Fita de jornalista morto em Mianmar pode ter sido apagada

Tóquio, Japão — 25 de setembro de 2025 — Kyodo News – Uma análise técnica realizada por especialistas japoneses revelou que a fita encontrada na câmera do jornalista Kenji Nagai, morto em Mianmar em 2007, foi provavelmente adulterada para apagar imagens cruciais do momento em que ele foi baleado por forças de segurança em Yangon. A fita foi devolvida à família apenas em 2023, por meio da mídia local birmanesa.

Kenji Nagai cobria manifestações contra o regime militar quando foi atingido fatalmente. A gravação, que deveria conter registros do ataque, apresenta uma interrupção abrupta e um trecho completamente escurecido. Segundo os técnicos, o sinal de vídeo apresenta alterações apenas nesse ponto, indicando que o conteúdo pode ter sido sobrescrito intencionalmente.

“Há uma alta probabilidade de que alguém tenha inserido a fita em outra câmera e apagado a imagem propositalmente”, afirmou Yamaji Toru, diretor da agência APF News.

As autoridades japonesas acreditam que Nagai foi alvejado a curta distância, enquanto o governo militar de Mianmar alegou, na época, que o disparo foi acidental durante uma ação de dispersão. A nova análise reacende dúvidas sobre a versão oficial e reforça suspeitas de tentativa de encobrimento.

Yamaji declarou que continuará os esforços para recuperar o conteúdo original da fita e pressionar o governo de Mianmar a esclarecer os fatos. A família de Nagai, que há anos busca justiça, recebeu os resultados com apreensão.

“O conteúdo ainda é incerto. Espero que novas análises revelem o que realmente aconteceu”, disse Ogawa Noriko, irmã mais nova de Nagai.

O caso reacende o debate sobre liberdade de imprensa e segurança de jornalistas em zonas de conflito, especialmente em regimes autoritários. A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos e espera que a verdade venha à tona.