Marina Lutfi lançou “Outra Dimensão”, seu primeiro disco solo
Se Marina Lutfi fosse um disco, seria esse: “Outra Dimensão” (selo Cacumbu), o primeiro de uma carreira que já existe há anos e foi encontrando vez entre tantos projetos nos quais colaborava, seja como designer, produtora ou cantora. Polivalente como o pai, o músico, pintor e cineasta Sérgio Ricardo (1932-2020), Marina foi esculpindo as oito faixas do disco com calma, ao longo de (coincidência!) oito anos, e é curioso que ele ganhe o mundo agora, depois da partida de Sérgio, o seu grande lumiar. “Outra Dimensão” aterrissou nas plataformas digitais no dia 20 de agosto.
“Quis dar um mergulho mais fundo no cantar, expressão vital pra mim. A ideia foi buscar um caminho mais próprio nessa dimensão da música, com referências para além do meu pai”, adianta a artista.
Relato de Marina sobre a feitura do disco:
Em algum momento de 2013, finalmente tomei coragem de afirmar: quero fazer um álbum solo. Quero misturar algumas canções de ídolos, de referências musicais. Era muito importante me ouvir cantando obras que não fossem só do meu pai, Sérgio Ricardo. Ele estará lá, sempre cantei e sempre vou cantar Sérgio Ricardo. É uma honra tão imensa ser filha desse mestre, um ensinamento musical, poético, visual que me surpreende a cada momento. É ponto de partida, de chegada, é cinema na música. Mas eu também queria buscar novas referências, experimentar repertórios, entrar em outras dimensões musicais.
Foi com essa pegada que chamei meu super parceiro de empreitada e incentivador Flávio Mendes, músico, arranjador e violonista de enorme sensibilidade. Começamos a nos encontrar em meados de 2013, tocando, ouvindo referências, pesquisando. Era o início da fase de arar a terra para receber algumas sementes. Eu trazia ideias de clima, de desejos de sonoridades e Flávio somava. Esses encontros me traziam tanta felicidade que me sentia lavando a alma.
Na caixinha de ideias que eu levava, desde o início, estavam as músicas do Julio Dain, amigo e compositor que admiro muito. Cheguei a fazer capa de disco para ele como designer e acabei conhecendo mais as suas canções. Fiquei tão impressionada com a originalidade das melodias, a poética das letras, harmonias dissonantes e ricas. Levei Outra Dimensão e No Meio da Escuridão.
Já Milonga, do Rodrigo Maranhão, foi outra que levei. Quase Tudo, do Arnaldo Antunes e Péricles Cavalcanti, estava no meu radar há muitos anos. Sempre adorei essa letra: Tudo que dá para ter, quase que dá para dar – quase tudo dá! E eu falava para o Flávio que tinha um desejo enorme de gravar o ídolo João Donato. Em um dia desses de semeadura, Flavio me mostrou Ahie e foi amor à primeira ouvida.
Do repertório do meu pai, sempre quis gravar Esse Mundo é Meu, com letra de Ruy Guerra, e Barravento, inspirado no filme de Glauber Rocha. Cacumbu era uma marca pra mim muito forte. Gravei em 2008 no disco dele que produzi. É o nome da minha empresa, é literalmente uma marca pra mim. Achei que seria fundamental.
Em 2014 partimos para a exposição desse repertório em show, no saudoso bar Semente, na Lapa. Foram várias apresentações, um super exercício prático para mim. Ali desenvolvi melhor a interpretação, a condução do show como artista principal. Até então eu participava dos shows do meu pai. Agora era outra dimensão: meu show solo com Flávio no violão e Carlos César na percussão.
Em 2015, decidimos começar a gravar. Organizei a produção e Flávio fez a direção musical, tocou violão, guitarra e criou os arranjos de seis faixas: Outra Dimensão, No Meio da Escuridão, Cacumbu, Esse Mundo é Meu e Milonga. Para Ahie e Barravento, convidei o grande amigo e super músico Henrique Band para arranjar. Ambas com belíssimos naipes de sopro tocados pelos multiinstumentistas Band, Everson Moraes, Diogo Gomes e Levi Chaves.
