Tokyo, Japão, 14 de agosto de 2025 – Em junho de 2021, nasceu em Hachioji — nos jardins silenciosos do cemitério Tama Hachioji Reien, na Grande Tóquio — o Memorial Restart Community, o primeiro jazigo coletivo no Japão criado para acolher as cinzas de estrangeiros falecidos no país.
A iniciativa, fruto da parceria entre o projeto Restart Community, administrado pela ONG Japan Overseas Association, e o cemitério local, foi erguida para oferecer um lugar digno de descanso àqueles cujo retorno ao país natal foi inviável, seja por questões financeiras, logísticas ou pela ausência de familiares.
Nestes quatro anos — completados em junho passado —, o memorial tornou-se um refúgio de memória e consolo, guardando histórias de brasileiros, brasileiras e estrangeiros de diferentes origens, simbolizando a universalidade da perda e da saudade.
Desde a inauguração já recebeu diversas famílias, inclusive a de um cidadão chinês, reforçando seu caráter inclusivo e multicultural.
Nas últimas semanas, o Memorial acolheu as cinzas de duas senhoras falecidas na província de Gifu e de um senhor em Aichi. Filhos e sobrinhos das octogenárias viajaram mais de quatro horas para trazer pessoalmente as urnas, num gesto silencioso de amor e reverência.
Em uma dessas cerimônias, o padre espanhol Juan Masiá, residente há mais de 50 anos no Japão e profundo conhecedor da cultura brasileira, rezou em português pela alma do falecido de Aichi — momento que uniu fé, memória e afeto.
Também estiveram presentes alguns dos responsáveis pelo jazigo: Hidekichi Hashimoto, Miguel Kamiunten e Mitiko Toriy, reforçando o compromisso de manter este espaço como um ponto de encontro que acolhe culturas, memórias e afetos, independente de etnia e religião.
Segundo a legislação japonesa, as cinzas não podem permanecer guardadas em casa ou ser lançadas em qualquer lugar, devendo ter um destino apropriado e respeitoso. O Memorial cumpre este papel com dignidade, preservando tradições e oferecendo amparo a famílias que vivem longe de sua terra natal.
Próximo ao mausoléu, foi plantada, em 2023, uma muda de ipê-amarelo, símbolo do Brasil, como sinal vivo de raízes que florescem mesmo em solo distante. A memória dos falecidos é lembrada no segundo domingo de novembro.
Mais do que um local de despedida, o Memorial é também um gesto de acolhimento. O Restart Community, fundado em Oizumi (Gunma), atua no apoio a brasileiros e estrangeiros em situação de vulnerabilidade, oferecendo moradia, alimentação básica, aulas de japonês, oficinas culturais e um museu da imigração — ações que constroem pontes entre o passado e o futuro.
Agosto de 2025.
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