Machete Bomb lança “A Saga do Cavaco Profano.”

Primeiro lançamento do quinteto em 2017 reafirma sua ultrajante e genuína expressão musical. “A Saga do Cavaco Profano”. A banda curitibana Machete Bomb investe numa mistura de rock, samba e rap, trazendo para suas composições e performances as influências dominantes na formação musical de seus componentes.

Nessa fusão de estilos, o som pesado do rock e a linguagem do rap se encontram com o timbre de instrumentos que são tradicionalmente ligados ao samba, como o pandeiro, o surdo e o cavaquinho. A surpresa fica por conta do cavaco bomba, que soa mais pesado que guitarras elétricas e em meio a efeitos e distorções, ainda ataca com scratch`s que se assemelham a pickups de DJ.

Composta por cinco integrantes, Madu, Daniel Perim, Rodrigo Spinardi, Vitor Salmazo e Rodrigo Suspiro, Machete Bomb tem em sua discografia 3 EPs que  se transformaram no CD “O Samba do Sul”, e o quarto EP lançado em março.

Já nessas primeiras gravações se manifesta a busca da banda por uma identidade própria e contundente. Foi essa busca que a levou a produzir o primeiro clipe brasileiro com o conceito de interatividade em 360 graus. Captado ao vivo, o vídeo mostra a execução em estúdio de uma releitura de um samba da década de 60.

Nos shows, a banda utiliza o recurso de projeção mapeada, baseada em criações do artista gráfico Jorge Galvão, acrescentando ao trabalho sonoro um grande apelo visual.

O trabalho surpreendente da banda – misturando antigas referências com novas criações, parcerias, letras que retratam a realidade do cotidiano e criticam o senso comum – já foi exibido com sucesso em diversos eventos.

Atuou, por exemplo, como banda convidada para a abertura de shows do O Rappa, inclusive em uma grande celebração que reuniu a banda e o rapper Criolo na “Marina da Glória” (RJ), em novembro de 2015. No berço samba tradicional, o peso do “samba do sul” foi recebido com entusiasmo pelo público carioca.

Gravado no “Rec’nRoll Studios”, em Curitiba, e mixado e masterizado por Victor França no “TrackTown Records” nos Estados Unidos, a “Saga do cavaco profano” solidifica a postura musical do quinteto em sua capacidade singular de aliar cavaquinho, distorções e apropriações culturais de boa fé.

Incorporando uma sonoridade ainda mais contundente que a apresentada em sua última aparição, o cavaco profano” parece deboche. Delays e oitavadores, efeitos e dissonâncias, scratchs e noises. Uma verdadeira assombração aos admiradores puristas do instrumento brasileiro. “De nova essa mistura não tem nada. Dessa vez tivemos a oportunidade de levar o cavaco pra um conceito ainda mais indigesto. Porradaria no samba com postura de bamba”, explica Madu, cavaquinista e produtor do disco.

Contudo, o Machete Bomb incorpora o que a música brasileira faz de melhor: dar novo sentido às influências. Ao traduzir para o “tupiniquim nosso de cada dia” novas capacidades do encontro entre rock, rap e samba, a banda critica o senso comum e desponta enquanto alternativa na carente era pós-manguebeat.

Neste disco, parcerias internacionais levaram o grupo a desafiar a compatibilidade deste conceito inominado. A faixa “Juntos”, que conta com a participação de “Slick the Misfit” (EUA) e “Reacción Ekis” (ARG), é um exemplo desta versatilidade. Muita ritmia, atitude e dinamismo num encontro musical entre as Américas. O cabo-verdiano BingMan, assina “Sem colete”, juntamente com Dow Raiz, num retrato inspirado na triste realidade dos refugiados do século XXI. Sobra pra todo mundo. Da mídia à política, do banqueiro ao pastor, ninguém passa ileso ao crivo da “gangue do cavaco profano”. Conceitos como a comodidade, a obediência, o luto seletivo, a hipocrisia patológica e o egocentrismo também estão na alça de mira do quinteto.