Para a instrumentação das faixas convidei mais grandes músicos, amigos: Guto Wirtti com o seu contrabaixo feraço aparece em Ahiê, Barravento, No Meio da Escuridão e Esse Mundo é Meu; e o super Carlos Cesar na bateria e percussão em todas essas faixas citadas e também em Cacumbu e Milonga. Marcelo Caldi me deu a honra do seu acordeon em Milonga, um presentão para o clima que a música merecia. Que time!
As gravações da base instrumental e o naipe de sopros começaram no Estúdio Áurea, com David Bringworth, engenheiro de som que também captou a percussão do mestre Marcos Suzano, ídolo que convidei para a faixa Quase tudo. Após um ano de pausa, e de aquecimento no Semente, no início de 2017 voltamos para mais uma etapa de gravação, com Lui Coimbra e o seu lindo cello e Alexandre Caldi na flauta e sax impecáveis, ambos tocando em No Meio da Escuridão e Quase Tudo.
Alex participa ainda de Cacumbu. Meu irmão João Gurgel, super parceiro musical, que já havia entrado na banda dos shows, gravou as guitarras de efeito em Outra Dimensão, Cacumbu, Milonga e No Meio da Escuridão. Para o baixo de Cacumbu convidei o amigo e outro multi-instrumentista Carlos Pontual para gravar baixo, bateria e guitarras dando ainda mais cor ao som da baleia atlântica. Após um ano de pausa, e de aquecimento no Semente, no início de 2017 voltamos para mais uma etapa de gravação, com Lui Coimbra e o seu lindo cello e Alexandre Caldi na flauta e sax impecáveis, ambos tocando em No Meio da Escuridão e Quase Tudo. Alex participa ainda de Cacumbu. Meu irmão João Gurgel, super parceiro…
Em julho de 2017 retomamos os trabalhos no estúdio Tenda da Raposa, com o super Carlos Fuchs na engenharia de som. Ali fechamos o que faltava de instrumentação e mais um amigo mega blaster entrou no disco: o querido Domenico Lancelotti com seu MPC, tirou do chão a música que deu nome ao disco. Outra dimensão aconteceu ali.
Parti então para o desafio da gravação da voz definitiva. Gravei, regravei, sofri, me emocionei, busquei a verdade do que eu queria passar e, em certo momento, entreguei. É o primeiro. Vamos nessa, sem medo. Ouvindo tudo, pensava que seria lindo ter a presença do meu pai maravilhoso dando o ar da sua grave voz no disco. Flávio sugeriu o contracanto de Barravento. Perfeito! Assim foi feito, com a generosidade e incentivo de sempre, com direito à benção do mestre. Uma honra!
Outro ponto alto foi quando convidei meus amigos-irmãos Lucas Ciavatta, criador do método O Passo, grande mestre e músico, Daniela Ferreira, sua mulher, e as filhas Isabela e Rosa Ciavatta para fazerem uma participação em Esse Mundo é Meu, com palmas e coro.
Entre 2018 e 2020 – Fase de hibernação. Tive que pausar todo o processo para produzir o novo show do pai, Cinema na Música de SR. Eu sabia que era urgente, que era importante priorizar essa dedicação à sua obra. Em 2019 chegamos a iniciar a mixagem e, entre imensas pausas, papai começou um processo de complicação de saúde. Em 2020 me dediquei completamente à sua saúde e à sua obra com o acervo Sérgio Ricardo Memória Viva. Papai nos deixou em 23 de julho de 2020.
Dia 23 de julho de 2021: um ano depois da partida do pai, senti que era hora de Outra Dimensão começar a nascer, lançando o single Barravento.
Dia 20 de agosto de 2021: Outra Dimensão, de fato, começou.
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Da Redação by Cleo Oshiro
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