Alexandre Cthulhu: Músico e Escritor Português. Alexandre Faleiro (nome oriundo do cosmógrafo português, Rui Faleiro) nasceu em Lisboa, Portugal, e vive em “Lisbon South bay” (nome pomposo recém criado para designar a margem Sul). Usando o nome artístico de Alexandre Cthulhu, ele, além da música, nutre uma grande paixão pela literatura, em especial os temas que envolvem mistério. Alexandre vai nos contar um pouco sobre seu lado musical, desenhista de quadrinhos, de escritor e poético. Seu talento e versatilidade passeiam por vários estilos musicais como o classic rock, blues, acústico e música experimental, mas na literatura está sempre inovando também, tanto é que iniciou um novo projeto escrevendo histórias em quadrinhos…o Mr. Skars.

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Alexandre, quando iniciou a carreira de músico?
Comecei a tocar guitarra aos 15 anos, mas a primeira vez que ganhei dinheiro com um concerto já era adulto.

É verdade que você usa lata de cerveja como palheta?
Sim, tenho um tema (beer can) em que uso apenas a lata em vez de palheta.

Tudo aconteceu por acidente. Eu estava magoado (machucado) num dedo, e não conseguia tocar como era habitual, estava a beber cerveja, e foi quando decidi experimentar bater com a lata nas cordas para ver que tipo de som aquilo fazia. Gostei, e fiz o tema todo assim.

Qual a diferença no som, com o uso da lata?
O som é mais metálico, digamos. Obviamente que não dá para fazer o “piciking” que se faz com a tradicional palheta, mas obtém-se um som muito original, no meu entender.

Fora a lata de cerveja, você criou outros utensílios para usar no lugar da palheta?
Sim, criei um utensilio que tem uma bola de plástico na extremidade, presa a um pauzinho, a que chamei de “lollipop beat”. Uso num tema chamado “The oracle of light” que é o meu tema mais Shaman (risos)

Por vezes também uso uma tradicional máquina de barbear, que aproximo das cordas e produz um som bem original.

Além da habilidade com a guitarra, toca outros instrumentos?
Não, apenas toco guitarra. Fiz uma experiencia com bateria, em modo “one man band”, mas não passou disso.

Quais são suas influências musicais?
Ao longo da vida foram vários os ícones que me foram despertando para a música. Quando tinha dez anos, e ouvi o tema “jailhouse rock” de Elvis Presley, percebi que a minha vida dali para frente ia ter muito rock n roll (risos). Mais tarde, o rock de Bruce Springsteen, e em meados de oitenta, o som mais pesado – o Heavy metal. Enquanto musico nunca gostei de estar subjugado apenas a um genero musical. Ouço de tudo um pouco, desde que tenha qualidade e me transmita emoção.

Você se considera um músico visionário?
Sim, claro. Não devíamos ser todos? Gandhi afirmou: “A minha vida é a minha mensagem”. E só há um meio de ser visionário: viver plenamente a nossa autenticidade, o nosso verdadeiro eu.” Enquanto artista é essa a minha missão – Passar uma mensagem. Uma mensagem verdadeira, pura e sem filtros. – Não é isso a arte?556061_460748440615829_593943471_n

Nos seus shows costuma homenagear diversos guitarristas. Quais são os homenageados?
Jimmi Hndrix, Eric Clapton, Muddy Waters, e por vezes, Joe Satriani. Faço-o porque qualquer guitarrista deve ser grato aos seus antecessores, pelo legado musical que deixaram.

O albúm Fides recebeu muitos elogios da crítica, onde diziam que foi feito com uma carga tão grande de emoção, dando a impressão que a guitarra chorava lágrimas eléctricas. Você concorda?
É verdade que foi o álbum que melhores criticas recebeu, até teve resenhas (como vocês dizem) vindas de Espanha e Estados Unidos. Mas essa das “lágrimas eléctricas” foi poética. Concordo em absoluto!

O que diferencia “Fides” do seu primeiro trabalho, o EP “Psyche”?
O “Psyche” é um álbum diversificado, com cinco temas, cada um no seu gênero musical (Guitar balads, blues, classic rock e até hard rock). O “Fides” é caracteristicamente um álbum blues, onde fiz questão de me soltar dos arquétipos de guitarra eléctrica e dar a ouvir o meu próprio som.

Você lançou um album, onde o objetivo era ajudar uma instituição. Fale sobre esse projeto...
Lancei o álbum “book of poems”, cujas receitas revertiam na totalidade para uma associação de jovens portadores de deficiência mental e motora. Dei o meu contributo (contribuição) com a minha musica e fiquei muito grato por isso.

Além de músico, você é poeta e escritor. Com que idade descobriu seu lado poético?
Comecei a escrever letras de músicas, e ainda nem sabia tocar guitarra. Foi assim que tudo começou. Nas folhas em branco encontrei o local certo para desabafar tudo o que se passava no meu interior. O materializar dessa união é o que eu chamo de poesia.

1231446_647245358632802_1814533124_nEm 2014 lançou o seu primeiro livro de Poesia intitulado “Bonitatopolis”. Fale-nos desse lançamento e do seu conteúdo poético.
Sim, lancei esse livro através da editora Lua de Marfim. O livro é um conjunto de poemas meus que selecionei para este lançamento. Contem algumas das tais letras que falei há pouco, alguns dos meu primeiros poemas, bem como outros mais recentes.