Autocrítica bem dosada com samples e efeitos. “A temática é contracultural. Um auto-retrato de quem é imerso em suas ilusões individuais e que questiona a autoridade enquanto meta. Principalmente, a própria sobre si”, destaca Salmazo, vocalista e compositor.

O quarto trabalho do grupo – que já lançou a trilogia “O Samba do Sul” – é traduzido visualmente em artes de Jorge Galvão e abre a temporada de lançamentos de 2017 com ímpeto, fator essencial a quem pretende barulhar o mainstream.

Tiro e Queda: A canção pole position na playlist do disco, posiciona de imediato: Machete Bomb chuta forte de primeira. Riffs de cavaco, samples de alto gabarito e a certeza de que uma mente consciente engatilhada é um perigo, reposicionam o microfone enquanto arma crítica e social.

Juntos: Em parceria com o rapper “Slick the Mysfit” (EUA) e a banda “Reacción Ekis” (ARG), “Juntos” mescla elementos tradicionais da música latina, com a pegada pós manguebeat insana do Machete Bomb. Dinamismo cultural, num encontro entre as Américas.

Giroflex: Uma crônica da noite curitibana e suas implicações, num retrato em terceira pessoa de quem se atreve a se perder nas ruas do centro da capital paranaense. Participação do prata da casa, PeteMcee.

Sem colete: Em parceria com o cabo-verdiano BingMan e o prata da casa Dow Raiz, a track retrata a angustia da sobrevivência, numa crônica que pinta a triste realidade dos refugiados internacionais.

O contra-ataque: Em nova parceria com “Alienação Afrofuturista”, a faixa expõe o poder midiático e suas implicações na vida de quem não vive “desperto” na babilônia.

Temporada de caça: De nome sugestivo, “Temporada de caça” é um ode à cleptocracia brasileira. Ataca o banqueiro, o empreiteiro e o pastor. A mídia, a política e o sistema. Autocriticismo coletivo sem dó, recomendado para dias de tempestade [midiática].

Foi aqui, em 2001 que tudo começou.

Otávio Madureira (Madu) passou a se interessar por música brasileira após ouvir o som do Sepultura e seus discos “Chaos AD” e “Roots”. O músico que teve a ideia de distorcer o som do cavaquinho e transforma-lo como um instrumento de rock, criando todo um diferencial no som da sua antiga banda, Zacempre. O cavaquinho foi presente de uma namorada, por saber da admiração que Madu tinha pela banda Mundo Livre S/A, só que ele nem tinha noção de como usa-lo.

Otávio Madureira (Madu)

Ai ele se lembrou de Tom Morello, do Rage Against The Machine, uma das bandas que o influenciou, fazendo da sua guitarra uma pickup de DJ, imitando os elementos do rap. Em 2001 Madu decidiu transformar o cavaco em outro instrumento, inserindo o cavaquinho no amplificador da guitarra e usando pedais de efeito, fazendo surgir assim o cavaquinho metaleiro.

Zacempre se apresentava no mesmo show que o rapper Black Alien (ex-Planet Hemp) e a Mundo Livre S/A, e quando eles terminaram o show, ficaram para ver a banda Zacempre tocar, e vibraram com o som deles, subindo no palco pra cantar junto. A Zacempre teve sua importância na formação musical do músico Madu, onde teve início a saga do cavaquinho, e agora todos podem curtir e dançar ao som contagiante do Machete Bomb. Vale a pena conferir o trabalho da banda, onde fazem a fusão entre Rock, Samba e Rap, unindo o som pesado com instrumentos genuinamente brasileiros, provando que na música sempre existe a possibilidade de reinventar.

Para conhecer mais sobre o trabalho do Machete Bomb, acesse suas redes sociais:

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Cleo Oshiro
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