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A vida das meninas Chibok sequestradas pelo grupo Boko Haram, aliado do EI, na Nigéria

A vida das meninas Chibok sequestradas pelo grupo Boko Haram, aliado do EI, na Nigéria. Há um mês, a primeira de um grupo de mais de 200 alunas sequestradas de Chibok foi libertada no nordeste da Nigéria, após dois anos nas mãos do grupo militante islâmico Boko Haram, que jurou fidelidade ao Estado Islâmico

A menina ganhou ampla cobertura quando foi levada para se reunir com o presidente Muhammadu Buhari.

Seu irmão, que foi ao encontro para vê-la, foi mandado de volta para casa por agentes do Estado, durante a visita, e agora diz não ter idéia do paradeiro de sua irmã ou da sua mãe, que os acompanhava.

Yakubu Nkeki, o porta-voz dos pais das estudantes sequestradas de Chibok e um amigo próximo da menina, diz que já a conhecia desde a infância, também não teve contato com ela desde sua visita para conhecer o presidente.

Ele disse à BBC que, depois que ela foi liberada, sentaram-se juntos por horas e ela contou seu calvário desde o início.

Sequestro

Ao descrever como ela foi sequestrada de sua escola na cidade de Chibok, ela riu, algo Nkeki diz que estranhou muito.

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“Depois que foram retiradas da escola”, ela disse que, “foram colocadas em um lugar, como um grande grupo, mas depois de algumas semanas elas foram levadas para a Floresta Sambisa.

Lá, algumas das meninas maiores foram forçadas a casar com os militantes, mas naquele momento ela não foi dada em casamento porque era vista como uma menina pequena. ”

Ela estava apavorada com a idéia de ser forçada a casar com alguém que não conhecia ou amava, mas ela também estava aliviada por ter sido poupada.

Ela falou que os ataques aéreos sobre os militantes do Boko Haram obrigavam o grupo a descolar-se constantemente para evitar a detecção. As meninas forma, então, dividas em grupos menores e mudaram-se para diferentes locais.

‘Casamento’

Ela estava em um grupo com cerca de seis meninas, e foram levadas para um grande prédio cercado por um grande muro, sem uma entrada.

“Eles tiveram que passar por cima do muro com uma escada, para poder entrar, e não tinham maneiras de sair de novo”, disse Nkeki.

The Chibok girls in a Boko Haram video released in May 2014

“A esta altura, as meninas tinham se juntado com outras meninas que haviam sido capturadas. Elas não podiam entender umas as outras, porque todas eles falavam línguas diferentes.”

Ela disse que depois de cerca de seis meses no edifício, seus piores medos se tornaram realidade, quando ela foi forçada a se casar com um dos militantes do Boko Haram. O homem disse a ela que também tinha sido raptado da cidade de Mubi e fored para se tornar um combatente.

O edifício não tinha qualquer tipo de alimento, somente um saco de milho embebido em água que era comido cru. Mais tarde, eles encontraram uma grande pedra que usavam para moer o milho.

Orações

Logo depois, os homens começaram a sair para atacar outras aldeias para roubar alimentos, utensílios de cozinha e utensílios domésticos.

Ela disse a Nkeki que um dia o grupo ouviu um forte barulho do lado de fora. Foi uma explosão que fez um enorme buraco no muro e algumas das meninas viram uma chance de escapar e correram para a densa floresta nas proximidades.

Havia muitos militantes do Boko Haram acampados por perto e as que fugiram, foram logo recapturadas.

Agora casada com um dos militantes, ela disse que não podia escapar. Ela disse que temia que nunca mais veria sua mãe e sempre que ela estava sozinha, ficava até uma hora de joelhos, rezando para que fosse resgatada.

Embora ela dissesse a seus captores que tinha aceitado sua religião, internamente manteve a sua fé cristã.

Ela sabia o que poderia acontecer se fizesse o contrário, como testemunhou a morte horrível de outra menina que se recusou a se converter ao Islã. Os militantes a enterraram até a cintura e obrigou as outras a apedrejá-la até a morte.

“O Boko Haram as levou para outra parte da Floresta Sambisa”, continua o Nkeki. “A menina vivia com o marido, e ele fez um abrigo de palha para ambos na floresta.”

Agora havia apenas três meninas Chibok deixadas no grupo, porque as outras três foram perdidas, possivelmente mortas em ataques militares. Ela disse que naquela área havia muitos grupos de militantes combatentes e um grande número de mulheres e crianças com eles.

Fuga

Houve mais ataques aéreos e muitos dos combatentes do Boko Haram foram mortos para que seu marido dissesse que ele não estava mais disposto a continuar lutando. Nessa época, ela tinha tido um bebê. Foi quando ela e seu marido decidiram fugir.

Ela tinha ganhado a confiança dele, acreditava que ele não era como os outros membros do Boko Haram e e tornou-se confiante o suficiente para fugirem. Eles caminharam durante dois dias antes de chegar a uma aldeia chamada Bali.

Campaigners in Abuja march during a rally for the release of the schoolgirls abducted by Boko Haram. Photo: 17 October 2014
A campanha para a libertação das estudantes tornou-se global

Este foi o seu primeiro contacto com o mundo exterior, livre do controle do Boko Haram.

Os aldeões eram, principalmente, mulheres e crianças e seu marido, que era o único homem jovem do local.

Ele ficou com medo de ser apanhado, por isso decidiu ir embora e esconder-se no mato.

Eles permaneceram na área por duas a três semana, até que alguns vigilantes chegaram e perguntaram se havia chegado qualquer pessoa na aldeia.

Ela lhes disse que era uma das meninas sequestradas de Chibok.

Ela também lhes disse onde seu marido estava escondido, eles, então, os levaram para a casa dela e ela pôde finalmente ver sua família novamente.

“Mãe, é realmente você?” Ela chorou quando encontrou com sua mãe.

Dezenove outros pais não viveram para ver se suas filhas também seria libertadas, alguns morreram em ataques do Boko Haram e outros devido a complicações relacionadas com o stress.

A Cameroonian soldier

Acredita-se que a menina esteja, agora, em fase de reabilitação e sessões de esclarecimento com agências de inteligência para ajudar a fornecer informações. Ela pediu-lhes para não prejudicar seu marido, pois o considera um bom homem.

O porta-voz militar, general Rabe Abubakar, disse que ela estava sendo bem cuidada.

“Ninguém está escondendo qualquer um, temos que protegê-la e dar-lhe toda a segurança necessária para que se recuperar bem. Assim que tudo estiver resolvido, ela estará acessível”, disse ele à Associated Press.

Desde que foi resgatada, a menina teve pouco acesso ao mundo exterior, de modo que ela não tem a liberdade que previa, porém, depois de dois anos nas mãos do Boko Haram, isto é uma forma de liberdade.

SourceBBC

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