Vanessa Bumagny realizará o show “Shakespeare, Sonetos e Canções”
Vanessa Bumagny lançou o seu disco autoral “Cinema Apocalipse” em 28 de janeiro, e agora estará se apresentando nos dias 26 e 27 de fevereiro, no show “Shakespeare, Sonetos e Canções”, com a banda Bobos na Montanha, no Sesc 24 de maio. A cantora e compositora paulistana, que possui 30 anos de carreira, traz nesse quarto álbum de estúdio 10 canções, e conta com a produção do músico Rafael Castro e participações especiais de Fernanda Takai (“A Ousadia“), Zeca Baleiro, Chico César (“Cinema Ilusão“) e Luiz Tatit (“Quem Ama Sofre“). (Foto abaixo: Higor Wood).
O disco foi realizado durante a pandemia, selando a parceria com Rafael que iniciou em 2019. Na música “Fome de Tudo”, Chico César é o parceiro da cantora. “Cinema Apocalipse” é um disco que vai dos desejos coletivos aos desejos íntimos, resistindo sem perder a ternura. Músicas para embalar o apocalipse, sob o desejo pulsante de Vanessa Bumagny, com as quais qualquer um pode se identificar. Foto abaixo:By Vanessa Curci.
Sobre o espetáculo “Shakespeare, Sonetos e Canções”, o escritor André Sant’Anna escreveu: (William Shakespeare dispensa apresentações. É o autor de Romeu e Julieta, Hamlet, Rei Lear, Macbeth, Sonhos de uma Noite de Verão, entre outras obras-primas. Não é exagero dizer que Shakespeare é o maior nome do teatro ocidental de todos os tempos. Assim como nós, personagens destes últimos tempos difíceis de medo e isolamento, Shakespeare, viveu em lockdown, escondido da Peste Negra, e dedicou seu tempo para escrever poesia, uma vez que os palcos medievais foram obrigados a fechar.
Agora, com a covid-19, a banda Bobos na Montanha – transforma os sonetos de Shakespeare em música, e entra em cena com arranjos contemporâneos, que transitam pelo Pop Psicodélico, pelo Punk e pelas trilhas do Rock and Roll para nos mostrar essas canções. Após a apresentação de cada soneto, vem a público o professor titular da USP, John Milton, para comentá-lo, contextualizando as ideias de Shakespeare, analisando seus significados e ampliando o entendimento geral.)
Banda Bobos na Montanha:
Zeca Loureiro: voz e guitarra
Camila Lordy: voz e teclados
Nath Calan, voz: bateria e música cênica
Fernanda Horvath: baixo
Vanessa Bumagny: voz
André Sant’Anna: bobo da corte, textos em português
Foto: Higor Wood
Técnico de som PA: Vitor Paranhos
Técnico de som monitor: Rodolfo Yadoya
Desenho de Luz: Marcos Franja
Adereços: Christiane Galván
Produção: Fernando Alves
Convidado especial: John Milton
Informações no site:https://www.sescsp.org.br/programacao/shakespeare-sonetos-e-cancoes-bobos-da-montanha-convidam-prof-john-milton
Em 2021, Vanessa lançou a música Gasolina, em parceria com o paulistano Gabriel Serapicos (compositor, cantor e produtor musical). Gabriel Serapicos é o criador do projeto musical Serapicos que se auto-definem como um grupo de Rock Cosmopolita, Canções Pseudo-Românticas e Dançarinas Invisíveis. O grupo mescla blues cigano, samba boêmio, rock anos-60 e harmonias de voz com letras sarcásticas, filosóficas, ácidas e eróticas em suas músicas. Gabriel Serapicos, é a mente por trás do Compositor Fantasma, projeto que lançou em 2021 o álbum “Viagem ao Centro da Terra Plana”.
Em relação ao seu novo lançamento “Cinema Apocalipse”, Vanessa elaborou o álbum com firmeza ao lado de Rafael Castro durante a pandemia, em meio aos sentimentos desse momento atípico, incerto e desafiador. A faixa-título abre o álbum e ecoa “Tudo está bem” – Eles querem você exausto e triste, a felicidade é a maior revolução -, uma música que fala sobre a reabertura gradual da vida em sociedade, a sobrevivência e a necessidade de celebrar a vida. O disco também fala de amor, ainda que de forma irônica e irreverente, como em “A Ousadia” (uma parceria com Fernanda Takai – vocalista do grupo mineiro Pato Fu ) e “Eu Sei Ficar Só”.
