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Uma Terra Só apresenta Genésio Tocantins

ESTRADA com Genésio Tocantins: Quando o ainda então goiano Genésio Sampaio Filho ajeitou as trouxas e rumou de sua Piacá (hoje Goiatins) mundo afora, tinha apenas uma certeza: cantador era sua sina.

ESTRADA com Genésio Tocantins: Quando o ainda então goiano Genésio Sampaio Filho ajeitou as trouxas e rumou de sua Piacá (hoje Goiatins) mundo afora, tinha apenas uma certeza: cantador era sua sina.

E pra sacramentar esse destino não mediria esforços. Aprendeu a tocar violão sozinho, com o pai lavrador, trovador e cordelista teve lições para cantar versos em feiras onde nasceu e com a mãe frequentou rodas de folias e aprendeu cantos do Divino.

Roupa de algodão cru, alpercatas de couro e chapéu de palha, lá foi Genésio com sonhos e algumas canções em seu embornal musical.

Piacá ainda não era Goiatins, o nortão goiano ainda não era Tocantins e o mundo era muito maior que os limites geográficos do seu quintal de infância.

Com a família, foi para Araguaína, depois para Ceres, Goiânia e os horizontes nunca mais foram os mesmos. Os sonhos eram motivos e as estradas eram convites para Genésio seguir em busca deles.

E seguiu. E entre tantos outros, seu caminho cruzou com o de Juraíldes da Cruz, que tinha deixado sua Aurora para também perseguir a trilha de cantador. Mesmo vindos do sertão, Genésio e Juraíldes viraram dupla que não era sertaneja.

Foi no final dos anos 1970 (1979) que os encontrei já com prêmios e mais prêmios conquistados em importantes festivais regionais e nacionais.

Eu em início de carreira jornalística na Folha de Goyaz (Diários Associados), mesmo na função de revisor, me ofereci para “cobrir” (pela tevê) o Festival da TV Tupi em 1979.
Fagner venceu o festival interpretando “Quem me levará sou eu” (Dominguinhos e Manduka), seguido por Walter Franco com sua irreverente “Canalha” e Oswaldo Montenegro com sua “Bandolins”.

Mas foi emocionante ver “Tempo de Colheita”, de Genésio e Juraíldes e interpretada pelo mineiro Toninho Café juntamente com Genésio, sendo muito aplaudida e premiada junto com Maria Fumaça (Kleiton e Kledir) com o troféu de Menção Honrosa.

Era só o começo de uma trajetória vitoriosa. Com Juraíldes ou sozinho e como legítimo representante da região que se transformaria em Estado em 1988, Genésio incorporou o Tocantins em seu nome e não parou mais de conquistar mentes e corações com sua música forte e um jeito de atuar peculiaríssimo.

Produzido pelo mago e consagrado Rildo Hora, lançou em 1988 “Rela Bucho” (RGE), seu primeiro disco (um LP), com o qual ganhou no ano seguinte o Troféu Ano Dorival Caymmi como Revelação da Música Regional Brasileira do II Prêmio Sharp de Música.

E o que veio em seguida foi uma sequência de conquistas. Figura carimbada em festivais como o Gremi (Inhumas-GO), Fampop (Avaré-SP), FREM (São Paulo-SP), Festival Nacional da Canção (Sorocaba-SP), Musicanto (Santa Rosa-RS), entre tantos outros, Genésio Tocantins cravou seu nome numa lista privilegiada da MPB, recebendo análises positivas e admirações de gente como Zuza Homem de Melo, Rolando Boldrin e Fernando Faro.

Em 1990 ganhou o Prêmio Fiat com o projeto multimídia “Brasis, as canções e o povo”, em 2000 foi classificado para as eliminatórias do Festival da Música Brasileira da TV Globo com a música “Baião internauta” (dele e de Beirão) e neste mesmo ano participou com brilhantismo do “Novos Talentos” no programa Domingão do Faustão (Globo) com “Nóis é jeca, mas é jóia” (de Juraíldes da Cruz), canção que ficou em segundo lugar entre mais de 30 mil inscritos e se consagrou nacionalmente.

Participou de projetos como o Pixinguinha e Pixingão (Funarte), Música do Brasil Central (Centro Cultural Banco do Brasil) e do Brasil Clássico Caipira, projeto musical de Rildo Hora e apresentação de Antonio Grassi com Genésio, Dércio Marques, Pena Branca, Pereira da Viola e Irmãs Galvão circulando por vários estados e apresentado como Programa Especial de Fim de ano na TV Brasil.

Genésio lançou outros discos – “U Cantante” (1996), “Brasil-As canções e o povo” (1998), “Amor perfeito” (2012) -, se apresentou em vários estados e chamou a atenção internacional participando do projeto “Ano do Brasil na França” em 2005.

Mas não se esqueceu de suas origens, radicou-se em Palmas logo após a criação do Tocantins em 1988, de onde intensificou seu trabalho artístico. Organizou festivais (1º Festival da Canção do Tocantins em 1993, lançado em disco em 1994), fez projetos como “Genésio Tocantins Cantando Histórias nas Escolas-Arte educação através da música” dirigido a alunos da rede pública de ensino, “Cantos do Tocantins-O som, o ritmo e o povo” (pesquisa sonora da música tocantinense que resultou em CD, vídeo documentário, exposição fotográfica e show), “4 Cantos do Tocantins” (concerto musical com ele, Juraíldes da Cruz, Braguinha Barroso, Dorivã e participação do violonista Solé) e, mais recentemente, integra o “AmazôniCantoria” ao lado de Juraíldes da Cruz, Dorivã, Lucimar e Braguinha Barroso.

Caldeirão sonoro resultante de influências marcantes como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, foliões do Divino e cantadores de coco e repentes nas feiras, a música de Genésio Tocantins tem a força telúrica de quem bebe em fonte limpa e o encanto de quem sabe transmitir sentimentos tão autênticos e atemporais como ele.

E o pote de Genésio nunca se esvazia e ouvindo-o ninguém fica no mato sem cachorro.
Salve, cantador!

Por Tião Pinheiro: (Jornalista, radialista, escritor e compositor)

Compositor, Cantor e Instrumentista, iniciou a carreira participando de festivais regionais e em seguida por todo o Brasil. Seu primeiro LP, “Rela bucho”, foi lançado pela RGE em 1988. No ano seguinte ganhou com este disco o II Prêmio Sharp de Música, onde recebeu o Troféu Dorival Caymmi na categoria Revelação da Música Regional Brasileira.
Gravou com diversos artistas como Fagner, Pena Branca e Xavantinho, Rolando Boldrin, Margareth Menezes entre outros.

Em 1990, recebeu o prêmio Fiat. Lançou em 1996, o CD “U cantante” e posteriormente, lançou o CD “Brasis – As canções e o povo”.
Em 2000, foi classificado para as eliminatórias do Festival da Música Brasileira, promovido pela TV Globo, onde concorreu com sua composição em parceria com Beirão, “Baião internauta”. Nesse ano, foi classificado para a final do Festival Novos Talentos do Domingão do Faustão.

Participou do Projeto Pixinguinha, do Brasil Clássico Caipira, do Tocantins em Concerto (com a Orquestra Viva Música) levando sua musicalidade para vários Estados do Brasil e atuou no filme o “Pastor e o Guerrilheiro” (lançado no Festival de Cinema de Gramado- 2022 e premiado no festival de cinema de Brasília).

Instagram: https://www.instagram.com/genesiotocantinsoficial/

Cleo Oshiro
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