Simone Menezes: regente brasileira radicada na França, estará em turnê pelo Japão

A regente de orquestra brasileira Simone Menezes, radicada na França, estará em turnê pelo Japão nos dias 20 ~ 29 de junho de 2019.  O primeiro show acontecerá no dia 20 de junho – Osaka Symphony Orchestra e 29 de junho – Chofu Festival Orchestra – Tokyo. Simone recebeu recentemente a segunda colocação do prêmio MAWOMA (Music and Woman Maestra), o primeiro concurso mundial consagrando mulheres regentes de orquestra.

A final européia aconteceu no último dia 11 de abril, na Musikverein em Viena na Áustria, com a participação da Wiener Kammerorchester, um júri internacional, publico e mídia.

Essa competição é itinerante e ocorrerá sucessivamente em seis continentes: Viena, Los Angeles, Joanesburgo, Tóquio, Rio de Janeiro e Sydney. A regente alemã Johanna Malangré conquistou o primeiro lugar em Viena. O júri foi dirigido por Frédéric Chaslin (Regente), Elizabeth Askren (Regente) e composto por Numa Bischof-Ullmann (Luzerner Sinfonieorchester), Christian Buchmann (Diretor da Orquestra da KammerOrchester de Viena), Alice Farnham (Regente), Dominique Meyer (Diretor do Wiener Staatsoper), Debora Waldman (Regente).

Simone Menezes é uma maestria visionária, conhecida por sua liderança artística, sua criatividade e inovação. Com brio, ela está misturando as peças do Standard de Música Clássica e Contemporânea. Com dois CDs gravados, Simone criou o Villa-Lobos Project em prol da promoção da obra desse compositor na música clássica mundial, fundou sua primeira orquestra em Campinas – SP aos 20 anos, foi regente titular da Orquestra Sinfônica da Unicamp, criou a Camerata Latino Americana.

Foi mentoreada pelo Paavo Jarvi, um dos principais regentes da atualidade, depois de alguns anos, decidiu se radicar na Europa, onde tem construído a reputação de inovadora e audaciosa regendo orquestras de primeira linha como Rotterdams Philharmonisch, Orchestre National d’Ile-de-France, Wien KammerOrchester, entre outras.

Dentre algumas iniciativas das grandes instituições culturais do mundo para restituir uma justiça mínima neste setor, recentemente foi criado o Mawoma Award, Maestra Woman, um grande concurso internacional voltado a colocar os holofotes sobre estas mulheres que têm o potencial de estar a frente de grandes orquestras. Simone Menezes testemunha várias cenas de sexismo, e afirma que a principal dificuldade é que os maestros fazem essas mulheres invisíveis.

As mulheres que conseguem se afirmar, devem combinar a competência musical com o empreendedorismo, e criar conexões com áreas menos “tradicionalistas” para conseguir estabelecer em paralelo grandes projetos, para só então serem efetivamente ouvidas, é necessário trabalhar duas vezes mais que um homem, mas esta é uma questão mundial, que tem que ser tratada. Portanto, ela tem falado sobre esse assunto em vários lugares e as lutas de Viena, Rio de Janeiro e Londres, são as mesmas!

“Where are the women?” (Onde estão as mulheres?) foi um debate ocorrido recentemente em Paris promovido pelo Festival Aix-en-Provence e pelo British Council. O debate, que já havia sido assunto na Association of British Orchestras em Londres, mostrou um levantamento dos últimos 5 anos no que tange a proporcionalidade entre artistas homens e mulheres. Os números são vergonhosos.

Enquanto temos uma paridade de 50% entre estudantes mulheres e homens, algumas áreas, tiveram menos que 5% de mulheres atuantes no mercado profissional. Nenhum outro mercado de trabalho possui índices tão baixos.
O machismo na música clássica é histórico. Até 1977 a Orquestra Filarmônica de Viena não aceitava mulheres entre os seus músicos.

Nas vésperas de uma turnê nos EUA, a National Organization for Women e outros grupos, incluindo a International Alliance for Women in Music, ameaçaram boicotes nos concertos nos Estados Unidos, então a Orquestra contratou oficialmente a harpista Anna Lelkes. No final da década de 1970, iniciou-se nos Estados Unidos a prática do biombo para as audições, ou seja, o músico de orquestra, é escolhido através de um processo de audição onde ele é ouvido e
julgado mas não visto, poucos anos após o início desta prática, o número de musicistas mulheres profissionais das grandes orquestras subiu de 5% para 30%.

Infelizmente, não é possível colocarmos biombos para os maestros e por isto número de regentes ainda é muito menor proporcionalmente ao número de musicistas de orquestra. No Brasil, exceção a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, tivemos menos de 2% de mulheres atuando como convidadas nas temporadas das demais orquestras no último ano.

Curiosamente, o público aprecia este “artigo de luxo” que é uma mulher a frente de uma grande orquestra, o problema se perpetua sobretudo por causa de maestros e managers, recentemente alguns casos de escândalo sexual como o do maestro Daniele Gatti, regente da Orquestra do Concertgebown in Amsterdam e declarações infelizes de maestros como o regente russo Yuri Temirkanov que declarou que “A essência da profissão de regência é força e a essência da mulher é fraqueza¨ vieram confirmar esta teoria. “Nessa matéria os relatos contidos aqui são da regente Simone Menezes”. Para acompanhar a agenda da regente Simone Menezes, acesse o seu site: http://www.simonemenezes.com/

Da Redação by Cleo Oshiro

https://youtu.be/fOZ7XWkv5_8

https://youtu.be/sWUHVxHyk-w

Cleo Oshiro
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