53% dos sobreviventes do Hanshin-Awaji não compartilham suas histórias

Kobe, Hyogo, Japão, 16 de janeiro de 2025, NHK – Uma pesquisa realizada pela NHK revela que mais da metade dos sobreviventes do terremoto de Hanshin-Awaji de 1995, um dos desastres mais devastadores da história recente do Japão, não compartilhou suas experiências com outras pessoas. O estudo foi realizado em preparação para os 30 anos da tragédia, que aconteceu em 17 de janeiro de 1995 e resultou na morte de 6.434 pessoas.

A pesquisa foi conduzida com 2.038 moradores de 12 cidades da província de Hyogo, uma das mais atingidas pelo terremoto e pelos incêndios subsequentes. Desses, 1.269 eram sobreviventes. Entre eles, 53% afirmaram que nunca compartilharam suas vivências ou as lições que aprenderam com outras pessoas.

Quando perguntados com quem eles mais evitavam discutir o terremoto, 62% dos sobreviventes disseram que não falam sobre o evento nem com seus familiares, 71% não o fazem com amigos ou colegas de trabalho e 83% não discutem o tema com os moradores de suas comunidades.

O motivo mais comum, citado por 74% dos entrevistados, é a falta de oportunidade para falar sobre o assunto. Outros 11% disseram que não tinham ninguém com quem conversar devido à chegada de novos vizinhos, e 11% mencionaram que evitam tocar no assunto para não entristecer os outros.

O professor Kimura Reo, da Universidade de Hyogo, especialista em psicologia de desastres e um dos responsáveis pela pesquisa, ressaltou que os resultados indicam que não é suficiente esperar que os sobreviventes compartilhem suas histórias de forma espontânea. Kimura defendeu que o governo e os líderes comunitários devem criar espaços e fóruns onde as pessoas possam se sentir à vontade para dividir suas experiências, ajudando a preservar a memória coletiva do desastre e as lições aprendidas.

O terremoto de Hanshin-Awaji, também conhecido como o Grande Terremoto de Kobe, causou uma enorme devastação na região, afetando profundamente a vida dos moradores e deixando um legado de desafios emocionais e psicológicos. A pesquisa destaca a importância de não deixar que o trauma seja esquecido, garantindo que as experiências dos sobreviventes sejam compartilhadas e lembradas pelas futuras gerações.