André Bedurê lança “Inquietudes Crônicas”, seu primeiro álbum autoral

André Bedurê, instrumentista, cantor, compositor, arranjador e produtor musical, que em 40 anos de carreira acompanhou e produziu artistas de várias gerações da música brasileira, como Cauby Peixoto, Zezé Motta, Zeca Baleiro e Simone Mazzer, lança agora o seu primeiro álbum inteiramente autoral, “Inquietudes Crônicas”. O título é um verso da canção “Tremor Essencial”, feita em parceria com seu irmão Roberto Sampaio, e que é a primeira a ser lançada, como single, dando o tom do que vem por aí, contando com a participação especialíssima do mineiro Lô Borges.

A faixa, que se tornou uma sensível animação através das mãos do artista gráfico Felipe Tognoli, e está sendo lançada pelo selo Dubas, dirigido por Ronaldo Bastos e Leo Pereda. As parcerias, aliás, estão presentes nas 8 canções do disco: além de Roberto, o irmão e também parceiro na vivência musical desde sempre, que assina aqui a letra de duas das canções, o álbum traz outros músicos e poetas, parceiros de longa data. São eles Zeca Baleiro, Lúcia Santos, Evandro Camperon, Adolar Marin e Kléber Albuquerque.

O título da canção “Tremor Essencial”, o primeiro single, é o nome de um distúrbio do sistema nervoso que pode causar tremor em algumas partes do corpo. Bedurê, acometido por essa condição – que se manifesta para ele através das mãos levemente trêmulas ao tocar violão – quis aproveitar a carga poética do nome da doença e encomendou a seu irmão uma letra que versasse sobre o tema. O resultado foi uma canção muito pessoal, que se utiliza da patologia como metáfora poética para falar da personalidade do próprio Bedurê.

Para Bedurê, que resolveu se tornar músico quando criança, depois de ouvir o emblemático álbum “Clube da Esquina”, de Milton Nascimento e Lô, com a produção de Ronaldo Bastos, é como se o destino confirmasse, anos depois daquele começo, a escolha pelo ofício da música, e suas dores e maravilhas. O lançamento do single coroa o momento atual com o presente que são essas parcerias. Em uma carta escrita à turma da Dubas, Bedurê fala sobre isso:

“…completando esses 40 anos desde que subi num palco pela primeira vez, sinto que essa nossa parceria é uma grande volta que esse mundo deu, maior até que esses 40 anos de profissão, já que o seu início data de 1973, mais ou menos, quando eu tinha 9 anos e ouvi o LP duplo “Clube da Esquina”. Eu, que já amava música, ouvia Bossa Nova, Tropicália, Chico Buarque, Secos & Molhados, Jackson Five, Beatles, e nunca tinha pensado em ser músico, no momento em que ouvi aquela voz única cantando aquelas canções lindas, com letras que muitas vezes eu pouco entendia, mas que estranhamente tocavam meu coração como nunca nada havia tocado, não tive dúvidas, era aquilo que eu queria fazer pelo resto da minha vida: ser músico e perseguir aquele som, aquele jeito de fazer música.

Depois, já com 15 anos, arrumei um baixo emprestado pra convencer meu irmão, (esse que é meu parceiro em “Tremor Essencial” e cinco anos mais velho que eu), a me deixar entrar em sua banda, na qual faltava um baixista. O nome da banda era “Coração do Planeta”, em homenagem a uma música que tornou-se um hino pra nós naqueles tempos: “A página do relâmpago elétrico” (de Ronaldo Bastos e Beto Guedes), mais um elo nessa volta do mundo.

De lá pra cá, toquei com muita gente boa, tanto famosa quanto desconhecida, e fiz da música algo como a minha religião. Assim, hoje, concretizando essa parceria com o selo desse cara que tanto serviu de farol para minha trajetória, o mundo dá uma grande volta, ao mesmo tempo fechando e renovando um ciclo na minha vida, que só reforça a minha convicção na escolha desse caminho, às vezes bem difícil, diga-se de passagem, que escolhi. Como diz uma antiga canção dos gênios Toninho Horta e Fernando Brant: “…pois hoje eu sou o que eu fui, não desmenti o meu passado…”.

Quando Bedurê escreveu essa cartinha, a participação do Lô Borges na faixa ainda era apenas um imenso desejo, e o aceite do grande artista e ídolo a esse convite só fez reforçar essa sensação das voltas do mundo a confirmar a beleza de nossas trajetórias. A faixa traz ainda a participação de músicos tão queridos quanto talentosos: Cauê Dok, na co-produção musical, mixagem, masterização e violão aço; Eduardo Escalier, na bateria; Jonas Moncaio, no violoncelo e Ana Clara Fischer, nos vocais, além do próprio André Bedurê na produção musical, arranjo, voz, vocais, violão nylon, baixo e programação de percussão, teclados, e cordas.

