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quarta-feira, 6 agosto, 2025 2:46: pm
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Marcela Lordy : a trajetória da talentosa cineasta brasileira

Marcela Lordy é diretora, roteirista e produtora. Amante da literatura, já teve um sanduíche em sua homenagem na Mercearia São Pedro. Graduada em cinema na FAAP, estudou direção de atores na EICTV, em Cuba, e trabalhou com importantes autores do cinema brasileiro. Sua produção transita entre o cinema, a televisão, o teatro e as artes visuais como revelam seus filmes ‘Sonhos de Lulu’ (2009), ‘A Musa Impassível’ (2010), ‘Aluga-se’ (2012), ‘Ouvir o Rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles’ (2012) e ‘O Amor e a Peste’ (2022), premiados em diversos festivais mundo afora. Seu curta 'Ser O Que Se É' (2018) virou um fenômeno digital com 5 milhões de views em 1 mês.

Marcela Lordy é diretora, roteirista e produtora. Amante da literatura, já teve um sanduíche em sua homenagem na Mercearia São Pedro. Graduada em cinema na FAAP, estudou direção de atores na EICTV, em Cuba, e trabalhou com importantes autores do cinema brasileiro. Sua produção transita entre o cinema, a televisão, o teatro e as artes visuais como revelam seus filmes ‘Sonhos de Lulu’ (2009), ‘A Musa Impassível’ (2010), ‘Aluga-se’ (2012), ‘Ouvir o Rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles’ (2012) e ‘O Amor e a Peste’ (2022), premiados em diversos festivais mundo afora. Seu curta ‘Ser O Que Se É’ (2018) virou um fenômeno digital com 5 milhões de views em 1 mês.

Para a televisão dirigiu episódios da série infanto-juvenil ‘Julie e os Fantasmas’, vencedora do APCA 2011 e indicada ao International Emmy Awards 2012, ‘Passionais’ (2014) veiculada na Globosat e ‘Turma da Mônica’- A Série (2022) da Globo filmes. Em 2012, fundou a Cinematográfica Marcela, uma produtora independente, de caráter cultural, com a finalidade de coproduzir os filmes de sua autoria. ‘Turma da Mônica’- A Série / Episódio (Perfeição).https://www.imdb.com/title/tt21359404/

A cada episódio, Passionais conta com romance, suspense e humor. São casais novos, velhos, bonitos, caretas, modernos. O que os une é que a paixão sempre vira do avesso e se torna ciúme e ódio. Como o amor de diferentes casais se deteriorou com o tempo, dando lugar à inveja e ao ódio e resultando em crimes. O bar onde Martin (Luís Miranda), Mariana (Laís Marques) e Joel (Eduardo Chagas) trabalham serve como uma espécie de confessionário aos homens e mulheres que querem aliviar o peso de suas paixões malsucedidas.

Professora, júri e parte da comissão de seleção de festivais e editais, em 2022 lançou ‘O Livro dos Prazeres’, seu 1º longa-metragem de ficção. Segundo a revista americana Variety, o filme faz parte da safra de primeiros filmes de uma nova geração de jovens cineastas brasileiras que é um dos fenômenos mais interessantes vistos atualmente no cinema da América Latina. Marcela realiza um mergulho sensível na alma feminina em livre adaptação da obra de Clarice Lispector.

‘O Livro dos Prazeres’ transforma todos nós em herdeiros de Clarice – (Folha de SP)

Uma espécie de fábula audiovisual sobre a solidão da posição feminina – (Ilana Fedman)

Parte da safra de uma nova geração de jovens cineastas que é um dos fenômenos atuais mais interessantes do cinema latino-americano – (Variety)

Marcela Lordy sempre se incomodou com a forma como, no cinema, o corpo feminino aparecia fragmentado. Em um país no qual a pornochanchada ganhou o mercado na passagem para a década de 1970, este corpo continua, até hoje, sendo “objetificado e dilacerado em cenas de sexo e de sofrimento”, explica a diretora.

Foi por conta dessa percepção que, em ‘O Livro dos Prazeres’, livre adaptação do romance de Clarice Lispector, Marcela optou por filmar as cenas de sexo que envolviam a protagonista Lóri sem nenhum corte. “A Clarice Lispector é muito contemplativa e gosto desse texto especialmente porque é um dos poucos de toda a obra dela que tem final feliz, com uma personagem que termina inteira, num corpo sujeito”, diz.

Filha de um neurocirurgião que usava uma Pentax mecânica para fotografar colunas, Marcela se apaixonou cedo pelas imagens. Tanto que, depois de pegar emprestada a câmera de seu pai numa viagem ao Peru, quando tinha apenas 15 anos, ela nunca mais abandonou o desejo de olhar por trás das lentes. Fez cursos de fotografia com Claudio Feijó, Wladimir Fontes e Iatã Cannabrava e se tornou laboratorista até escolher cursar Cinema na FAAP, onde se formou em 1999.

