cleo Oshiro (exibir todos)