12.8 C
Kóka
terça-feira, 7 outubro, 2025 12:41: am
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Três anos após assassinato de Mahsa Amini, Irã revê regras do hijab

Protestos históricos pela morte da jovem curda ainda ecoam no país, enquanto governo sinaliza mudança na política de vestuário

spot_img

Teerã, Província de Teerã, Irã — 16 de setembro de 2025 IRNA – O Irã completa neste dia (16) três anos da morte de Mahsa Amini, jovem curda de 22 anos que faleceu sob custódia policial após ser detida por supostamente usar o hijab de forma inadequada. O episódio, ocorrido em 2022, desencadeou uma onda de protestos em todo o país, com forte participação feminina e palavras de ordem como “Mulher, vida, liberdade”.

A repressão aos protestos resultou em centenas de mortes e milhares de prisões, segundo dados de organizações internacionais. Apesar da violência estatal, o movimento provocou mudanças visíveis na sociedade iraniana, com muitas mulheres deixando de usar o véu islâmico em público, mesmo sob risco de punições.

“O fato de as patrulhas da polícia da moralidade terem desaparecido das ruas é uma conquista absoluta da resistência feminina,” declarou Niloofar, arquiteta de 27 anos residente em Teerã.

Em meio às pressões internas e externas, o presidente Masoud Pezeshkian anunciou no mês de agosto uma nova diretriz que suspende a aplicação de penalidades contra mulheres que não usam o hijab. A medida representa uma inflexão na política ultraconservadora vigente desde 1979, quando o uso do véu se tornou obrigatório por lei.

A nova postura do governo reformista também inclui propostas para ampliar direitos femininos, como a emissão de carteiras de habilitação para motocicletas, até então proibidas para mulheres. A decisão gerou críticas de setores religiosos, mas é vista como um gesto de aproximação com a opinião pública.

“Mahsa mudou a história do Irã. Hoje temos mais espaço, mesmo que ainda não seja liberdade total,” afirmou Niloofar.

O governo iraniano também enfrenta tensões externas, após ataques atribuídos a Israel e aos Estados Unidos. Analistas apontam que o relaxamento das regras sobre o hijab pode ser uma tentativa de reduzir o desgaste interno e evitar novos confrontos sociais.

Três anos após a tragédia que abalou o país, o nome de Mahsa Amini permanece como símbolo de resistência e transformação. Seu legado continua vivo nas ruas, nos gestos cotidianos e nas vozes que desafiam o silêncio imposto por décadas.

Radio Shiga
Siga-nos
Últimos posts por Radio Shiga (exibir todos)
SourceNHK

Artigos relacionados

ÁSIA

spot_imgspot_img