“Bacia do Cobre” embala a estreia solo do pianista Marcelo Galter
Piano, baixo e percussões em BACIA DO COBRE, estreia solo do baiano Marcelo Galter, pela Rocinante. Segundo disco a ser lançado este ano pela nova gravadora Rocinante, “Bacia do Cobre”, do pianista Marcelo Galter, chegou às plataformas neste 24 de setembro, sexta-feira.
Acostumado a colocar as suas teclas a serviço do Letieres Leite Quinteto, o músico reuniu as partituras de seis de suas composições e escolheu a dedo uma música pouco conhecida de Dorival Caymmi para registrar como ele gosta no seu álbum de estreia solo. O nome do disco homenageia a área de proteção ambiental onde ele cresceu, em Salvador, dos últimos remanescentes de Mata Atlântica na capital baiana. “A liberdade do jazz é um ingrediente da nossa performance mas, ao mesmo tempo, a banda tem músicos que cresceram com outras influências, distantes do jazz, embora também usando a improvisação como base”, conceitua Galter, avisando logo que substituiu a bateria por duas percussões pensando em “arriscar novas texturas sonoras” para além do esperado piano-baixo-bateria.
A maioria das músicas foi composta especialmente para essa formação (Luizinho do Jêje e Reinaldo Boaventura nas percussões e o irmão mais velho Ldson Galter no baixo) – exceto “Bacia do Cobre”, que existe há cerca de 7 anos, e a regravação. O pianista fez as outras cinco – “Cobra Coral”, “Galinha Pulando”, “Capricorniana”, “Prece” e “Lourimbau” – pensando em explorar as potencialidades de cada músico. “Venho tocando com esses rapazes há muito tempo e labutando na escolha desse repertório que me apresenta como solista”.
Já “Temporal”, de Caymmi, é simples e rebuscada a um só tempo e dialoga emotivamente com o universo criado por Galter para este trabalho. “Escrevi o arranjo inspirado no jeito de Dorival tocar violão, que é, por sua vez, muito influenciado pela música de capoeira, de berimbaus”, revela o músico, 39 anos, um apaixonado pelos sons da sua terra. Dentro dela há muitas citações desconstruídas de outras obras-primas do Algodão.
Papo vai, papo vem e Marcelo Galter lembra da escola que foi tocar com Maria Bethânia em meados de 2019, a convite de Letieres, no show “Claros Breus”. Eram quatro ou cinco músicas, só ele e ela no palco. “Foi uma experiência bastante delicada e desafiadora porque Bethânia não repetia nunca as mesmas interpretações. Isso fazia com que eu me conectasse muito com a intérprete a fim de seguir os caminhos que ela apontava. Foto abaixo: Júlio Constantini“.
Agora é ouvir o que a música de Marcelo Galter nos aponta. “Foi incrível ter feito esse disco em plena pandemia. A Rocinante nos deu muita corda: ensaiamos bastante, viajamos com um set up imenso e gravamos tudo ao vivo, o que é raro em estúdio”, conta o pianista que já acompanhou grandes outros nomes como Hermeto Pascoal, Omara Portuondo, Nelson Veras, Mu Mbana, Stanley Clarke, Tiganá Santana, Margareth Menezes e Carlinhos Brown.
E para embalar tanta baianidade, a capa só poderia trazer as pinceladas de mais um conterrâneo: Genaro de Carvalho (1926-1971), pintor e pioneiro da tapeçaria moderna no Brasil. É como se o seu “Parque de Girassóis”, de 1966, se abrisse cada vez que um acorde de “Bacia do Cobre” fosse tocado.
Foto da capa: Júlio Constantini
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Da Redação by Cleo Oshiro
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