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Dois Generais brasileiros passam a residir na China como adidos

Brasil envia dois oficiais generais à China e acende alerta em Washington com movimento inédito na diplomacia militar

Brasília, Distrito Federal, Brasil, 1º de agosto de 2025 — Agência Brasil – Em uma movimentação inédita e de alto impacto geopolítico, o governo brasileiro oficializou, por meio do Decreto nº 12.480, a designação de dois oficiais generais — um do Exército e outro da Marinha — para atuar como adidos militares residentes na China, uma ação sem precedentes na diplomacia militar do país.

Até então, apenas os Estados Unidos contavam com adidos militares brasileiros com status de oficial general, mantendo uma hegemonia histórica na interlocução de defesa com o Brasil. Agora, a China passa a ser o único outro país a receber esse nível de representação militar permanente brasileira, acompanhada por outros três oficiais designados como adjuntos e adido aeronáutico.

“Essa nomeação rompe com uma tradição doutrinária e estratégica das Forças Armadas, marcada por décadas de alinhamento quase exclusivo aos Estados Unidos”, comentou um analista militar brasileiro.

A medida foi interpretada por Washington como um sinal de realinhamento estratégico do governo Lula com o bloco dos BRICS e com a indústria bélica chinesa, justamente em um momento de tensão crescente entre os Estados Unidos e a China.

A resposta norte-americana veio com força. O presidente Donald Trump, em pronunciamento no início de julho, anunciou tarifas de até 50% sobre produtos agrícolas brasileiros, a partir de 1º de agosto, alegando desequilíbrio nas relações comerciais e classificando o Brasil como “instrumento geopolítico da China”.

Além das sanções econômicas, o senador republicano Tom Cotton apresentou o projeto legislativo S.2342, que obriga a CIA e o Diretor Nacional de Inteligência a investigar a influência chinesa no agronegócio brasileiro. O relatório deve abordar, entre outros pontos, o grau de envolvimento pessoal de Xi Jinping com autoridades brasileiras e o impacto dessa atuação sobre a segurança alimentar global.

“A China é um império do mal e está travando uma guerra econômica global”, declarou Cotton ao justificar o projeto de investigação.

Nos bastidores, militares brasileiros alertam para os riscos de uma migração abrupta da doutrina ocidental para o modelo militar chinês, citando a incompatibilidade de equipamentos, treinamentos majoritariamente em inglês e dependência tecnológica dos Estados Unidos.

“Temos sistemas complexos, cursos de formação em inglês e décadas de integração com o modelo norte-americano. Mudar isso não é simples e pode levar gerações”, afirmou um suboficial da Marinha.

Ainda assim, a decisão do Planalto é vista como um recado claro sobre o desejo do Brasil de diversificar suas alianças militares, explorar novas fontes de armamentos e reduzir sua vulnerabilidade externa frente a pressões políticas e comerciais dos Estados Unidos.

Se, por um lado, essa manobra amplia a autonomia estratégica brasileira, por outro, reacende tensões geopolíticas com Washington e introduz o risco de um rompimento sistêmico nas relações militares e comerciais com os Estados Unidos.

A presença de generais brasileiros em Beijing pode representar o primeiro passo de uma reconfiguração profunda no tabuleiro de alianças globais do Brasil. O desfecho, no entanto, dependerá da resposta dos EUA, do curso das investigações da CIA e, sobretudo, da capacidade do Brasil de equilibrar sua autonomia com os custos dessa mudança de eixo.

SourceNHK

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