Ana de Hollanda se manifesta em defesa do irmão Chico Buarque.

A música nova de Chico Buarque “Tua Cantiga”, lançada no dia 28/07, conta a história de um casal de amantes adúlteros e o amor proibido entre eles, e por incrível que pareça, causou a maior polêmica, ou melhor…revolta nas redes sociais. É um tal de “O Chico é machista”…“O Chico Buarque não me representa”, e por ai vai, como se Chico quisesse representar alguém. O Chico representa a nossa MPB e pronto e ataca-lo e desqualifica-lo por causa da sua canção é algo absurdo!!!O single Tua Cantiga chegou após seis anos sem inéditas de Chico, e faz parte do álbum a ser lançado no final de agosto. Com letra de sua autoria e a melodia do pianista Cristóvão Bastos, o álbum conta com nove canções, sete inéditas e duas regravações de composições de Chico nunca registradas por ele. Ana de Hollanda, irmã de Chico ficou indignada com certos comentários ofensivos ao seu irmão em razão da música nova e saiu em sua defesa publicando um texto na sua página do Facebook. Confiram abaixo.

Sobre os comentários em relação ao Chico e a sua nova música “Tua Cantiga” por Ana Hollanda:

(Não costumo postar comentários sobre o que se fala de Chico, até porque, além de nunca ter agradado a todos – o que é normalíssimo – ele não precisa de mim para defendê-lo. Mas o fato é que vejo gente que acredita estar abraçando uma causa progressista ao fazer coro a oportunistas de sempre que usam a popularidade dele para se projetar midiaticamente, através de qualquer polêmica.

Há décadas a Folha de São Paulo – na época rompida explicitamente com Chico – costumava contratar garotos recém-formados para escreverem críticas detonando os trabalhos dele, declarando ser um artista ultrapassado, “datado”, medíocre etc. etc. etc. Isso repercutia em todos os cantos e o jornalista anônimo, de uma hora para outra, se tornava celebridade entre os “a favor” e “os contra”. Repetia a receita com outros artistas consagrados até que, depois de uns dois anos de polêmicas, já desgastado, era substituído por outro que aceitava a mesmíssima tarefa. Hoje, esses cinquentões estão soltos por aí, tentam conquistar alguma credibilidade, chegam a se declarar de esquerda e fazem o possível para que seus artigos na FSP permaneçam esquecidos.

Mas o fato é que agora, em função da canção recentemente lançada, TUA CANTIGA, parceria com Cristovão Bastos, pipocou nas redes uma série de artigos de figuras desconhecidas da quase totalidade dos leitores, com novas polêmicas, sendo mais frequentes as que acusam Chico de, além de velho, decadente, “datado” e ultrapassado, ser machista que não representa as mulheres contemporâneas (como se algum dia ele tivesse reivindicado o direito de representar quem quer que fosse, em relação a qualquer assunto).

A frase escolhida para detonar a convulsão foi declarar à amada: “largo mulher e filhos”, de onde se deduz que o autor cultiva o adultério, coisa e tal. Imagino que as puritanas neo-feministas, nunca ouviram falar em Simone de Beauvoir, o que não deve vir ao caso, porque esta também pertence ao século passado. Mas condenam o autor da frase, sem terem se dado conta de que os personagens das canções de Chico – aliás, de qualquer ficcionista – não costumam ser autobiográficos. Que o compositor descreve situações e sentimentos corriqueiros, e até comuns, concordando ou não com eles. E que a criação artística é livre, ao contrário de uma tese acadêmica.

Mas, se for pelo caminho dos zeladores da nova moral, vamos nos preparar para a queima de livros clássicos dos séculos anteriores e para a censura aos maiores autores do cancioneiro popular do século XX. Na real, o que esse tipo de gente não admite é o sucesso de compositores que ocupam a mídia há mais de meio século. No caso específico, condena a obra e os autores, sem ter ideia de que o lundu feito por Cristóvão, estilo musical quase extinto, herança dos escravos, serviu de inspiração para Chico criar uma letra condizente, com imagens e expressões raras no linguajar atual.

