Konan, Shiga, Japão, 24 de julho de 2025, Radio Shiga – O tema em pauta é exclusivamente dirigida aos pacientes que residem no Japão, e que por muitas vezes, indagam se só o uso de medicação é eficaz. Vamos falar, também, da resistência de profissionais de saúde em encaminhá-los para uma psicoterapia, quando há necessidade.
Quanto aos questionamentos, sim, entretanto, às vezes é necessário o tratamento conjunto, a medicação juntamente com acompanhamento psicológico.
Pelo sofrimento do paciente, ele acaba buscando ajuda em Clínico Geral, em algumas outras pela Psiquiatria, e em pouquíssimas vezes orientação com o Psicólogo.
O ideal, ao chegar a um desses profissionais de saúde é fazer o devido encaminhamento necessário para aprimorar o atendimento e acelerar os resultados. No Japão, com minha experiencia em acompanhamento e orientação psicológica, tenho observado quão difícil os encaminhamentos e a resistência dos profissionais da saúde.
A Diferença do Clínico Geral, do Psiquiatra e do Psicólogo
• O Clínico Geral
O Clínico Geral, às vezes, pode prescrever uma medicação idêntica, com a mesma dosagem que um Psiquiatra. Porém, além da sua formação ser baseada em conhecimentos gerais da medicina, fica limitado, por falta de especialização em Psiquiatria (residência), formação, conhecimento e experiência direcionada especificamente à área da saúde mental. O acompanhamento também é diferenciado, as consultas de retorno, a modificações de dosagem, alteração de medicação e conselhos voltados para o comportamento e saúde mental.
• Psiquiatria
Especialidade médica para a saúde mental e comportamental, além de ter formação e especialização em residência psiquiátrica, com alguns conselhos e gatilhos para lidar com os transtornos mentais, diferente de um Clinico Geral, também tem como aspecto positivo, a experiência em atender apenas pacientes que sofrem emocionalmente, psicologicamente e mentalmente, diferente de um Clinico Geral, que atende uma demanda de pacientes de forma mista. A maioria dos casos mentais, emocionais, psicológicos e até mesmo psiquiátricos, sem sombra de dúvida, seria necessário o acompanhamento psicológico.
Todavia, infelizmente pouquíssimas vezes, os pacientes são orientados a ter esse tratamento concomitante (Psiquiatria e Psicologia), isso provavelmente está sendo o gatilho para que hospitais e clínicas psiquiátricas estejam tão cheias e com pouquíssimas vagas e com dificuldades de agendamento.
• Psicologia ou Psicoterapia
A psicologia ou a psicoterapia por sua vez, é a ciência que estuda, trabalha, e auxilia o paciente nas questões emocionais, traumáticas, conflituosas, e pensamentos negativos que o leva à baixa autoestima, depressão, ansiedade, insônia, etc. Há situações, que somente a psicoterapia resolve, assim como, há também situações que somente a medicação é eficaz. Mas, existem alguns casos que é necessário o tratamento concomitante.
Tem acompanhado alguns clínicos, que cheguei a dizer, “que se a pessoa simplesmente tomasse só a medicação não iria chegar aos resultados esperados.” Houve casos de pessoas que tomaram medicação por quatro a cinco anos, e os resultados não foram tão eficientes quanto ao tratamento conjunto.
Em especial, posso citar casos de depressão, insônia, ansiedade e conflitos familiares, esses acabam prejudicando o físico e a mente. E, sabemos que os pensamentos são alterados quando as pessoas sofrem com esses transtornos, por isso a importância da medicação para minimizar os sintomas. Assim como, do profissional da psicologia que assessora na maneira de pensar, agir, comportar, na resolução dos conflitos, controle de impulsos, mudanças nos pensamentos, crenças a respeito de si e do mundo, relações interpessoais e ajustamento social. Esses comportamentos, pensamentos e transtornos agindo erroneamente, geralmente, afetam a sua rotina ocasionando: pensamentos negativos, sentimento de culpa, traumas de infância, relacionamento abusivo, paranoia, insônia, ansiedade, depressão, baixa autoestima, dentre outros.
Para entendermos melhor, estudos mostram que a medicação pode ser comparada a uma muleta, ou seja, ela ajuda o paciente a se levantar e caminhar, ter forças para reagir frente aos problemas, porém, mesmo com a medicação, não é possível a mudança de pensamento e comportamento, eles serão meramente refreados frente a determinadas situações, isso significa que apenas pode auxiliar nas questões químicas e neurológicas envolvidas no transtorno.
Efeitos da Psiquiatria e Psicoterapia
Enquanto que a medicação tem efeitos imediatos e manifestos, em alguns casos tendo efeito colateral, surgindo a necessidade de o psiquiatra fazer alteração de medicação ou dosagem do medicamento.
A psicoterapia é a longo prazo, trabalhando a cada sessão a situação temática do paciente, com os feedbacks do terapeuta (informações importantes e respostas baseadas nos questionamentos do paciente). Os dois tipos de tratamentos seguem os caminhos da ciência, realizadas por profissionais especializados, afinal, nenhuma técnica ou medicação deve ser utilizada sem os devidos estudos prévios sobre sua eficácia, ambos são fundamentais e importantes na recuperação da saúde mental do paciente.
É comum, muitos pacientes terem resistência em tomar medicação psiquiátrica devido a alguns efeitos, e os mais comuns são: aumento de peso, perda de libido (sexualidade), tornar-se viciado, por isso em alguns casos, procuram apenas o psicólogo. Há também aqueles que buscam também somente a ajuda medicamentosa, com a fantasia dos resultados imediatos, uma cura instantânea.
Finalizo este artigo com objetivo de aconselhar, orientar e conscientizar os pacientes da importância em buscar o tratamento conjunto. Oriente-se com o seu psiquiatra ou seu psicólogo se há necessidade de um trabalho concomitante, enfim, não decida isso sozinho. Esta é uma importante decisão para o bem estar do paciente com trabalho multidisciplinar.
Marcos Ribeiro de Souza – Psicólogo (CRP 06-87716)
Formação Acadêmica: Bacharelado em Psicologia (2005) e Formação de Psicólogo pela UNISA – Universidade de Santo Amaro – SP, 2006. Experiência prática no Brasil, desde 2008, com atendimentos de casais, familiar, individual e empresas. Atuação no Japão desde 2012, sendo como principais causas de atendimento: ansiedade, depressão, transtornos, conflitos etc. Atuação com a Abordagem Centrada na Pessoa. Página no facebook: @psicologoclinicojapaotoyohashi; Instagram e canal no YouTube: psicologandonojapao. Inscreva-se no canal.
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