André Bedurê nasceu em 02/04/1964, em São Paulo, e no inicio da carreira participou de um grupo musical dirigido pelo controvertido autor e diretor de teatro, Chico de Assis, denominado “Mandioca brava”. Durante os anos 80, fez parte da banda Voga, tocando em casas de espetáculo do Rio de Janeiro e São Paulo. Fez parte também das Bandas Não Religião e 25 segundos depois, ambas com influência da tendência punk que chegava ao Brasil. Produziu trilhas para teatro, cinema de animação, jingles publicitários e acompanhou Celso Viáfora e Gerson Conrad (Secos e Molhados).

A partir de 1994, fundou a banda Mandabala que acompanhou Zeca Baleiro por oito anos em turnês pelo Brasil e pela Europa, participando de dois de seus CDs. Neste período, se apresentou no festival de música étnica “Sfinks”, na Antuérpia, no festival de música brasileira de” Tubingen”, na Alemanha, em outros festivais em Portugal e Espanha, fez uma participação especial no show de Sérgio Godinho, o compositor mais popular de Portugal, em Lisboa. No Brasil, além de centenas de apresentações por todo território nacional, em 2000 participou do espetáculo “Mãe gentil” de Ivaldo Bertazzo e em 2001 apresentou-se na festa de réveillon do Rio de Janeiro na praia de Copacabana, para aproximadamente um milhão de pessoas.

Nesse mesmo período, gravou com Rita Ribeiro, Ceumar, Miriam Maria e Tonho Penhasco, entre outros. Produziu juntamente com Cláudio Thebas e Carlos Ranoya o CD infantil “Amigos do Peito”, que virou espetáculo, e em 1998 ganhou o prêmio Coca-cola de teatro jovem como melhor musical. Também no universo infantil, foi ator e diretor musical da peça “Bruxa Zelda e os 80 docinhos” dirigida por Silvia Leblon e baseada no livro homônimo de Eva Furnari, e também montou o espetáculo Cantárvore, com canções homenageando árvores brasileiras.

Como ator, estudou “clown” no retiro da UNICAMP, um dos mais importantes do país. Em julho de 2007, em parceria com Elaine Guimarães e Carlos Ranoya produziu e participou do CD, que acompanha o livro didático “Português Linguagens” da Editora Saraiva. Também na década de 2000, produziu e dirigiu CDs para o selo “Pôr do som”, dentre os quais o do grupo Cataia, o infantil Girassonhos, e o da cantora Flávia Bittencourt cuja música “Terra de Noel” faz parte da trilha da novela “América”.

Participou do programa musical “Som Brasil” da Rede Globo que homenageou o compositor mineiro Ari Barroso, fazendo a direção musical e os arranjos para o cantor pernambucano, Fênix. André Bedurê tem também uma música em parceria com Zeca Baleiro, “Na quitanda”, gravada por este em seu CD “O coração do homem bomba-vol ll”. Apresentou-se no espetáculo de improvisação de palhaços “Jogando no quintal” como músico-palhaço.

Acompanhou o cantor e compositor Kleber Albuquerque, por 10 anos, gravando quatro dos seus álbuns. Acompanhou também o cantor Rubi, finalista do 8º Prêmio Visa de Música Brasileira. É integrante da banda DonaZica, que traz uma atmosfera músico-poética vinda não só da vanguarda paulista, mas também do movimento modernista e das mais diversas influências musicais que desembocam em São Paulo, lançou no final de 2005 o CD Filme Brasileiro aclamado pela crítica.

Em 2007, a banda realizou alguns projetos em parceria com grandes nomes da música brasileira: “Visitando Ataulfo – com Luiz Melodia e Jorge Mautner”; “DonaZica Convida – com Arnaldo Antunes, Zélia Duncan, Jorge Mautner, Arrigo Barnabé, Rappin Hood, Ná Ozzeti, entre outros”; “Era iluminada – com Dante Ozetti, Luiz Tatit, Arnaldo Antunes, entre outros”. A banda participou também do programa “Bem Brasil” da TV Cultura.

Em parceria com a cantora Elaine Guimarães, produziu o CD “Saudosismo”, que reúne clássicos da música brasileira com canções da dupla. Este CD, assim como o show de lançamento no SESC Santana, contou com a ilustre participação de Luiz Melodia, e a faixa título do CD, ficou em primeiro lugar, por três meses, entre as mais tocadas, na radio japonesa de música brasileira. Esta parceria que durou 10 anos, rendeu o expressivo número de mais de 700 apresentações!