De lá para cá, passou mais de uma década como assistente de direção em trabalhos publicitários de produtoras como a O2 antes de migrar para filmes assinados por diretores como Carlos Nader, Walter Salles, Daniela Thomas, Hector Babenco e José Eduardo Belmonte. “Me formei na era Collor, uma época de desmonte do cinema nacional, e fui para a publicidade. Fiquei anos como assistente até assumir que queria ir para direção de cinema, mas foi esse período que me deu destreza e domínio técnico”, conta a diretora, que, antes de assumir tal posto, estudou direção de atores na EICTV, em Cuba.

Habituada a trabalhar em um mercado predominantemente masculino, foi a partir do convite de atrizes e produtoras mulheres que Marcela começou a construir sua filmografia. O primeiro deles, para dirigir o telefilme de média metragem A Musa Impassível (2010), veio de Clarissa Knoll, com quem havia trabalhado em um longa do diretor Murilo Salles. Ao ler o argumento do roteirista Marcos Lazarini, a produtora logo pensou que aquele roteiro com um quê de fábula, com personagens líricos e fora do padrão, deveria ser dirigido por ela. Neste filme, inclusive, Marcela optou por chamar outras profissionais que, assim como ela, também estavam no início da carreira.

Até assinar seu primeiro longa de ficção, foram anos de investimento. “Um processo muito mais longo para uma diretora mulher do que para um diretor homem”, lembra Marcela, que já tem no currículo os curtas Sonhos de Lulu (2009), Aluga-se (2012), Ser o Que Se é (2018), os médias A Musa Impassível (2010), O Amor e a Peste (2022) e o longa documental Ouvir o Rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles (2011). “Sou muito grata a produtora Deborah Osborn da Bigbonsai que apostou em mim desde o primeiro curta até O Livro dos Prazeres, meu primeiro longa-metragem de ficção.”

O convite para dirigir o documentário a partir de uma obra do artista visual, vindo também de uma mulher, a produtora Carolina Dantas, foi uma espécie de preparação para o que iria experimentar em O Livro dos Prazeres, já que nesta produção sobre Cildo Marcela teve carta branca para criar.

Mas diferentemente do que acontece em um documentário, onde o filme se delineia na edição, na adaptação de Clarice, o principal desafio foi transpor a trama – com poucos momentos de ação – para o cinema. No roteiro de Marcela e da argentina especializada em adaptações literárias Josefina Trotta, que contou com dez tratamentos, Lóri perde a submissão excessiva diante de Ulisses e tem vários amantes, até mesmo uma mulher.

Já para a televisão, ela dirigiu episódios das séries Julie e os Fantasmas (2011) – indicada ao Emmy Awards – Passionais (2012) e Turma da Mônica (2022). Atualmente, em uma parceria com a atriz Ziza Brisola e novamente ao lado da roteirista Josefina Trotta, Marcela está desenvolvendo a série Made in China, sobre três heroínas feministas lutadoras de kung fu que desafiam a máfia chinesa em São Paulo. “Vejo que estou me especializando na intersecção de linguagens entre o cinema, a literatura, o teatro, os quadrinhos e as artes visuais, e que, sem exceção, meus filmes têm protagonistas femininas fortes. A Lóri se coloca de igual para igual, é a quebra do amor romântico. Há sempre uma vontade de dar a elas um espaço de autonomia e poder”, explica Marcela.

Para seu próximo longa, O Silêncio de Aline, já em fase final de financiamento – uma produção da Klaxon Cultura Audiovisual, de Rafael Sampaio, com a sua produtora Cinematográfica Marcela, mais uma vez em parceria com o roteirista Marcos Lazarini -, ela pretende contar a história de uma cientista comunicativa, barulhenta e surda, vizinha recente de uma musicista concentrada, que precisa de silêncio para criar, trabalhando os contrastes entre as ações de escutar e ouvir. O papel que dá nome ao filme está destinado a Leandra Leal. A diretora está viabilizando um projeto sobre uma série relacionada ao Kung fu, arte marcial que considera essencial para sua disciplina, equilíbrio, memória e concentração.

O experimento cênico O Amor e a Peste, filmado de forma colaborativa durante a pandemia, teve a sus estreia nas plataformas digitais Apple/ ITunes, Google Play/ Youtube Filmes, Vivo Play e Claro TV + sob a direção da cineasta Marcela Lordy e distribuição da O2 Play no dia 6 de julho de 2023.
O filme é uma parceria entre as Cias Teatrais Provisório-Definitivo, Núcleo do Desejo e a produtora Cinematográfica Marcela, e traz Flavia Couto e Pedro Guilherme nos papeis principais.

