Konan, Shiga, Japão, 24 de maio de 2025 – Dr. Marcos Ribeiro de Souza (Psicologo) – A frustração é um sentimento por não ter conseguido realizar algo, total ou parcial, isto é, tudo o que diz respeito às expectativas não correspondidas. É quando queremos algo e não o alcançamos no momento ou da maneira que pretendíamos.
No geral, desde criança, na tenra idade passamos por diversas frustrações, por exemplo, quando queríamos um brinquedo, passear com um amigo, dormir em casa de parentes, ficar acordado até mais tarde, ficar mais tempo nas redes sociais, fazer uma festa de aniversário e muitas outras situações que os nossos pais não permitiram.
Nem sempre é possível aos pais e responsáveis realizarem tudo o que os filhos querem, e mesmo sendo possível, nem sempre é o ideal atender a tudo que as crianças desejam. Pois, podemos estar estragando e atrapalhando o futuro, assim como moldando a personalidade delas, tais como: filhos rebeldes, mimados, sem estrutura para suportar as angústias e decepções do dia a dia. Esse é o motivo de muitos filhos não aceitarem o “não” como resposta, querem sempre que as coisas aconteçam do jeito e no momento deles, e isso reflete na vida social, como em: casamentos, trabalho, escola, grupo de amigos, namoro, etc.
Existem crianças que tem o comportamento da famosa birra, em público, para obter de imediato o que almejam: fazer charminho, choro exagerado, gritos e jogam-se no chão. São estratégias bastante comuns em muitas crianças, e os pais, por sua vez, principalmente, aqueles que sentem vergonha da atitude do filho, acabam cedendo. Assim, ambos sentem-se aliviados: a criança por ter recebido e o pai pela vergonha ter cessado, entretanto, isto acaba nutrindo e condicionando o filho a praticar essa tática sempre que desejar algo.
Criança que não vivencia a frustração
Uma criança que não teve a oportunidade de vivenciar suas frustrações, na fase base de sua formação, de maternal à adolescência, por ter suas vontades sempre atendidas poderá tornar-se um adulto manipulador.
Estão equivocados os pais que não permitem essas experiências, achando que estão dando suporte emocional aos seus filhos. Há lares que, até parece que é o filho quem manda na casa: o que comer, o que assistir, criando assim, pessoas despreparadas, sem noção de responsabilidade e respeito aos pais. No futuro, certamente, será um indivíduo que dará trabalho à sociedade e sofrerá de angústia, ansiedade e depressão por não conseguir manipular às demais pessoas como manipulava seus pais.
Por isso, é necessário que os pais permitam que seus filhos vivenciem momentos de frustrações que geram em si: um sentimento de desespero; ansiedade; angústia; tristeza; aborrecimento; uma tensão interna; a vontade da conquista de imediato (imediatismo). No entanto, é preciso que os pais conversem sobre esses sentimentos e falar que eles entendem a sua dor.
A não permissividade em vivenciar frustações, pode gerar no futuro alguns sintomas como: possíveis comportamentos de infantilidade, manha, fraqueza emocional, ansiedade, depressão que são gerados pelo imediatismo. Dificuldades de manter um relacionamento amoroso ou amigável, também são gerados pelo tudo imediatismo. Enfim, tornam-se pessoas fracas, vulneráveis que desistem com facilidade de sonhos e objetivos.
Criança que vivencia a frustração
Permitir que a criança experiencie a frustração, faz com que na vida adulta, ela seja mais madura e segura que sabe ganhar e perder, como conquistar, e ainda que existam grandes obstáculos e dificuldades, terá habilidade para driblar a barreiras. Terá controle em lidar com as perdas com maior facilidade, esperar o momento oportuno, desenvolver o oportunismo sem desperdiçar tempo e dinheiro. Será um adulto com uma vida social mais agradável e relacionamentos amigáveis e amorosos, e reclamará menos e agir mais.
Dicas para os pais
Eu sou um profissional da área da saúde, especificamente da psicologia, psicoterapeuta de casais, família, orientador de pais e atualmente pós graduando em Latu Sensu, especialista em Psicologia Infantil. Como pai de duas meninas, uma com 7 e outra com 12 anos, trago esta reflexão e algumas dicas sobre a importância de como cuidar de nossos filhos em relação a frustração:
• Não deem tudo o que eles pedem, mesmo que possam;
• Ensine, converse e mostre a eles da necessidade de passar por momentos que nem sempre é possível obter o queremos;
• Permitam que eles tenham essas experiencias de frustração, não substitua por outras recompensas no lugar, como por exemplo, um brinquedo caro: “não podemos comprar, mas vamos comprar um mais em conta”, deixe que a própria criança chegue nesta conclusão.
• Isto não significa que você nunca possa dar o que o filho deseja, precisa averiguar e avaliar se vai valer a pena. Se a criança vai realmente utilizar, se as condições econômicas no momento são favoráveis.
Marcos Ribeiro de Souza – Psicólogo (CRP 06-87716)
Formação Acadêmica: Bacharelado em Psicologia (2005) e Formação de Psicólogo pela UNISA – Universidade de Santo Amaro – SP, 2006. Experiência prática no Brasil, desde 2008, com atendimentos de casais, familiar, individual e empresas. Atuação no Japão desde 2012, sendo como principais causas de atendimento: ansiedade, depressão, transtornos, conflitos etc. Atuação com a Abordagem Centrada na Pessoa. Página no facebook: @psicologoclinicojapaotoyohashi; Instagram e canal no YouTube: psicologandonojapao. Inscreva-se no canal.
Colunista da Revista Boa Dica
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