Em 2009, juntamente com Rovilson Pascoal, fez a direção musical do CD “100 anos de Ataulpho” pela Lua Discos, com participação de grandes nomes da MPB: Elza Soares, Cauby, Elba Ramalho, Luiz Airão, entre outros. Também em parceria com Rovilson Pascoal, dirigiu o CD “Adoniran, 100 anos” no mesmo formato do anterior, esta produção ganhou o “prêmio da música brasileira” no quesito “projeto especial”. Mais dois discos foram lançados com esse formato: “100 anos de Nelson Cavaquinho” e “100 anos de Gonzagão”, todos dirigidos por Rovilson Pascoal e André Bedurê. Dirigiu o show de Zezé Motta no teatro municipal de São Paulo, em homenagem ao primeiro LP lançado por Zezé, e também dirigiu seu último CD “Negra melodia”.

Acompanhou por 7 anos a cantora-atriz Simone Mazzer (foto acima) que em 2016 ganhou o prêmio de cantora revelação no “Prêmio da musica Brasileira” com o CD “Férias em videotape”, cuja canção “Tango do mal”, fez parte da novela Babilônia. A música “Estrela Blue” também esta na trilha de uma novela, “A lei do amor”, e a musica “Dei um beijo na boca do medo” é a música tema da série “Bruna surfistinha”. Com Simone, participou do programa da rede globo, Som Brasil, na edição “cantoras do rádio”, acompanhando também, Angela Maria.

É integrante da banda instrumental-dançante “Shut up and dance”, com repertório que vai de “Ventures” a guitarrada paraense. Acompanhou Cauby Peixoto no espetáculo “Cauby canta Roberto”, além de ter participado no CD “Cauby canta Beatles”.

Participou do musical “Roque Santeiro-o musical” (foto acima), dirigido por Débora Dubois e com a direção musical de Zeca Baleiro, assim como produziu e arranjou a faixa “Pequena canção”, do mesmo, para o cd Era domingo. Co-produz e atua como arte-educador, juntamente com a cantora e atriz Ana Clara Fischer, no curso/show, Conversa Musical Ilustrada – Doces Bárbaros. Como técnico de som, trabalhou nos estúdios 185 e Parede-meia. Também atuou como técnico de som na casa de jazz L.A.G. em Alphaville, e no Buraco da Lacraia, no Rio de Janeiro. Atualmente faz o som do Bona, consagrada casa de shows na região de Pinheiros e também da peça Condomínio Visniec, da diretora Clara Carvalho do grupo Tapa, onde venceu o prêmio CENIN 2020 de teatro como melhor sonoplasta e técnico de áudio.

Nesses 40 anos de música, André Bedurê já tocou ou gravou com muitos nomes da música, dentre os quais: Adolar Marins, Agnaldo Timóteo, Alexandre Pires, Alcione, Amelinha, Ana Luisa e Luiz Felipe Gama, Anastácia, Angela Maria, Armandinho, Arnaldo Antunes, Arrigo Barnabé, Ataulpho Jr, Baby do Brasil, Bateria da Mangueira, Benito de Paula, Boccato, Carlos Careqa, Cauby Peixoto, Célia, Celso Viáfora, Ceumar, Chico César, Cida Moreira, Claudia, Cristina Buarque, Daniel Mã, Danilo Moraes, Dante Ozetti, Derico, Dinho Nascimento, Dominguinhos, Donazica, Edgar Scandurra, Eduardo Duzek, Elba Ramalho,

Eliana Pitman, Elza Soares, Fafá de Belém, Felipe Catto, Frank Aguiar, Fred Martins, Genival Lacerda, Germano Matias, Gerson Conrad, Happin hood, Itamar Assumpção, Jair Rodrigues, Jards Macalé, Johnny Hooker, Jorge Mautner, Kleber Albuquerque, Leci Brandão, Leni Andrade, Lenine, Lobão, Luis Ayrão, Luis Chagas, Luiz melodia, Luiz Tatit, Márcia Castro, Margareth Menezes, Maria Alcina, Mario Manga, Marlui Miranda, Marquinhos Moura, Martinho da Vila, Mauricio Pereira, Ná Ozetti, Naná Vasconcelos, Não Religião, Natan Marques, Nicolas Krassik, Osvaldinho da Cuíca, Paulo Freire, Paulo Moura, Paulo Ricardo, Perí Ribeiro, Rita Ribeiro, Robertinho do Recife, Rubí, Sergio Godinho, Simone Mazzer, Susana Sales, Taíde, Tião Carvalho, Thomas Roth, Tobias da Vai-Vai, Tonho Penhasco, Tulipa Ruiz, Valter Franco, Vânia Bastos, Virginia Rosa, Zeca Baleiro, Zeca Pagodinho, Zélia Duncan, Zé Miguel Visnik, Zé Ramalho, Zé Renato, Walmir Gil, Wanderlea, Wandi Doratioto e Zezé Mota.

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Website: https://bit.ly/2KQAUzn

Da Redação by Cleo Oshiro

Cleo Oshiro
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