Japoneses pedem fim de armas nucleares na França

Paris, Île-de-France, França, 15 de junho de 2025 – Kyodo News – Dois sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima, no Japão, emocionaram o público francês nesta sexta-feira (13), durante um evento em Paris, ao fazerem um apelo contundente pela abolição das armas nucleares.

Yahata Teruko, de 87 anos, e Iida Kunihiko, de 82, compartilharam experiências vividas em 1945, quando foram expostos à radiação durante o ataque nuclear que devastou a cidade de Hiroshima no final da Segunda Guerra Mundial.

“Vi muitas pessoas andando com a pele queimada e pendurada, como fantasmas silenciosos em procissão”, relatou Yahata, que tinha 8 anos na época do ataque.

Apesar do sofrimento, Yahata afirmou que não guarda rancor dos Estados Unidos, mas sim um profundo desejo de que a humanidade reflita sobre o passado para avançar com consciência.

Já Iida compartilhou a dor de ter perdido a mãe e a irmã na tragédia. Ele também revelou que ainda convive com graves sequelas da radiação, incluindo múltiplos tumores.

“Mesmo décadas depois, meu corpo ainda sofre. Carrego isso não apenas como lembrança, mas como responsabilidade de falar”, disse Iida.

O evento também contou com a participação de jovens japoneses engajados em preservar a memória dos hibakushas (como são chamados os sobreviventes das bombas atômicas), que hoje enfrentam o desafio do envelhecimento e da invisibilidade internacional.

Entre os presentes, uma jovem francesa destacou a importância de mensagens pela paz diante do atual clima global: “Todo discurso em favor da paz é bem-vindo, especialmente com tantas tensões no mundo.”

Yahata reforçou que, como cidadã do único país que sofreu bombardeios nucleares, sente-se em missão de alertar a humanidade. Ela também criticou a crescente adesão à teoria da dissuasão nuclear, inclusive na França:

“Quero que encontrem outra solução, que não envolva responder a uma força com outra força”, afirmou.

O apelo dos hibakushas ganha destaque no momento em que o debate sobre desarmamento nuclear volta à tona em fóruns internacionais, pressionando as potências a reconsiderarem suas estratégias militares. O Japão, como símbolo de sofrimento atômico, segue como uma das vozes mais firmes pela eliminação total dessas armas.