Homem exposto como gay recebe indenização trabalhista, possivelmente a primeira no Japão

Um homem, que se assumiu gay no trabalho e desenvolveu uma doença mental, tornou-se elegível para receber indenização dos funcionários, no que, provavelmente, é o primeiro caso desse tipo no Japão.

O homem, de 20 anos, e seu grupo de apoio realizaram uma coletiva de imprensa na segunda-feira (24), para divulgar detalhes do caso.

Ele entrou em uma agência de seguros em Tóquio em 2019. Ele disse ao seu empregador que estava vivendo com um parceiro do mesmo sexo e pediu que isso fosse compartilhado apenas entre os funcionários regulares que precisavam saber suas informações de contato de emergência.

Mas cerca de um mês depois, seu chefe divulgou sua orientação sexual a um funcionário de meio período sem seu consentimento.

O chefe alegou ter feito isso em seu nome e disse que não faria diferença se mais uma pessoa soubesse que ele é gay.

O homem perdeu a confiança em seu chefe e as relações entre os dois se deterioraram. Mais tarde, ele desenvolveu uma doença mental e deixou o emprego dois anos depois.

O escritório de normas trabalhistas determinou, em março do ano passado, que sua doença foi causada pela exposição como uma forma de assédio de poder, e ele tem direito à indenização trabalhista.

O grupo de apoio diz que esse é, provavelmente, o primeiro caso no Japão em que uma doença causada por assédio foi reconhecida como relacionada ao trabalho.

A agência de seguros se desculpou com o homem, pagou o valor do acordo e prometeu educar os funcionários para evitar uma recorrência.

O homem disse que se ele tivesse permanecido em silêncio, isso significaria que ele havia tolerado o abuso dos direitos humanos.

Ele aclamou a decisão do escritório de normas trabalhistas como um grande passo à frente e pediu que as vítimas denunciadas não guardassem seus problemas para si, mas procurassem ajuda externa.

Alguns governos locais no Japão introduziram decretos que proíbem a divulgação da orientação sexual e da identidade de gênero das pessoas sem consentimento.

A cidade de Kunitachi, em Tóquio, foi a primeira a promulgar uma lei desse tipo há cinco anos, depois que um estudante de pós-graduação da Universidade de Hitotsubashi, na cidade, morreu após ter sido revelado como gay.

O distrito de Toshima, em Tóquio, seguiu o exemplo há quatro anos.

As prefeituras de Saitama e Mie têm leis semelhantes.