Chico César e Zeca Baleiro colocaram suas vozes na música “Cinema Ilusão”, parceria de Vanessa com Zeca e em “Fome de Tudo”, onde Chico é o parceiro da cantora. “Cinema Apocalipse” é um disco que vai dos desejos coletivos aos desejos íntimos, resistindo sem perder a ternura. Músicas para embalar o apocalipse, sob o desejo pulsante de Vanessa Bumagny, com as quais qualquer um pode se identificar.
O início de Vanessa Bumagny no cenário artístico foi participando de musicais da Cultura Inglesa, em 1990. Morou alguns anos em Barcelona, e retornou ao Brasil em 1999 fazendo várias participações como atriz no grupo teatral Os Satyros.
O jornalista e político Jean Wyllys, não economizou elogios ao escrever esse texto sobre “Cinema Apocalipse” :
(Futuro do pretérito) por Jean Wyllys
Em algum lugar entre a distopia e a utopia, situa-se “Cinema Apocalipse”, este novíssimo disco de Vanessa Bumagny. E não poderia ser de outro jeito. Criado quase inteiramente sob o impacto da pandemia nas relações interpessoais e nas relações dos indivíduos consigo mesmo, suas canções olham para – e descrevem – um mundo que acaba, mesmo que seja só o mundo interior, ao mesmo tempo em apontam sinais do que nascerá após este apocalipse. Os versos da dançante música que abre o disco – se é que a ordem de apresentação ainda faz sentido – já dão o tom dessa mirada ambivalente que o norteia: “Tudo está bem? Tudo está bem! /Olho em volta e reparo no que está bem e reconheço/ Olho em volta e reparo no que não está… E penso no que dá pra fazer/ A semente do que será/ Tem coisa aqui, dá pra esperar”.
Trata-se, claro, de um disco para pensar. Mas também de um disco para amar e para se jogar na festa. Afinal, se para alguns o fim de um mundo exige reflexão; para outros, esta é apenas a certeza de que outro vai nascer, por isso há que se celebrar, dançar.
Para fazer um trabalho com esse propósitos e envergadura, Bumagny recorreu não só às suas recorrentes parcerias – como as de Zeca Baleiro e Chico César – mas sobretudo à multiplicidade de gêneros e texturas musicais – da tradicional MPB à mais sofisticada música e programações eletrônicas, passando pela música pop americana – que lhe interessam como artista e que, de certa forma, já marcavam seus trabalhos anteriores.
Sua doce e afinadíssima voz – multiplicada em coros e contracantos em algumas das músicas – é ideal para nos ninar, como ele mesmo sugere no título da “Canção Para Ninar Apocalipse”, ou para nos servir de trilha sonora neste cinema de cujo final nada sabemos. Em “Mito”, por exemplo, ela afirma que “o outro lado do mundo é sem fundo”.
A verdade é que, como artista talentosa, inquieta e politizada que é, Vanessa Bumagny matou a sua fome de tudo (inclusive de seguir viva num planeta vivo)?despertada pela ameaça de aniquilação total trazida pela ascensão do fascismo e pela pandemia criando um disco que desse beleza e sentido num mundo que carece demais disto.
Ouvi cada música individualmente à medida em que ela a lançava nas plataformas. Entre lives, debates e textos, esperava cada uma delas com certa ansiedade. Eu já sabia que, ao fim e ao cabo, Bumagny nos daria uma história pronta. Não que o disco só faça sentido por inteiro. Mas, por inteiro, o sentido individual de cada canção se realça em relação ao conjunto. Cada música é uma bela foto. Todas juntas são um filme, um belo filme, naquele sentido de beleza que têm os filmes de Tarantino.
Aliás, em “Cinema Ilusão”, juntamente com César e Baleiro, ela canta versos que aos meus ouvidos de exilado soam com um elixir de coragem: “O amor não pára em qualquer estação/ o sol já vai sumir, a noite vai cair, e a vida pulsa como um “>coração/ Nem tudo que eu quis aconteceu; mesmo que seja assim, eu vou… quem me quer ver mais feliz sou eu!”
Obrigado por esta sessão de cinema em música, Vanessa. Se a vida não é filme, vamos fazer um filme de nossas vidas.
Da Redação by Cleo Oshiro
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