Okinawa pede retirada de Marines norte-americanos “após assassinato de mulher por trabalhador da base”. A Assembléia da Província de Okinawa aprovou uma resolução, nesta quinta-feira, protestando sobre o alegado envolvimento de um civil, trabalhador da base norte-americana, na morte de uma mulher local e pedindo a retirada dos fuzileiros navais dos EUA da ilha.
A aprovação da resolução, dirigida ao governo e militares dos EUA, e uma declaração em separado dirigida ao governo japonês, acontece uma semana depois do ex-fuzileiro naval, que trabalha na base aérea de Kadena, dos EUA, em Okinawa, foi preso e o corpo de uma mulher de 20 anos foi encontrado, com base em suas declarações.
É raro a Assembléia de Okinawa pedir a retirada dos fuzileiros navais da província, um sinal dos crescentes apelos para os governos japonês e norte-americano para que tomem medidas para evitar incidentes semelhantes.
A resolução e declaração, apresentado pelo partido comunista japonês e pelo Partido Social-Democrata, que controlam a Assembléia, teve o apoio, raro, do partido Komeito, que tende a não tomar lado na Assembléia.
Tanto a resolução quanto a declaração pedem a revisão do acordo de Status das Forças entre Japão e EUA (SOFA), que define a manipulação de membros do serviço dos EUA e pessoal não-militar no Japão, incluindo os casos em que eles são acusados de terem cometido crimes.
Eles também pedem o cancelamento da transferência da Estação Aérea de Futenma para o interior da Província e o fechamento da base.
“Nós protestamos, fortemente, contra os militares dos EUA e vamos lidar com o caso severamente, vamos levar em conta qualquer progresso nas investigações”, disse o Governador de Okinawa, Takeshi Onaga, após a Assembléia adotar, por maioria, a resolução e declaração.
O Partido Liberal Democrático, oposição, estava ausente quando a resolução e declaração foram postas em votação.
Na quinta-feira da semana passada, Kenneth Franklin Shinzato, 32, foi preso por suspeita de abandonar o corpo de uma mulher em Okinawa, no final de abril. O norte-americano, desde então, admitiu ter matado a vítima depois de ter abusado sexualmente dela, de acordo com fontes de investigação.
Numerosas assembleias municipais da província já passaram resoluções protestando sobre o crime, enquanto a população continua a colocar flores na área arborizada, na aldeia de Onna, onde o corpo da mulher foi encontrado.
“Só sinto raiva”, disse Minato Tokashiki, 21, que visitou o local com sua namorada. “A base norte-americana deve ser removida o mais rápido possível.”
A resolução e declaração também questionou a eficácia dos esforços das forças dos EUA para evitar a reincidência, por membros do serviço e pessoal civil ligadas às bases dos EUA em Okinawa. Apelaram também para a consolidação das bases da prefeitura, além de solicitar indenização e um pedido de desculpas à família da vítima.
Em uma aparente tentativa de acalmar a raiva local, o presidente dos EUA, Barack Obama, ofereceu suas “sinceras condolências e profundo pesar” a família da mulher, em uma reunião com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, na quarta-feira, antes da cúpula do G-7, no centro de Japão, a partir quinta-feira.
O crime aconteceu em um momento delicado para as relações bilaterais, com Obama se preparando para fazer uma visita histórica à cidade de Hiroshima, na sexta-feira, após a cúpula do G-7.
Em Tóquio, na quinta-feira, o governo japonês criou uma equipe especial de oficiais para conter os crimes na Província de Okinawa. A equipe, liderada pelo chefe de gabinete, Yoshihide Suga, e composta principalmente de funcionários das chancelarias e de defesa, bem como a Agência Nacional de Polícia, visa introduzir mais luzes de rua, por exemplo.
Suga negou, porém, que a equipe iria lidar com uma revisão do SOFA (Status of Forces Agreement), dizendo que o governo já está trabalhando para melhorar a forma como o acordo é implementado.
À medida que a investigação sobre o assassinato continua, a polícia de Okinawa confirmou, na quinta-feira, que as chaves encontradas em um canal de água em Uruma, na terça-feira, eram da casa e do carro pertencente a vítima. A polícia continua a procurar na mesma área outros pertences e uma arma que poderia ter sido utilizada no crime.
O suspeito não foi acusado de assassinato.
Mais de 70 anos após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, Okinawa continua a acolher a maior parte das instalações militares dos EUA no Japão. Juntamente com a forte presença militar dos EUA, crimes cometidos por membros do serviço norte-americano e pessoal não militar em Okinawa tornaram-se uma constante fonte de descontentamento entre a população local.
O estupro de uma estudante de 12 anos em Okinawa por três militares EUA em 1995, em particular, provocou uma onda de indignação pública.
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