Nicola Són: Músico e compositor francês apaixonado por MPB. Nascido em Paris, em uma família de origem armênia, embalado ao som do duduk e kotchari, Nicola Són descobre na adolescência a música “Lígia”, pérola de Tom Jobim interpretada por João Gilberto e Stan Getz. Alguns anos mais tarde, se muda para o Rio de Janeiro para estudar a língua portuguesa, mergulhar na cultura e aprofundar seus conhecimentos sobre a música brasileira. Nicola é um grande pesquisador da música brasileira.

857e4e_d39bb091342143bbaf26a32b1ecd8eb3Atravessa o Brasil passando por Manaus, Amazônia, Belém, Fortaleza, Recife… E foi nessa viagem que descobriu a riqueza deste país, hospitalidade e cordialidade do povo brasileiro, mas também ficando consciente das dificuldades da vida no Brasil longe dos clichês dos cartões postais. Estabelecendo seu QG na Lapa, símbolo da boemia carioca e berço do samba, Nicola encontra muitos músicos, compõe e adapta em francês clássicos da MPB. Assim nasceu o primeiro álbum “Parioca” em 2007 e lançado em julho de 2011 no Brasil, o disco recebeu um entusiástico retorno dos jornalistas e do público, que ficaram curiosos e maravilhados com este jovem francês.

857e4e_287b91730d2c411ea7c43369298018f6Desde a gravação do seu primeiro disco “Parioca”, Nicola Són so pensa em divulgar essa mistura original da língua francesa e da musica brasileira. Show apos show, o publico vem crescendo, ambos franceses e brasileiros, morando na França ou no Brasil.

Lançado em 2010 na França e em 2011 no Brasil, o disco Parioca se espalhou através de varias turnês na França e no Brasil, contando mais de 30 shows. Durante esse período, Nicola começou a pensar a seguida. Não era muito interessante de fazer de novo um disco de samba, tipo um Parioca 2. A variedade e a riqueza da musica brasileira lhe puxou a explorar outros ritmos que ele já tinha aproximado com o xote “Oui ou Non”. Por isso, começou a compor pensando nas viagens que ele fez no Nordeste e as sonoridades que ele queria divulgar através do francês.

Chegou a imaginar ciranda, maracatu, afro-samba, frevo, xote, usando instrumentos clássicos como base e instrumentos típicos para dar uma naturalidade do ritmo com a harmonia. Pra ele, essas sonoridades trazem uma melancolia, um peso grave nas interpretações (é só ouvir uma batida de maracatu pra entender), então seguindo também a vontade que ele tinha ele começou a escrever textos mais graves, mais sérios que refletiram o estado da alma dele : a morte, os amores perdidos, o tempo que passa. Parioca era um disco de jovem que fica alegre de cantar samba e de cantar a vida dele. Nord Destin é um disco de um homem de 30 anos que enfrenta a vida e toma consciência da realidade brutal. Pronto, a tonalidade e o conceito do disco estão achados.
857e4e_ef0179c412a64a668d76f2f33692d6b3Em novembro de 2011, Nicola Són volta para o Rio, com dois objetivos: divulgar o disco “Parioca” e, especialmente, gravar seu segundo álbum “Nord Destin”. Para isso, ele seleciona alguns dos melhores músicos do cenário carioca como Marcos Suzano e João Hermeto, dois mestres de percussão, Rodrigo Villa no baixo e Gabriel Improta no violão, entre outros. Nicola também convida o lendário João Donato no piano e o grupo de samba Casuarina para participações especiais. “Nord Destin” foi lançado no dia 28 de janeiro de 2013, na França e em junho no Brasil.

No ano de 2013, Nicola se instala em São Paulo. Ele lanca Nord Destin de novo com um bom retorno mediático e um público crescente. Durante o ano 2014 e 2015, ele toca em São Paulo, Rio de Janeiro, e algumas cidades do Paraná.
Início 2015, ele começa a gravação do seu 3° disco na direção musical de Paulo Lepetit. Esse 3° disco, que vem encerrar a trilogia brasileira, se chama Sampathique e seu lançamento aconteceu em maio de 2016.

857e4e_14447d973f634f01adc5926163668826Sobre Sampathique, no início, pareceu desconexo ouvir de Nicola Són que gravaria um disco em homenagem à São Paulo. Tão identificado com a cultura brasileira, já registrou as sonoridades cariocas sob seu olhar parisiense, assim como se inspirou na música nordestina em um segundo álbum. Mas a brasilidade paulistana é sempre ponto de contestação. Pois bem: a Sampa concreta e realista que seduziu Caetano também encantou um cidadão metropolitano como o Nicola. Nela, redescobriu as incoerências belas e típicas das selvas escuras de concreto. E assim foi concebido Sampathique.
Mas qual seria o som de São Paulo que ele homenagearia?

Além de violonista e cantor, Nicola é também pesquisador. Sua busca pela musicalidade mais simbólica de determinada região é vasta, profunda e costuma se traduzir em dois tipos de releituras. Há homenagens tácitas aos artistas e criadores que marcaram a canção popular de determinada região (e dali para o Brasil e para o mundo). E há traduções em francês daquele sentimento que transborda a música local e clareia caminhos para além dos limites geográficos e culturais.

857e4e_100b1c65546d49af8a8cb5cab81471afEntre os arranha-céus e a garoa ácida da urbe, aonde Sampathique se encontrou? No samba-lanço do Trio Mocotó. No tropicalismo dos Mutantes e de Tom Zé. Nos sambas incisivos de Sérgio Ricardo e Paulo Vanzolini. Na sátira nostálgica de Adoniran Barbosa. Nas experiências da Vanguarda Paulistana. Na guitarra enérgica do Ira. Tudo isso está no disco, em doses nada homeopáticas.
Essa ladainha de “locomotiva do Brasil” fez um mal danado para o ego de São Paulo. Inflou o peito engravatado de quem caiu em Piratininga por pura conveniência mercantil e espantou o brio de uma cultura caleidoscópica que é ao mesmo tempo toda e nada brasileira.
Não raro nós, paulistanos, enfiamos o rosto entre golas engomadas e colares brilhosos à procura de referências internacionais e em negação do melhor do nosso país. Mas, às vezes, a gente recupera a dignidade e realiza linda arte. Não importa se com mão-de-obra local ou imigrante, mas gestada, gerida, nutrida e acalentada em Sampa. Nicola Són cruzou o Atlântico para se juntar à esta pulsante criação. Aqui, nada de mau gosto, dificuldade ou pavor: só o retrogosto agradável de quem digeriu São Paulo e verteu Sampathique.

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Cleo Oshiro
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