Mas pelo visto, isso tudo é sutileza demais para tempos em que uma reflexão não pode ocupar mais do que 140 caracteres. Os novos reguladores da moralidade pública, representando a intolerância que vem ganhando adeptos no planeta, mostram sua cara amoldada para os tempos de Temer, de Trump, de Bolsonaro, de Crivella e outros fundamentalistas que ameaçam a liberdade de ideias, de criação e de opção de vida.)

Ana é cantora, compositora e foi Ministra da Cultura do Brasil de Janeiro de 2011 a setembro de 2012, Vice-Presidente da Fundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro de janeiro de 2007 a dezembro de 2010, Diretora do Centro de Música da Funarte de março de 2003 a dezembro de 2006, Secretária de Cultura do Município de Osasco de 1986 a 1988 e Chefe do Setor de Música na Divisão de Artes Cênicas do Centro Cultural São Paulo de 1982 a 1986.

Filha do historiador Sergio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim Buarque de Hollanda, é irmã da cantora Miucha (Heloisa Maria), do economista Sergito (Sergio Buarque de Hollanda Fº), do advogado Álvaro Augusto, do compositor Chico Buarque (Francisco) da fotógrafa Pííí (Maria do Carmo) e da cantora Cristina Buarque (Maria Christina).

Abaixo um pouquinho de Ana de Hollanda e só podemos comprovar que o talento na família Hollanda é hereditário. Para conhecer mais sobre a artista, acesse seu site: https://www.anadehollanda.site/

Abaixo alguns comentários de leitores em relação a matéria.

Tempos estranhos! Mimimi, nhenhenhen, falso moralismo, hipocrisia e descarada burrice assola aqueles vazios de conteúdo porque não conseguem entender a criação e inspiração de um poeta. Ele canta o amor em uma de suas formas. Vou te contar, hem! E digo mais, Chico não pode representar ninguém. Nós, com a sensibilidade própria de cada um é que nos vemos representados por ele enquanto poeta, autor de tantas canções que embalaram nossos encantos e desencantos na vida. Machista, ele? Desculpem, definitivamente não! E se fosse, o que tem a ver sua arte com sua postura pessoal? Deixem de mimimi e aplaudam ou não! Dayse Nascimento (Macapá – AP)

Hipócritas!!! Que falsa moral!!!! Poetas são poetas e não agradam a todos, expressam o que sentem à sua maneira! Se não gosta da música, não ouça! Filtre. Ouça o que lhe dá prazer, . Você tem livre arbítrio para fazer suas escolhas de acordo com seu gosto, com sua vontade. Tem gente que tem mania de rotular as pessoas.. Chico é um poeta e nunca foi machista. Falar de amor, cantar o amor não é machismo. Ele é um expoente da Música Popular Brasileira e não representa ninguém em particular, mas expressa a sensibilidade, a alma da arte que, na realidade, não tem bandeira, é universal! O Chico, o poeta Chico Buarque é brasileiro. Sorte nossa por possuirmos entre nós, de nacionalidade brasileira, um artista do seu gabarito. Se não gosta de sua música, de sua poesia, não ouça, não aplauda. Pronto, resolvido seu problema com o Chico. Eu, porque gosto e muito, ouço tudo o que ele já produziu e produz. Gosto de presentear meus ouvidos!!!! Graça Viana Jucá (Macapá – AP)

Esse casal adúltero, fonte de inspiração dessa canção, é o que há de mais comum, não só no Brasil, mas em todo o planeta. O que o público precisa entender é que a letra não significa uma apologia ao adultério e, muito menos, que seu autor seja adepto de tal prática e, sim, uma criação artística como qualquer outra, fruto da sua imaginação. Ronaldo Silveira.

Radio Shiga by Cleo Oshiro Oficial Page: http://wp.radioshiga.com/programacao/

Cleo Oshiro
Últimos posts por Cleo Oshiro (exibir todos)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.