Sua especialidade literária é voltada a histórias de terror?
Em termos de contos e novelas, sim. Sou fã deste gênero. Não porque me regozijo de escrever sobre morte ou sangue. Até porque sou mais adepto das histórias de mistério, que decorram em locais que escondam uma lenda amaldiçoada ou algo do gênero. Na construção de personagens, gosto de as dotar de uma carga emotiva bastante forte associados a um desequilíbrio sombrio.

Você foi um dos selecionados, para participar de uma antologia de terror e ficção. De onde surgiu o interesse pelo tema?
Sim, fui selecionado para participar numa antologia que vai ser lançada em Outubro, no Brasil, intitulada “Estranha Bahia”. Cada um dos autores contribui com um conto dentro do gênero ficção científica, terror e fantasia. Todos os textos decorrem no estado da Bahia. Vai ser uma leitura que recomendo vivamente.1545783_668958269837237_5641786498590127513_n

São histórias com uma abordagem sinistra, mas tem um público garantido?
Sim, há inúmeros adeptos deste gênero literário. Muitos procuram novidades e o ineditismo literário que muitas vezes está mais patente em livros lançados de forma individual (edição de autor) do que em lançamentos feitos através de editoras, que algumas delas, apenas visam o lucro comercial.

Um dos seus contos que chamou minha atenção foi Eisoptrofobia. Acredita que foi a primeira vez que ouvi esse nome?
É a designação para o medo irracional de olhar para o reflexo de um espelho. Não é um termo comum por isso o escolhi para o intitular o meu mini conto, que foi escrito apenas com o intuito de servir como guião para uma “curta” amadora, mas ainda não foi realizada… talvez por motivos eisoptrofobicos. (risos)

Lançou um livro recentemente, intitulado Em Busca de Lemúria. A história é sobre qual tema?
Trata-se de um romance de ficção histórica ocorrido no início do Seculo XVII durante o reinado de D. Filipe IV. A narrativa centra-se numa epopeia colossal, levada a cabo por um jovem pirata, obcecado pela desaparecida ilha de Lemúria. A bordo da Nau Santo Espíritu, ele e a sua tripulação enfrentam diversas adversidades até encontrarem essa ilha, que ele acredita esconder um tesouro imensurável. O ebook encontra-se à venda na pagina “Amazon”. http://www.amazon.com/busca-Lem%C3%BAria-Portuguese-Alexandre-Cthulhu-ebook/dp/B01097AZS0/ref=sr_1_2?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1436096633&sr=1-2

É o primeiro ou já escreveu outros?
Sim, este foi o primeiro. Mas lancei dois ebooks este mês na página “Amazon”. O segundo chama-se “Os delírios do senhor Edgar”, cuja história decorre em redor de um homem de meia-idade, que acredita ter vivido no início do seculo XIX, onde fora um grande, mas incompreendido escritor daquele tempo. É um tributo a Edgar Allan Poe, o meu escritor favorito.http://www.amazon.com/Os-del%C3%ADrios-senhor-Edgar-Portuguese-ebook/dp/B010OALFMW/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1436096633&sr=1-1&pebp=1436096864856&perid=01NGYFD0944V6MXQ97CT

Tem projeto de lançar mais algum?
Ainda durante o ano de 2015 vou lançar uma antologia com alguns dos meus contos de terror. E vou igualmente participar num antologia de ficção científica, que está inserida num projecto de lusofonia entre duas editoras (a Através – Editora da Galiza, e a Mondrongo do Brasil). Fui convidado pelo escritor Paulo Soriano para colaborar neste projecto, conjuntamente com mais 13 autores de 4 países lusófonos, (Moçambique, Galiza, Portugal e Brasil). A temática dos textos será a “língua” e a colectânea foi idealizada pelo Mestre Valentim Fagim, um reputado (renomado) Filólogo galego.

11701103_1011772948846706_5313402696269741461_nVocê participou de uma peça de teatro. Foi atuando ou fazendo a trilha sonora?
Foi uma mostra técnica de final de curso, onde a minha filha estudava (O Chapitô), Apenas contribuí com o som da minha guitarra.

Houve uma época que você optou pelo isolamento. Qual a razão?
Que eu me lembre, já tive vários isolamentos. Uns mais xamânicos, outros mais usuais. Neste momento, por exemplo, estou em casa sozinho, a ouvir “pan pipe”, tenho o incenso a queimar, e estou a redigir as respostas para esta entrevista. É mais um isolamento. Confesso que procuro alguma privacidade quando escrevo. Isso também pode ser considerado isolamento.

Para encerrar nossa entrevista, tem algo que queira ressaltar?
Desde já, quero endereçar-lhe os meus parabéns pela divulgação de novos autores e consequentemente, a produção desta entrevista, pois é com grande honra que partilho um pouco do meu percurso literário. A todos os leitores e administradores de blogues e páginas que fomentam o gênero horror, também o meu obrigado.

Obrigada Alexandre.

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Da Redação by Cleo Oshiro

Cleo Oshiro
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"Cleo Oshiro, mineira de nascimento e apaixonada pela cultura, encontrou no Japão sua segunda casa desde 2002. Responsável pelo Setor de Arte e Cultura da Radio Shiga, ela vai trazer o melhor da música e da cultura brasileira para os ouvintes japoneses. Como apresentadora do programa 'Uma Terra Só, no Japão', Cleo que tem várias conexões com artistas renomados, levará os ouvintes a uma viagem musical única todas as semanas. Sintonize-se e descubra as maravilhas da música brasileira com Cleo Oshiro, a anfitriã de 'Uma Terra Só, no Japão'."