Enviado dos EUA adverte o Irã antes do reinício das negociações nucleares

O enviado especial americano advertiu que a pressão sobre o Irã pode crescer se Teerã avançar seu desenvolvimento nuclear antes das conversações que retomarão para resgatar o acordo de 2015 sobre seu polêmico programa.

Robert Malley, enviado especial dos EUA para o Irã, falou em uma entrevista para a BBC antes de os dois países reiniciarem suas negociações indiretas na segunda-feira (29). As conversações serão as primeiras desde a posse da administração do presidente iraniano Ebrahim Raisi, um conservador de linha dura anti-americano.

Malley disse que se o Irã tentar “usar as negociações como cobertura para acelerar o programa nuclear, e como eu digo, arrastar seus passos na mesa nuclear, teremos que responder de maneira que não seja nossa preferência”. Ele acrescentou: “Ninguém deve se surpreender se, nesse momento, houver uma pressão maior sobre o Irã”.

O Irã e as potências mundiais, incluindo os EUA, chegaram a um acordo em 2015 para refrear o programa nuclear de Teerã em troca do alívio das sanções.

Mas a administração do ex-presidente americano Donald Trump retirou unilateralmente seu país do pacto e retomou as sanções contra o Irã em 2018.

As duas nações iniciaram negociações indiretas em abril deste ano para resgatar o acordo. Eles discutiram o que fazer com as sanções e como restringir as atividades nucleares que têm sido conduzidas pelo Irã em resposta às medidas punitivas.

O Irã vem acelerando seu desenvolvimento nuclear desde que as negociações foram suspensas em junho e aumentou drasticamente seu estoque de urânio enriquecido.

As conversações indiretas serão mediadas pelas principais potências, incluindo os países europeus que são parte do acordo de 2015.

Mas espera-se que as negociações sejam duras, pois ainda existem diferenças entre Teerã e Washington.

O Irã usou as conversações para exigir a eliminação completa das sanções, enquanto os EUA parecem determinados a manter as sanções relativas a questões como o terrorismo e os direitos humanos.