Dividida, Avenida Paulista tem protesto contra e comemoração pelo impeachment. Divididos pela Polícia Militar, manifestantes contra e a favor do impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, ocupam as vias da Avenida Paulista em dois pontos distintos enquanto o Senado Federal continua discutindo na noite desta quarta-feira (11) a admissibilidade ou não do processo de impedimento.
Os grupos bloqueiam o tráfego de carros nas quatro pistas no sentido bairro. Na altura do Museu de Arte de São Paulo (Masp), concentram-se os manifestantes que protestam contra a interrupção do mandato da presidente. Em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), estão os que comemoram o iminente afastamento de Dilma.
O grupo contra o impeachment distribuiu velas no chão da avenida em uma sequência formando a palavra “luta”. Eles gritavam palavras de ordem contra o impedimento da presidente, entre elas “coxinha, aceita, Dilma reeleita”, e o “não vai ter golpe”. Eles também protestavam contra um governo de Michel Temer, chamado-o de “traidor”.
Golpe midiático
“Isso é um golpe orquestrado por conservadores reacionários, políticos da pior espécie que compõem o Congresso Nacional e nosso Senado. A população vai resistir e vai continuar nas ruas, e o governo Temer não vai continuar. A gente vai fazer oposição firme e dura”, afirmou Marcelo Tavares.
“Não espero nada do governo Temer. Espero corrupção, o pior tipo de governo possível. Espero confisco de direitos sociais, nada de bom. Isso já está anunciado”, completou.
Os manifestantes contra o impeachment chegaram a interromper todas as oito faixas da avenida, mas recuaram e, após alguns minutos, voltaram o ocupar as quatro pistas do sentido bairro. Não havia nenhum telão ou carro de som, apenas alguns instrumentos de uma bateria. O policiamento calculou que havia cerca de 300 pessoas presentes.
“O que está ocorrendo é uma palhaçada, um golpe de estado, um golpe midiático, um golpe empresarial. A partir de agora, continuam as manifestações sem parar, todo dia. Vai ter protesto, vai ter trancaço, vai ter tudo que você possa imaginar. Não vai ter governo Temer, disse a militante Amanda Lordello.
Comemoração
Em frente ao prédio da Fiesp, os manifestantes, cerca de 300 também, comemoravam o iminente afastamento da presidente Dilma. Um grande caminhão de som, com um grupo de samba, animava o ato, que deverá prosseguir durante a noite e até o fim da votação do Senado Federal.
“O dia de hoje representa para mim o renascimento do Brasil. O país que a gente sempre quis, que foi roubado e que agora está sendo devolvido. A sensação de alívio é muito grande. Quero meu país de volta. Vai ser duro, vai ser difícil, vai demorar, mas não importa. A gente quer um país justo para todo mundo. Queria que meu pai estivesse vivo para ver isso aqui”, informou Keila Pitta.
“Queremos o Brasil como era antes, sem roubalheira, sem corrupção. Espero que o Temer faça a coisa certa, que faça os ajustes que precisam ser feitos e que a economia volte a andar. Que ele faça o país andar”, acrescentou.
Julgamento
Os manifestantes inflaram bonecos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma com roupas de prisioneiros. Cartazes pediam a prisão de ambos. “Depois do impeachment virá a cadeia”, dizia um deles. Parte dos manifestantes, no entanto, não considerava que o momento significava uma vitória completa.
“O dia de hoje representa o segundo grande passo depois da aprovação pela Câmara. Não está terminado. Nossa luta ainda vai ser longa. Ainda tem de ter o julgamento. Agora vamos passar por um período complicado, um governo que o PT vai combater. A governabilidade do governo Temer será hiper complicada”, disse o manifestante Lauro Shida.
“Pelo menos sem o governo do PT, vamos escapar desse projeto de ditadura, esse projeto de poder. Já é um grande passo. Teremos a possibilidade agora, se o PMDB não fizer um bom governo, de derrubar. E ele já vai começar recebendo muitas críticas, porque foi o partido que apoiou o PT em tudo que eles fizeram. Foram os fiadores de tudo que o PT fez”, concluiu.
Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil
Edição: Armando Cardoso
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