Ishiba defende democracia e paz nos 80 anos do pós-guerra

Tóquio, Japão — 11 de outubro de 2025 — Yomiuri Shimbun – O primeiro-ministro do Japão, Ishiba Shigeru, divulgou uma mensagem oficial para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Em seu pronunciamento, Ishiba destacou a importância de preservar a democracia, resistir ao populismo irresponsável e aprender com os erros do passado para garantir um futuro pacífico.

O líder japonês relembrou que a ausência de controle civil sobre as forças armadas na Constituição anterior à guerra contribuiu para o envolvimento do país no conflito. Ele citou o caso do parlamentar Saito Takao, expulso da Câmara Baixa em fevereiro de 1940 após criticar o governo e os militares, como exemplo da fragilidade institucional da época.

“A expulsão de Saito mostrou que o Parlamento havia perdido sua função de fiscalizar o poder militar”, afirmou Ishiba.

O premiê também criticou o papel da mídia japonesa no período pré-guerra, apontando que a cobertura favorável aos conflitos, especialmente após o Incidente da Manchúria em 1931, ajudou a alimentar o nacionalismo. Ele alertou que o jornalismo não deve se render ao comercialismo excessivo nem tolerar sentimentos xenofóbicos.

Ishiba reforçou que, embora a Constituição pós-guerra garanta o controle civil, os líderes devem possuir capacidade e discernimento para gerir adequadamente as Forças de Autodefesa. Ele pediu ao Parlamento japonês que evite decisões baseadas em opiniões públicas momentâneas ou em interesses partidários.

“O liberalismo tolerante e uma democracia saudável e resiliente são mais importantes do que qualquer outra coisa”, declarou o primeiro-ministro.

Encerrando sua mensagem, Ishiba conclamou a população japonesa a refletir sobre os horrores da guerra e a valorizar a paz como fundamento nacional. Ele reafirmou seu compromisso de aprender com os erros históricos e fazer tudo ao seu alcance para que tragédias como a da Segunda Guerra jamais se repitam.

Questionado sobre críticas internas de membros conservadores de seu partido, que se opuseram à divulgação da mensagem, Ishiba respondeu que seu texto é uma resposta à pergunta sobre por que o sistema político pré-guerra falhou — questão levantada por Abe Shinzo em 2015, nos 70 anos do pós-guerra. Ele negou que sua declaração envolva interpretações históricas, reforçando seu foco no presente e no futuro democrático do Japão.