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Falha em pedágio no Japão revela alto nível de civismo

Falha técnica em cobrança não impede motoristas de efetuarem pagamento voluntário, em contraste com a realidade brasileira

Tokyo, Japão, 1º de julho de 2025, The Asahi Shimbun – O Japão mais uma vez surpreendeu o mundo ao demonstrar um elevado senso de responsabilidade cívica em uma situação de crise tecnológica. No início de abril, uma falha em larga escala atingiu o sistema eletrônico de pedágios (ETC) em 106 cabines de 17 rodovias que cruzam as regiões centrais do país, incluindo Tóquio, Kanagawa, Shizuoka e Nagano. A falha começou por volta da 0h30 do dia 6 de abril e só foi resolvida às 14h do dia seguinte.

Mesmo diante da liberação emergencial da passagem sem cobrança, motoristas recorreram voluntariamente a plataformas online para realizar o pagamento dos pedágios devidos. A medida do governo japonês foi permitir a passagem livre durante o incidente, prometendo o envio posterior da cobrança — o que não impediu que milhares optassem por quitar o valor por iniciativa própria.

“Sabemos que as estradas são mantidas com nosso dinheiro. Se usei, eu pago”, afirmou um motorista da província de Aichi.

O sistema ETC é hoje utilizado por 95,3% dos motoristas no Japão, somando uma média diária de 7,74 milhões de usuários. A falha, causada por uma modificação anterior no software, expôs a complexidade do sistema, que vem sendo atualizado constantemente desde seu lançamento em 2002.

Além do conserto temporário implementado de forma rápida, o governo já trabalha em uma solução definitiva para evitar novas paralisações.

No Brasil, situações semelhantes têm se desdobrado de forma diferente. Quando ocorrem falhas em pedágios automáticos ou interrupções por protestos, a reação comum é o não pagamento, sem grande preocupação com a regularização posterior. Isso evidencia uma cultura de desconfiança no Estado e um senso coletivo ainda fragilizado.

“No Brasil, o cidadão sente que paga muito e recebe pouco. Isso alimenta uma espécie de ‘compensação moral’ que, na prática, prejudica a coletividade”, comentou um professor de ética pública.

O exemplo japonês mostra que, quando o Estado presta serviços de qualidade e o cidadão vê retorno dos seus tributos, a confiança cresce e se traduz em comportamentos éticos espontâneos — até mesmo quando não há obrigação formal envolvida.

O incidente nas rodovias japonesas tornou-se um novo símbolo de como o civismo, a confiança mútua e a transparência podem transformar até uma falha técnica em uma demonstração de virtude nacional.

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