Documentos demonstram que Thatcher se preocupava com Hong Kong

Documentos diplomáticos recentemente desclassificados mostram que a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher expressou preocupação com o futuro de Hong Kong após o massacre da Praça Tiananmen.

Em 4 de junho de 1989, o Exército de Libertação do Povo Chinês usou a força contra estudantes pró-democracia e outros manifestantes na Praça Tiananmen, em Pequim. A repressão resultou em muitos mortos e feridos.

Thatcher foi primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990. Ela negociou a entrega de Hong Kong com o ditador chinês Deng Xiaoping.

A declaração conjunta sobre a reversão do território foi assinada em 1984 e Hong Kong foi entregue em 1997.

Os documentos fornecem detalhes de uma conversa entre Thatcher e o então embaixador japonês na Grã-Bretanha, Chiba Kazuo, que ocorreu em 14 de setembro de 1989.

A primeira ministra detalhou suas conversas com Deng. Ela disse que Deng não compreendia que o governo britânico estava sujeito a restrições legais.

Thatcher descreveu Deng como insistindo que as leis podem ser alteradas para se adequar ao governo. Ela continuou dizendo que achava que os problemas que a China estava enfrentando na época eram decorrentes dessa maneira de pensar.

Ela visitou o Japão cinco dias depois e se encontrou com o então Ministro das Relações Exteriores japonês Nakayama Taro.

Durante essa reunião, ela sugeriu que os 5 milhões de habitantes de Hong Kong deveriam estar sentindo uma grande ansiedade em relação a um governo que fosse capaz de tratar seus próprios cidadãos de tal maneira.

A professora associada da Universidade Kyushu, Nakashima Takuma, é especialista na história da segunda metade do século XX. Ele comenta que os registros são lidos como se Thatcher pudesse prever os eventos que se desenrolaram recentemente em Hong Kong.

Ele também descreve a noção de Thatcher de que havia pouco respeito pelo Estado de Direito entre os líderes na China, como sendo de grande interesse do ponto de vista histórico.