Kishida não arriscará com a variante Ômicron e Japão fecha fronteiras
O Primeiro Ministro Fumio Kishida foi rápido em intensificar o controle fronteiriço do Japão em relação à variante Ômicron do coronavírus chinês, impondo uma proibição de novas entradas por parte de todos os visitantes estrangeiros a partir de terça-feira (30).
Para Kishida, que tomou posse em 4 de outubro em meio a uma pausa nos casos da COVID-19 no Japão, a nova variante é seu primeiro grande teste de liderança e ele não está correndo nenhum risco ao imitar seu antecessor, Yoshihide Suga, que foi forçado a se demitir em meio a críticas por sua resposta lenta e foco nas atividades econômicas.
“Estou pronto para enfrentar críticas de que estou sendo cauteloso demais”, disse Kishida aos repórteres na segunda-feira (29), aparentemente esperando uma reação negativa da comunidade empresarial.
Embora as características da variante e a eficácia das vacinas para a cepa permaneçam desconhecidas, Kishida disse: “Ao lidar com um risco desconhecido, é melhor tomar todas as precauções”.
Sua determinação chegou a um teste na terça-feira quando uma fonte do governo disse que o Japão confirmou o primeiro caso da variante Ômicron no país portado por um homem de 30 anos que chegou ao aeroporto de Narita, perto de Tóquio, vindo da Namíbia, no domingo (28).
Sob as novas regras a serem implementadas por pelo menos um mês, o Japão exige que os residentes japoneses e estrangeiros de 23 países e regiões sejam colocados em quarentena nas instalações designadas, bem como a redução de seu limite diário para o número de pessoas que chegam de 5.000 para 3.500.
O Japão teve a opção de manter a proibição de entrada mínima, aplicando-a apenas à África do Sul e a outros oito países africanos, mas Kishida tomou a decisão de expandir seu escopo na crença de que os controles de infecção não devem ser reativos, de acordo com fontes governamentais.
O fechamento da fronteira ocorre em um momento em que o governo de Kishida se prepara para retomar as atividades econômicas para ajudar a reviver a economia do país, devastada pela pandemia, antes da eleição da Câmara dos Conselheiros no próximo verão.
Em 8 de novembro, o Japão flexibilizou sua proibição de novas entradas de estrangeiros, permitindo que empresários, estudantes e participantes de seu programa de estágio técnico entrassem na condição de que suas organizações anfitriãs concordassem em monitorar suas atividades.
O gabinete também aprovou na sexta-feira passada um orçamento suplementar recorde de 36,0 trilhões de ienes (US$ 314 bilhões) para o ano fiscal de 2021, para financiar um pacote de estímulo econômico para aliviar as conseqüências da pandemia.
Também houve pressão do Partido Liberal Democrático, dominante, com sua chefe de política, Sanae Takaichi, exortando o governo Kishida a tomar “medidas baseadas no pior cenário possível”.
O principal porta-voz do governo, o Secretário Chefe de Gabinete, Hirokazu Matsuno, fez eco dessa opinião, dizendo repetidamente: “A essência da gestão de crises é considerar o pior cenário possível”.
“Queremos entrar na eleição da Câmara Alta (campanha) depois de dar um impulso à economia, mas o fracasso em lidar com a variante Ômicron poderia dar um golpe fatal” para o partido, disse um membro sênior do LDP.
O controle fronteiriço reforçado do Japão está no nível mais rigoroso entre os países que tomaram medidas contra a propagação da variante Omicron, que a Organização Mundial da Saúde – OMS, designou como “variante de preocupação”.
A Grã-Bretanha não proibiu totalmente novas entradas, mas exige testes de vírus para todas as pessoas que ingressam no país e pediu às pessoas que façam a auto-quarantena, independentemente de terem sido vacinadas, se houver suspeita de terem entrado em contato com os infectados com a nova variante.
Os Estados Unidos restringem a entrada a partir da África do Sul e de outros sete países africanos.
Mas se o Japão pode impedir a entrada da variante no país com as medidas rigorosas permanece desconhecido, dado que a cepa está se espalhando rapidamente.
Antes da confirmação da primeira infecção da variante no Japão, um funcionário do Ministério da Saúde admitiu que existe a possibilidade de que as pessoas que entraram em contato próximo com o homem da Namíbia já tenham entrado no Japão.
“Acredita-se que a infecciosidade da variante Omicron seja forte, e há uma alta probabilidade de que ela entre no Japão”, disse Satoshi Hiroi, pesquisador de virologia do Instituto de Saúde Pública de Osaka.
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