O chanceler alemão, Olaf Scholz, reafirmou a solidariedade de seu país com Israel e renovou sua promessa de jamais permitir que o Holocausto se repita.
Scholz fez um discurso na quinta-feira (9), em uma sinagoga na capital Berlim, onde participou de uma cerimônia que marcou o 85º aniversário da Kristallnacht, conhecida como a Noite dos Cristais.
Os nazistas mataram dezenas de pessoas quando vandalizaram casas e empresas judaicas na Alemanha e na Áustria em 9 e 10 de novembro de 1938. Acredita-se que os ataques levaram ao Holocausto, no qual 6 milhões de judeus foram assassinados.
A população da Alemanha realiza anualmente cerimônias para lembrar a Kristallnacht. Mas a mídia local diz que as comemorações deste ano tiveram um significado adicional, pois ocorreram depois que muitos judeus perderam suas vidas em ataques surpresa do grupo terrorista islâmico Hamas contra Israel em 7 de outubro.
Scholz enfatizou que a Alemanha deve manter, não apenas em palavras, mas acima de tudo em ações, sua promessa pós-guerra de nunca mais permitir que o Holocausto ocorra novamente.
Scholz se comprometeu a não tolerar uma onda de crimes antissemitas e atividades pró-Hamas em seu país. Ele acrescentou que Israel tem o direito de se defender contra o que ele chama de “terror bárbaro” do Hamas.
No entanto, a posição consistentemente pró-Israel do governo alemão está provocando uma reação interna, com muitos cidadãos demonstrando sua união com a população da Faixa de Gaza.
Cerca de 500 pessoas participaram de uma manifestação em Berlim organizada por um funcionário de uma empresa de origem palestina em 29 de outubro. Elas exigiram um cessar-fogo imediato para os combates.
O organizador disse que o governo e os políticos da Alemanha não conseguiram levantar a voz contra a operação militar de Israel, pois confundem antissemitismo com críticas a Israel.
O ativista acrescentou que a Alemanha, como uma democracia, tem o dever de condenar os crimes de guerra e, pelo menos, buscar um cessar-fogo.
Um protesto semelhante em 4 de novembro atraiu cerca de 9.000 pessoas, que marcharam ao longo de uma avenida no centro de Berlim para pedir que o governo alemão apoiasse um cessar-fogo.
Scholz visitou Israel no mês passado, tornando-se o primeiro líder do G7 a fazê-lo após os ataques de 7 de outubro. Ele enfatizou em uma coletiva de imprensa conjunta com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu que a segurança de Israel é a “razão de Estado” da Alemanha.
A professora Marietta Auer, do Instituto Max Planck de História Jurídica e Teoria Jurídica, destacou que é extraordinário para a Alemanha incorporar a existência de um país que não seja ela mesma em sua razão de Estado.
Auer disse que pode afirmar que garantir a existência de Israel é um dever histórico da Alemanha porque o país do Oriente Médio foi fundado como um lugar seguro para os judeus após o Holocausto.
Mas a professora advertiu que incluir a segurança de Israel na razão de Estado da Alemanha poderia causar o mal-entendido de que a Alemanha ignora os direitos humanos das pessoas em Gaza para proteger Israel.
Auer também observou que a demografia da Alemanha mudou consideravelmente com a imigração da Síria e dos territórios palestinos. Ela explicou que esses e outros imigrantes não compartilham a ideia de que a Alemanha tem uma responsabilidade especial devido ao seu passado nazista.
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