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quinta-feira, 23 janeiro, 2025 11:07: pm
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Você já ouviu falar da Síndrome de Hulk?

Psicólogo explica os sintomas e como diferenciar dos ataques de raiva comuns.

Koka, Shiga, Japão – 12 de junho de 2024 (Radio Shiga) – Quando imaginamos, lembramos do personagem do filme “O Incrível Hulk”, e logo de imediato, veem à nossa mente alguns adjetivos, tais como: força, transformação e sentimentos de uma raiva incontrolável.

“O Incrível Hulk”: quem nunca ouviu falar ou até mesmo já o assistiu e provavelmente tambémtornou-se fã, é aquele personagem verde que chegou à nossa telinha com muito suspense, transformação, mutação, uma admirável força além do normal.

O nome Síndrome de Hulk, é exatamente proposital para explicar o comportamento do paciente que sofre desta síndrome, todavia, é importante ressaltar que esse nome é popularizado com este título, mas tecnicamente e cientificamente de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana(DSM) recebe o nome de Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), caracterizado como episódios súbitos de perda de controle de impulsos agressivos.

Como saber se é ataque de raiva ou um T.E.I.
Todos nós, de uma forma ou de outra, sentimos raiva em momentos ou situações que fogem do nosso controle, ou até mesmo quando as pessoasnão cumprem com suas palavras; quando alguém nos afronta direta ou indiretamente; quando estamos no trânsito, em especial quando estamos atrasados para um determinado compromisso e muitos outros exemplos poderiam ser citados.

Pessoa sem transtorno: neste caso, é fundamental entender que a pessoa sente raiva e até vontade de ir “pra cima”, bater, falar algumas palavras de desabafo, porém, a mesma, consegue gerenciar a situação, ou seja, consegue frear esse impulso muito rapidamente, às vezes, em questão de segundos.

T.E.I. (Transtorno Explosivo Intermitente): esses picos de raiva ocorrem com maior frequência, cerca de 2 a 3 vezes por semana, no mínimo, com duração de 3 meses ou mais. Normalmente, a situação que levou a esse sentimento de raiva é desproporcional à explosão de fúria, isto é, não teria motivo o suficiente para agressões e quebra de objetos.

A principal diferença está na frequência e na intensidade dessa raiva. É importante entender que o sentimento de raiva, sendo proporcional à situação e com gerenciamento, com freio, é extremamente normal, como resposta emocional quando sentimo-nos ameaçados, injustiçados, magoados ou frustrados.

Exemplos de Comportamento de Raiva X Transtorno Explosivo Intermitente

1- No Trânsito: No caso de raiva, quando uma pessoa passa algum nervoso, ela tem a mesma vontade de descontar essa raiva que uma pessoa com o Transtorno, porém em questão de segundos, ela reflete sobre os prejuízos familiar, financeiro e sobre os danos no automóvel e acaba desistindo.

– Já no caso de uma pessoa com Transtorno Explosivo Intermitente, ela não se sente por satisfeita, enquanto não for descarregada essa raiva, chegando ao ponto de mudar de rota para seguir a outra pessoa. Em outras vezes, acaba jogando o carro na direção do outro sem pensar nos prejuízos, acidentes; se tem ou não crianças e outras pessoasnos veículos, tanto no que está sendo conduzido por ele ou pelo outro condutor.

2- No Celular: Quando a pessoa recebe uma ligação e ouve o outro lado da linha falar algo como: “você deveria ter chegado mais cedo, já está atrasado, você não poderia fazer tal coisa, não deveria estar em determinado lugar”, são conversas que mexe com os sentimentos e emoções do receptor. Nos sentimentos de raiva normal, a pessoa mesmo sentindo-se injustiçada, tem o seu momento de raiva, mas rapidamente gerencia e deixa suasemoções se acalmarem.

– No caso do Transtorno Explosivo Intermitente, como reação é muito imediata, já joga o celular no chão, após ouvir o mínimo de palavras. É importante deixar claro que quem tem este transtorno não se importa com valor do objeto (carro, celular, aparelho de TV, móveis, etc), importa-se apenas com a descarga emocional.

É fundamental entender também que neste Transtorno, os sentimentos pós situação, na grande maioria, manifestam-se com arrependimento por ter feito algo com um estrago tão grande, mas ainda assim não conseguem que sejam evitados.

3- Em Restaurantes ou Locais Públicos: Quando um pedido um tipo de comida, e por algum motivo vem outro prato, ainda que seja muito próximo ao que deveria ter vindo, o normal de qualquer pessoa seria ainda que reclamando, aceitar o prato ou chamar alguém responsável para troca.

– Em se tratando de quem tem o Transtorno Explosivo Intermitente, já armaria um grande barraco. Outro fato muito comum que também pode ocorrer em restaurantes, seria quando ao pedir apenas uma pedrinha de gelo no copo, o garçom chegar com duas, logo o reflexo do comportamento de T.E.I é brigar por não ter o seu pedido atendido.

– Em locais públicos quando alguém fura a fila, passando na frente, uma pessoa normal teria o sentimento de raiva, mas toleraria, ou falaria para pessoa ou com algum responsável do estabelecimento. No caso de pessoas com o Transtorno Explosivo Intermitente, ainda que não diagnosticado por um profissional, já agiria partindo pra cima, procurando briga, seja fisicamente ou verbalmente.

​Quando lemos sobre o assunto, achamos que as pessoas que tem esse transtorno, são pessoas que tem a confiança em seu porte físico, alguém que seja forte e musculoso, entretanto, às vezes são pessoas bem magrinhas e frágeis fisicamente, não se importando com o porte físico do outro.​

Principais sintomas do TEI (Transtorno Explosivo Intermitente)

. Danos e agressões físicas ou morais sem justificava ou razão;

. Ataques de ira;

. Aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos;

. Atitudes descontroladas, com arremessos e estragos de objetos;

. Suor e tremores no corpo;

. Impaciência e fácil irritação.

Onde Buscar Ajuda

Para tratamento desse transtorno, érecomendado e indicado acompanhamento psicológico associado ao uso de medicamentos, obviamente, sendo acompanhado pelo psiquiatra, o apoio familiar é inevitável para melhor eficácia.

A terapia acompanhada por um psicólogo de sua confiança irá ensinar o paciente a se posicionar, gerenciar e a controlar a ansiedade e a agressividade.

As medicações mais utilizadas e indicadas pelos médicos (um psiquiatra) para esse distúrbio são os antidepressivos ou estabilizadores de humor, utilizados também em casos de depressão e bipolaridade, esses fármacos ajudam o paciente a controlar as emoções, diminuindo assim os impulsos agressivos.

Finalizamos este artigo falando sobre a principal causa do Transtorno Explosivo Intermitente:acredita-se que seja um componente genético, sendo assim, transmitido de pais para filhos, especialmente em famílias com casos existentes de outros transtornos, tais como Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e ansiedade generalizada.

Marcos Ribeiro de Souza – Psicólogo (CRP 06-87716)
Formação Acadêmica: Bacharelado em Psicologia (2005) e Formação de Psicólogo pela UNISA – Universidade de Santo Amaro – SP, 2006. Experiência prática no Brasil, desde 2008, com atendimentos de casais, familiar, individual e empresas. Atuação no Japão desde 2012, sendo como principais causas de atendimento: ansiedade, depressão, transtornos, conflitos etc. Atuação com a Abordagem Centrada na Pessoa. Página no facebook: @psicologoclinicojapaotoyohashi; Instagram e canal no YouTube: psicologandonojapao. Inscreva-se no canal.
Colunista da Revista Boa Dica

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