Pequim, China, 5 de junho de 2025, Xinhua News Agency – Trinta e seis anos após o violento confronto em Tiananmen, a China segue silenciando a memória do incidente. Nesta quarta-feira (4), o país marcou o aniversário do episódio em que soldados reprimiram manifestantes pró-democracia na praça central de Pequim em 1989. O governo chinês afirma que o número de mortos foi de 319, mas estimativas independentes apontam para um número muito maior.
Desde a semana passada, a praça e as ruas próximas estão sob forte esquema de segurança. Policiais verificam documentos de pedestres, aparentemente para evitar eventos de memória e outras manifestações. Familiares de vítimas continuam exigindo respostas sobre o que realmente aconteceu e quem é responsável, mas enfrentam pressão das autoridades. Um familiar entrevistado relatou não poder voltar para casa em Pequim desde domingo.
O governo chinês defende que sua resposta ao que chama de “tumulto” foi correta e mantém censura rigorosa sobre o assunto. Até mesmo o número “64” é considerado tabu no país, por fazer referência à data do massacre. Em Pequim, a maioria das pessoas se recusou a falar com a imprensa estrangeira sobre o tema. Uma mulher na casa dos 30 anos, da província de Shanxi, disse lembrar vagamente do incidente, mas não conhece detalhes, pois nunca aprendeu sobre ele. Entre os jovens, o desconhecimento sobre o que ocorreu em Tiananmen é cada vez maior.
Em Hong Kong, onde vigílias anuais eram realizadas sob o princípio “um país, dois sistemas”, não houve nenhum evento público para marcar a data. Desde 2019, as autoridades locais vêm reprimindo qualquer tentativa de manifestação, e o tradicional local dos encontros, o Victoria Park, foi cercado por policiais nesta quarta-feira (4). Jornalistas foram abordados e tiveram seus documentos verificados. No ano passado, quatro pessoas foram presas por exigirem responsabilização pelo massacre, sob a acusação de incitar ódio ao governo chinês.
Uma organização cívica de Hong Kong que organizava as vigílias foi forçada a se dissolver após a aprovação da lei de segurança nacional em 2020. Muitos de seus membros estão detidos há mais de três anos, acusados de conspiração para subversão. Uma ex-dirigente do grupo, Chow Hang-tung, anunciou que iniciou uma greve de fome na prisão nesta quarta-feira (4), afirmando que seu objetivo é “lembrar este dia e reafirmar nosso compromisso”, e que acredita que “todos temos nossas próprias formas de recordar”.
O silêncio imposto pelo governo chinês e a ausência de eventos públicos reforçam o desafio de manter viva a memória do massacre entre as novas gerações. O episódio permanece como um dos mais sensíveis e censurados da história recente do país.
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