Brasília, Distrito Federal, Brasil, 12 de fevereiro de 2025 (Japan Standard Time) – Agência de Notícias Reuters – Em 2024, o Brasil registrou 34 pontos e a 107ª posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), sua pior nota e colocação desde o início da série histórica, que teve início em 2012. O resultado coloca o país abaixo da média das Américas (42 pontos) e da média global (43 pontos). Essa queda reflete um cenário de retrocessos no combate à corrupção e uma crescente influência do crime organizado nas instituições públicas.
O IPC é o principal indicador global sobre a percepção da corrupção nos setores públicos dos países, sendo produzido pela Transparência Internacional desde 1995. O índice é calculado com base na avaliação de acadêmicos, empresários e juristas, entre outros especialistas, que analisam a corrupção no setor público de 180 países e territórios, atribuindo notas que variam de 0 a 100, sendo que quanto maior a nota, menor a percepção de corrupção.
Retrocesso na luta contra a corrupção
A pior colocação do Brasil no IPC é vista como um reflexo dos retrocessos nas políticas de transparência e combate à corrupção. A avaliação de 2024 aponta que, em vez de uma reversão da tendência observada nos últimos anos, houve uma intensificação da captura do Estado por interesses corruptos. Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional – Brasil, afirma que a presença crescente do crime organizado nas instituições públicas é uma das principais evidências de que o país está vivenciando um estágio avançado desse processo.
Destaques negativos e retrocessos em 2024
O relatório “Retrospectiva Brasil 2024”, lançado junto com os resultados do IPC, destaca alguns dos principais retrocessos no país. Entre eles, o silêncio do presidente Lula sobre temas anticorrupção e a permanência de ministros e empresários envolvidos em esquemas de corrupção. Além disso, a renegociação de acordos de leniência e o descontrole das emendas orçamentárias são apontados como fatores que agravam o quadro.
Desafios ambientais e corrupção
Outro ponto crítico do relatório de 2024 foi a relação entre corrupção e mudanças climáticas. Casos de corrupção que afetam diretamente a agenda climática, como a Operação Overclean e a Operação Greenwashing, são destacados. Ambos os casos envolvem fraudes em projetos de infraestrutura e de mercado de carbono, o que compromete as políticas ambientais do Brasil, além de impactar negativamente a agenda de enfrentamento das mudanças climáticas.
O Brasil, ao sediar a COP 2024 em Belém, tem uma oportunidade única de reforçar a integridade e a transparência em suas políticas ambientais, mas precisa enfrentar os desafios da corrupção que atravancam esses avanços.
Comparação global e posição no G20
Entre os países do G20, o Brasil ocupa a 16ª posição, empatado com a Turquia, ficando atrás de países como a Argentina e o Japão. A avaliação coloca o Brasil em uma posição desconfortável, especialmente considerando o contexto global de crescente conscientização e combate à corrupção. Além disso, o país está cada vez mais distante das melhores práticas internacionais de combate à corrupção, refletidas nos exemplos de países como Dinamarca e Finlândia, que lideram o índice de 2024 com notas superiores a 80 pontos.
O Índice de Percepção da Corrupção de 2024 é um alerta para o Brasil, que enfrenta desafios urgentes em áreas cruciais como a transparência pública, a governança e a integridade das políticas anticorrupção. A sociedade e as instituições precisam agir rapidamente para evitar que o país continue a retroceder nessa luta.
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