Belisa Ribeiro perde o pai e filhos cantores prestam homenagem ao avô. O pai da jornalista e escritora Belisa Ribeiro, Affonso Solano (87), faleceu no dia 30/09, vitima de Alzheimer, que já estava num estado bem avançado.
Belisa Ribeiro é conhecida como a mãe dos cantores “Gabriel o Pensador e Tiago Mocotó”, mas ela tem uma história própria e riquíssima, como escritora e um dos grandes nomes dentro do jornalismo brasileiro. As fotos dos filhos exibidas nessa matéria são do lançamento do seu livro “Jornal do Brasil, História e Memória”. Não há registros em fotos do velório ou sepultamento.
O sepultamento aconteceu em Cuiabá, no dia 1/10, às 17h no cemitério Parque Bom Jesus, após ser velado na Capela Jardim. A missa de Sétimo Dia será no sábado, 8/10, na igreja do centro, às 19h.
A cerimônia de sepultamento aconteceu conforme ele queria. O neto Gabriel, declamou um poema sobre a personalidade e trajetória do avô – um história de vida admirável em termos de coragem e aventura – poema composto em parceira com seu irmão Tiago, que tocou o pandeiro que aprendeu com o avô. Isso mesmo, no enterro teve samba, como ele queria e na hora de fechar o caixão, ao som de um violino, todos cantaram emocionados e bem baixinho, ” quando eu morrer, não quero choro nem vela”, seguindo as homenagens com as canções: Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será…”, E também entoaram a que ele mais gostava, na hora de baixar o caixão à sepultura:” Mangueira teu cenário é uma beleza, que a natureza criou…”.
Belisa se despediu do pai dizendo: “Pai, desculpa. Você pediu que não tivesse choro, e a gente chorou muito… Mas atendemos a quase tudo que você pediu.
E aos amigos e pessoas presente fez o agradecimento: “Estou muito agradecida mesmo com a presença de vocês aqui, me dando essa força toda, as palavras, as imagens, cada coisa que disseram. E muitas eu vi lá no velório, nas horas intermináveis olhando para meu pai morto, me confortaram demais. Muito obrigada a todos do fundo do meu coração apertado. “
Belisa Ribeiro que lançou seu terceiro livro, o “Jornal do Brasil, História e Memória” em fevereiro desse ano é uma guerreira, onde inclusive venceu uma luta contra um câncer. O lançamento do livro aconteceu na Livraria Argumento, Bairro do Leblon, onde seus filhos Gabriel e Tiago lhe renderam homenagens. O livro de 400 páginas que resgata memórias marcantes dentro do jornalismo, foi patrocinado pela Petrobrás e editado pela Editora Record, revelando os bastidores de um dos veículos de comunicação que fez história na imprensa investigativa, enfrentando a censura com muita ousadia e coragem, o JB (Jornal do Brasil) onde trabalhou como repórter. É autora dos livros ” Bomba no Riocentro” -Codecri/ 1981 e “Cesar Maia no coração do Brasil” – Scriptus/ 2007.
Quando Belisa começou sua carreira no JB, foi como modelo e jamais havia pensado em ser jornalista, mesmo porque seu sonho era ser psiquiatra, mas ao acompanhar uma jornalista durante uma reportagem ao vivo de um deslizamento, decidiu que era o que queria para sua vida e foi para faculdade. Aos 21 anos fazia parte do JB como estagiária, e logo em seguida se transferiu para “O Globo”. Trabalhou na Gazeta Mercantil e na revista Época.
Foi comentarista econômica, na TV Globo e pioneira na apresentação de telejornais, no Jornal da Globo. Criou programas de sucesso na Bandeirantes, como Dia D, em que levou para a TV nomes como Miriam Leitão, Ricardo Boechat, Zózimo Amaral e William Waack.
A ideia do livro surgiu num almoço anual do pessoal conhecido como ‘jotabenianos’, no restaurante Fiorentina, no Leme, onde eles relembravam as histórias dos tempos áureos do jornal. Belisa pesquisou por 1 ano para completar sua obra.
A festa de lançamento contou com presenças importantíssimas, onde os filhos da jornalista, os cantores Gabriel o Pensador e Tiago Mocotó cantaram a canção “Palavras Repetidas”, uma recriação da música “Pais e Filhos” do Legião Urbana.
O JB de 125 anos foi um dos mais importantes veículos de comunicação da história do país, mas infelizmente não resistiu as dificuldades econômicas. O livro aborda dez temas/situações que mostram a história do JB até o final da sua edição impressa, saindo do apogeu para o declínio no online.
Belisa conta história incríveis dos jornalistas que fizeram parte da equipe do JB, entre elas a ousadia da Norma Cury que foi à casa do Carlos Drummond de Andrade para fazer uma entrevista com ele se passando por estudante, pois ele odiava dar entrevista. Outra é da Malu Fernandes que denunciou a máfia dos ferros velhos. Outra história interessante começou com a cobertura de uma reunião de neonazistas feita pela Emília Silveira. Essa matéria ganhou o Esso, pois a sua cobertura rendeu a prisão de uns dos nazistas mais procurados, e como o governo brasileiro se negou a extraditá-lo, ele se suicidou, o que gerou a mudança sobre as leis relacionadas a crimes de guerra na Alemanha.
