Japão amplia uso de IA em treinamentos e avaliações de funcionários

Tóquio, Província de Tóquio, Japão, 27 de maio de 2025, Kyodo News – Empresas japonesas estão intensificando a adoção de inteligência artificial (IA) em processos de treinamento e avaliação de funcionários, buscando maior eficiência e precisão na gestão de equipes. O movimento acompanha a tendência global de digitalização do setor de recursos humanos e responde à necessidade de inovação diante da escassez de mão de obra qualificada no país.

A Ricoh, referência em tecnologia, implementou um sistema de certificação interna chamado “AI Evangelist”, que capacita colaboradores em soluções baseadas em IA. Em 2024, mais de 1.300 funcionários iniciaram o processo, e a empresa já planeja lançar uma certificação avançada, o “Senior AI Evangelist”, para 2026.

Além disso, a Ricoh desenvolveu um modelo próprio de linguagem com 70 bilhões de parâmetros, capaz de operar em japonês, inglês e chinês, utilizado para analisar documentos, feedbacks de clientes e interações em call centers. Ferramentas como o “iRolePlay”, baseada em ChatGPT, simulam situações de atendimento ao cliente e treinam funcionários para lidar com cenários de estresse, promovendo o desenvolvimento de habilidades interpessoais.

O uso de IA permite analisar todas as interações dos funcionários, em vez de apenas amostras, tornando avaliações mais justas e detalhadas, além de personalizar o aprendizado e monitorar o progresso em tempo real.

Outras empresas, como a rede de supermercados AEON, adotaram sistemas de IA para padronizar sorrisos e atitudes dos funcionários, elevando o nível de satisfação dos clientes e promovendo feedbacks instantâneos durante o atendimento.

Apesar dos avanços, especialistas alertam para a necessidade de transparência nos critérios de avaliação e supervisão humana, a fim de evitar decisões enviesadas ou injustas. Há preocupação sobre como algoritmos podem reproduzir preconceitos e sobre o impacto dessas tecnologias em estrangeiros e minorias, especialmente devido a possíveis barreiras culturais e linguísticas.

O governo japonês adota uma abordagem regulatória baseada em princípios, priorizando o equilíbrio entre inovação tecnológica, proteção de direitos humanos e inclusão social. Diretrizes incentivam o desenvolvimento de ferramentas adaptadas à cultura local, mas ainda não impõem regras rígidas, promovendo responsabilidade social e inovação.

Com a IA cada vez mais presente no ambiente corporativo, empresas, sindicatos e comunidades de trabalhadores têm papel fundamental para garantir que a tecnologia seja implementada de forma justa, transparente e inclusiva, servindo de referência para outros países que buscam modernizar seus processos de recursos humanos.