Bangkok, Tailândia, 4 de março de 2025 (Reuters) – As embaixadas do Japão e dos Estados Unidos em Bangkok emitiram alertas de segurança para seus cidadãos na Tailândia após a deportação de 40 uigures para a China. Esses alertas destacam a possibilidade de ataques terroristas em retaliação à deportação.
A embaixada dos EUA emitiu um alerta de segurança na sexta-feira (28), um dia após a deportação dos uigures, ressaltando que deportações semelhantes no passado resultaram em ataques violentos. Em 2015, após a deportação de mais de 100 uigures para a China, um atentado a bomba em um santuário em Bangkok matou 20 pessoas e feriu mais de 120, incluindo um cidadão japonês. Dois homens de etnia uigur foram presos em conexão com o incidente e aguardam julgamento.
A embaixada japonesa também enviou um e-mail alertando seus cidadãos sobre o aumento do risco após a deportação de quinta-feira (27). As autoridades tailandesas não comentaram imediatamente sobre os alertas de segurança.
A Tailândia é um destino turístico importante, recebendo 35,5 milhões de visitantes no ano passado, com a economia fortemente dependente desse setor. Milhões de turistas chineses visitam o país anualmente.
Na quinta-feira (27), 40 uigures que estavam detidos na Tailândia há uma década foram enviados de volta à China, apesar dos apelos de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas, que alertaram sobre o risco de tortura, maus-tratos e “danos irreparáveis” caso retornassem. A China nega as acusações de abusos contra os uigures, classificando-as como mentiras infundadas.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que “a China é um Estado de Direito em termos de proteção dos Direitos Humanos de todos os grupos étnicos, incluindo o povo de Xinjiang”, região ocidental chinesa de onde são originários os uigures. Ele acrescentou que “a imigração ilegal é um crime e nós nos opomos ao tráfico de seres humanos”.
Em janeiro, a ONU havia pedido à Tailândia que suspendesse “imediatamente” a deportação de 48 uigures para a China, devido ao risco de represálias contra os membros da minoria étnica. Desconhece-se a situação dos oito que não foram deportados.
Organizações de direitos humanos criticaram a ação da Tailândia. Elaine Pearson, diretora da Human Rights Watch para a Ásia, afirmou que “enviar os uigures detidos para a China é uma violação flagrante das obrigações da Tailândia ao abrigo do Direito interno e internacional”.
Os 48 uigures fazem parte de um grupo de cerca de 350 pessoas desta minoria que foram detidas em 2014 ao entrarem irregularmente na Tailândia. Em 2015, Bangkok deportou mais de 100 homens uigures para a China, desencadeando uma onda de indignação internacional, enquanto 170 mulheres e crianças uigures foram enviadas para a Turquia.
A situação dos uigures na China tem sido alvo de críticas internacionais, com acusações de violações dos direitos humanos, incluindo tortura, trabalho forçado e detenções arbitrárias em larga escala em “centros de formação profissional”. Pequim rejeita essas acusações, alegando que está combatendo a radicalização islâmica.
As autoridades tailandesas não comentaram imediatamente sobre os alertas de segurança emitidos pelas embaixadas do Japão e dos EUA. A situação permanece tensa, com turistas e residentes estrangeiros sendo aconselhados a manterem-se vigilantes e atualizados sobre as recomendações de segurança.
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