Obra criada e encenada pelos atores Flavia Couto e Pedro Guilherme é inspirada na vida e obra de Anaïs Nin e Antonin Artaud, e nos diários escritos pelo próprio casal durante o isolamento social no período da pandemia de Covid 19 no Brasil entre 2020 e 2021.

Para além da vida e da arte de Anaïs e Artaud, Flávia e Pedro, o filme ainda traz reflexões sobre erotismo, amor e loucura. A versão cinematográfica foi criada por muitas mãos em parceria com o Laboratório Fronteiras Permeáveis da diretora de arte Vera Hamburger sob a direção da cineasta Marcela Lordy.

Em O Amor e a Peste o casal Flavia Couto e Pedro Guilherme, escrevem diários, reflexões e inquietações durante o período de isolamento em um apartamento em São Paulo, acerca dos processos vividos por eles, tanto no âmbito da vida, como da criação e transpõe poeticamente a experiência de viver uma relação afetiva em meio ao confinamento, a impotência diante da realidade, a contaminação pela Covid-19, o luto num extremo da turbulência do momento político-social. O roteiro traz reflexões sobre erotismo, amor e loucura.

Uma livre adaptação da obra “Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres”, é um projeto que estava amadurecendo há doze anos. Marcela Lordy realiza um mergulho sensível na alma feminina em livre adaptação da obra de Clarice Lispector.

Marcela Lordy sempre se incomodou com a forma como, no cinema, o corpo feminino aparecia fragmentado. Em um país no qual a pornochanchada ganhou o mercado na passagem para a década de 1970, este corpo continua, até hoje, sendo “objetificado e dilacerado em cenas de sexo e de sofrimento”, explica a diretora.

Sinopse: Aluga-se conta a história da paulistana Clarice que procura um lugar silencioso para viver onde as casas ainda preservem a comunicação com a rua, e os moradores usufruam as praças do bairro. Antonio, quadrinista paulistano, se vê obrigado a vender o local onde passou a infância para abrir espaço à especulação imobiliária. Quanto o espaço urbano influi no nosso espaço interior? Como será amar alguém numa cidade que vive apagando sua memória? Clarice encontra na casa de Antonio tudo o que precisava, e a possibilidade de um encontro afetivo diferente das relações efêmeras que vem experimentando. Um retrato da verticalização caótica de São Paulo e a percepção do espaço público como uma tradução de nós mesmos.

Ouvir O Rio é uma escultura sonora de Cildo Meireles é um documentário de longa metragem dirigido por mim e produzido pelo Itaú Cultural em co-produção com a Movie&Art. O filme acompanha o trabalho do artista plástico na busca do som das principais bacias hidrográficas brasileiras, e nas águas processadas pelo homem (residuárias), para a construção da obra sonora RIO OIR criada a partir de jogo e articulação entre palavras e conceitos. Um vinil, que tem de um lado as águas e de outro, risadas. O filme é o relato dessas viagens, das aventuras dessa busca de Cildo indo da Foz do Iguaçu a Pororoca do Macapá, do Parque das Águas Emendadas a Foz do rio São Francisco, para depois em um estúdio de som juntar todos os pedaços combinados à cacofonia das águas residuárias e às gargalhadas humanas.

Simone Spoladore e Felipe Vidal escrevam um monólogo sobre duas figuras femininas de personalidades forte e espírito independente: a atriz norte americana Louise Brooks e a personagem de quadrinhos Valentina, do italiano Guido Crepax. A convite deles pesquisei durante um ano o cinema Avant-Garde, quadrinhos e o cinema dos anos 60, e juntos criamos cinco curtas que integram um espetáculo bem visual que mistura dança, teatro, quadrinhos e cinema. São sonhos das personagens, frames do imaginário fantástico de uma atriz do cinema mudo que deixou muitas palavras. Assim como Louise Brooks, Simone Spoladore também começou dançando nos palcos. ‘Sonhos de Lulu’ faz parte do imaginário de toda atriz, e brinca com o universo feminino, seus diferentes papéis, fetiches e dilemas: identidade, profissão, liberdade, maternidade, poder e sexualidade.

Filmografia:

:: O Amor e a Peste, 2021, Brasil, 60’, ficção, Hd

:: O Livro Dos Prazeres, 2020, Brasil, 1h40, Ficção, Dcp

:: Ser O Que Se É, 2018, Brasil, 7′, Ficção, Hd

:: Aluga-se, 2012, Brasil, 15’, Ficção, Dcp

:: Ouvir O Rio, 2011, Brasil, 79’, Documentário, Dcp

:: A Musa Impassível, 2010, Brasil, 52′, Ficção, Hd

:: Sonhos De Lulu, 2009, Brasil, 15’, Ficção, Hd

Crédito fotos: Gabriela Bernd

Site Oficial:https://www.marcelalordy.com/

Instagram:https://www.instagram.com/marcela.lordy/

Vimeo:https://vimeo.com/marcelalordy

Cleo Oshiro
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