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Simulação indica travessia pré-histórica de Taiwan para Okinawa

Estudo japonês usa supercomputador para confirmar que humanos de 30 mil anos atrás cruzaram o mar até Yonaguni

Yokohama, Província de Kanagawa, Japão, 27 de junho de 2025, NHK – Pesquisadores japoneses utilizaram um supercomputador para simular a travessia marítima de 110 quilômetros entre Taiwan e a ilha de Yonaguni, em Okinawa, ocorrida há cerca de 30 mil anos. A simulação reforça a hipótese de que humanos da pré-história conseguiram realizar essa jornada desafiadora mesmo diante das fortes correntes marinhas da região.

O estudo é uma continuidade de uma expedição realizada em 2019, quando uma equipe japonesa navegou em uma canoa escavada (dugout canoe) do Estreito de Bashi até Yonaguni, recriando as possíveis condições enfrentadas pelos antigos navegadores. A embarcação alcançou com sucesso a ilha japonesa, o que encorajou os cientistas a expandir a análise por meio de simulação computacional.

Liderado pelo cientista Yu-Lin Chang, do Centro Japonês de Ciências Marinhas e Terrestres (JAMSTEC), e pelo professor Kaifu Yosuke, da Universidade de Tóquio, o grupo utilizou dados paleoclimáticos para reconstruir digitalmente as correntes oceânicas de 30 mil anos atrás, período em que se acredita que a Corrente de Kuroshio era 10% mais intensa do que hoje.

Com base no desempenho da canoa experimental — que atingia até 1,08 metro por segundo — a equipe determinou que seria possível chegar à ilha de Yonaguni ao partir do norte de Taiwan e remar continuamente em direção sudeste, mesmo enfrentando a corrente marítima.

“Essas pessoas sabiam dos riscos, mas estavam tão confiantes que decidiram atravessar. Isso nos mostra que, em termos de coragem e estratégia, os humanos do passado não eram tão diferentes de nós”, comentou o professor Kaifu.

A pesquisa ressalta que tais expedições marítimas exigiam mais do que habilidades físicas — envolviam também planejamento, compreensão do ambiente e espírito explorador. Por isso, os cientistas se referem a esses pioneiros como “desbravadores com visão estratégica”.

As conclusões foram publicadas na revista científica Science Advances, destacando o potencial da arqueologia experimental e da modelagem computacional para reconstituir capítulos importantes da migração humana na Ásia.

Esse avanço reforça a ideia de que o ser humano, desde os tempos mais remotos, foi impulsionado pela curiosidade, pela coragem e pela capacidade de adaptar-se ao desconhecido — características que moldaram a ocupação das ilhas do arquipélago japonês.

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