Defensora e amante da natureza, Belisa Ribeiro transformou a residência de campo de seu pai Affonso Solano, na pousada Yledaré , onde fez um reflorestamento com apoio do SOS Mata Atlântica. Foram plantadas 2 mil mudas, entre elas Ypê de diversas cores, Cedro Rosa, Palmito, Pitangueiras, Jatobás e até o mais raro Pau Brasil. A pousada fica na cidade serrana de Miguel Pereira-RJ.
Belisa foi casada com Miguel Mattoso com quem teve o primeiro filho, Gabriel. Com o jornalista Tarcísio Baltar teve seu segundo filho, Tiago Mocotó. Foi casada com o ator Marcos Paulo e por último com o empresário Gilson Bittencourt.
“Belisa Ribeiro por Michael Koellroeuter”:
Ela costuma brincar que, agora, não é mais (nem menos) do que a mãe do Gabriel o Pensador, como os da geração Internet costumam reconhecê-la. Mas a verdade é que ela é antes… Sempre ousada, aos 20 anos, já era “foca” – como se chamavam, no jargão do jornalismo, os iniciantes na carreira. E durante este que foram os mais negros anos da ditadura militar no Brasil, conseguia emplacar páginas inteiras no JB sobre minorias tão rejeitadas quanto mendigos e camelôs. Do ponto de vista deles. Militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), marcou presença em quase todos os palanques das Diretas Já (o movimento que levou milhões de brasileiros as ruas pelo direito de voltar a votar para Presidente da República). E foi editora de mais de 20 jornais sindicais de trabalhadores ao mesmo tempo em que escrevia sobre o alto custo do dinheiro e entrevistava os mais poderosos empresários do país para a Gazeta Mercantil .
Os poderosos da política – de Jânio Quadros a Maluf, de Antonio Carlos Magalhães a Tancredo Neves, passando até por Armando Falcão – abriram a boca na TV pela primeira vez, ao vivo, no início da abertura política, no programa que Belisa Ribeiro dirigia e apresentava o Canal Livre, da TV Bandeirantes. Apaixonada pela profissão, ela escreveu um livro – “ Bomba no Riocentro ” – mostrando como o trabalho dos jornalistas venceu a censura e revelou a presença de terroristas de direita dentro do governo militar. Quando, em 1991, pelas mãos da imprensa, cogitou-se em reabrir o caso, veio à reedição – “Dezoito anos depois”. Ela fez parte do time que, pela primeira vez, colocou jornalistas no lugar de locutores em um telejornal – o Jornal da Globo , no começo da década de 80. Na TV Bandeirantes , em seu programa independente “ Dia D ”, fez estrear na telinha grandes nomes que brilhavam apenas na imprensa escrita, como Marcos Sá Correa, Zózimo Barroso do Amaral, Ricardo Boechat, Ricardo Noblat, Willian Waack e Miriam Leitão.
Criou novos formatos de uso da televisão também no marketing político em campanhas eleitorais que começaram com Moreira Franco e chegaram até Fernando Collor de Mello, passando pelo Piauí…
Belisa Ribeiro trabalhou também em Nova York, como correspondente de O Globo e fez parte do grupo de jornalistas que lançou a revista Caras no Brasil.
Foi editora do Jornal do Brasil no Rio e diretora da sucursal do jornal em Brasília, onde era, também, a titular da mais tradicional coluna política do jornalismo, o Informe JB . No rádio, foi produtora e apresentadora do programa diário de Ricardo Boechat na BandNews Fluminense. Na internet, assinou um newsletter semanal – A semana por Belisa Ribeiro. Na área acadêmica, passou pelo mestrado em comunicação da UFRJ e foi professora da Universidade Veiga de Almeida.
Uma das marcas da personalidade de Belisa Ribeiro é contar, com muito humor, suas histórias que fazem parte da História do Brasil, sempre nos ensinando um jeito especial de rir – o de rir de si mesmo.
Apesar de workaholic assumida, ela costuma arranjar tempo para caminhar nas trilhas da região serrana do Rio, em homenagem a seu passado de velocista. E ainda dá jeito de cuidar da casa que mantém há anos em Miguel Pereira, onde acaba de plantar duas mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica.
Mãe de dois músicos (além de Gabriel, tem o mais novo, Tiago Mocotó, sambista) e avó coruja de quatro ferinhas (Tom, Davi, Maria Alice e Francisco), Belisa Ribeiro adora música. Não sabe tocar nenhum instrumento, mas rege bem boas idéias, pequenos e grandes desafios e velhos e novos amigos.
Para conhecer sobre a vida e trajetória de Belisa Ribeiro, acesse seu site: http://www.belisaribeiro.com.br/
Youtube: https://www.youtube.com/user/belisaribeiro
Radio Shiga by Cleo Oshiro Oficial Page: http://wp.radioshiga.com/programacao/
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