Colapso do regime norte-coreano parece inevitável, e o mundo precisa estar preparado. Especialistas dizem que o frágil plano econômico revelado no Congresso do Partido dos Trabalhadores fará pouco para aliviar os problemas incapacitantes do país, que incluem escassez alimentar e crescente descontentamento.
O sétimo Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, o primeiro em 36 anos, acabou por ser uma coroação para Kim Jong-un, formalizando o sistema centralizado no jovem líder e promover o status do partido, vis-à-vis, ao do exército.
Foi re-enfatizada a estratégia nacional byungjin, que exige garantir um arsenal nuclear, enquanto procuram desenvolver a economia.
Um plano de cinco anos foi apresentado para mostrar o compromisso do governo com os problemas econômicos, especialmente o fornecimento de energia elétrica, com Kim admitindo que a falta de energia tem afetado o desenvolvimento econômico e melhoria das condições de vida das pessoas.
A idéia geral do congresso foi que Pyongyang iria dedicar maiores esforços para a reforma econômica, prestar mais atenção ao desenvolvimento de sua economia e melhorar a vida das pessoas.
No entanto, na realidade, o plano meramente abre a porta para reformar apenas uma rachadura em vez de uma reforma ampla. Sem essa abertura, as reformas não terão progressos significativos. Assim, ainda há muita incerteza sobre o futuro da Coreia do Norte.
Com a queda significativa na produção de grãos e redução da ajuda alimentar, como resultado do aumento das sanções internacionais, a Coreia do Norte, neste ano, enfrenta um grave problema alimentar.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas, já há um déficit de 1,1 milhões de toneladas de alimentos, e um quarto das crianças estão gravemente desnutridas.
Houve sinais de que Pyongyang está se preparando para o quinto teste nuclear e mais mísseis. Se Kim seguir seu próprio caminho, independentemente da oposição da comunidade internacional, vai, certamente, trazer mais duras sanções sobre a sua nação, o que afetará seu plano de transformar a Coreia do Norte em potência econômica.
Assim, enquanto ainda está difícil avaliar a Coreia do Norte, na íntegra, continua a haver uma alta probabilidade de colapso do regime.
A menos que Pyongyang desista de seu programa nuclear, a estratégia byungjin está fadado ao fracasso.
Mesmo com uma recuperação econômica e melhoria substancial na vida das pessoas, é improvável que essa tendência mude. As duras sanções deixaram muitos das classes altas em desacordo com a liderança e levou a um número crescente de desertores. Recentemente, 13 funcionários de um restaurante norte-coreano em Ningbo (寧波) desertaram para o Sul – o maior grupo na última década.
O problema, geralmente, surge dentro das próprias fronteiras. Uma vez que aqueles que se beneficiaram do regime no passado, tornam-se insatisfeitos com o governo e buscam uma rota de fuga, o colapso da dinastia Kim, construído com base em mentiras e repressão, está muito próximo. Há, ainda, 10 a 15 anos para a família Kim governar, e um colapso poderia começar a qualquer momento. Sendo assim, como esse cenário poderia evoluir?
Existem várias possibilidades. Em primeiro lugar, se a economia não decolar a longo prazo, mais pessoas serão empurradas para a extrema pobreza, causando insatisfação geral com o governo, levando a mais e mais pessoas, de todas as classes, a tentarem fugir do país. Sob tais circunstâncias, o colapso só precisa de um catalisador.
Com aplicação das sanções da ONU, é impossível para Pyongyang resolver, rapidamente, os problemas de escassez de alimentos e de energia elétrica.
As sanções irão, cada vez mais, isolar a Coreia do Norte, impedindo-o de ganhar os fundos necessários, tecnologia e assistência para estimular o crescimento. Assim, a longo prazo, sem a recuperação econômica, a insatisfação vai crescer entre as pessoas. Com a pobreza generalizada e o descontentamento social geral, seria cada vez mais difícil para o governo lidar com qualquer situação de emergência causada por erros na política, algo que é comum em um regime totalitário.
Em segundo lugar, a fim de resolver o problema da falta de alimentos para suportar um grande exército, Pyongyang teria de promover a auto-suficiência entre os seus cidadãos, relaxar o controle sobre a economia, de uma forma limitada e, até certo ponto, ainda permitir alguma forma do capitalismo.
Em seu estado frágil, a Coreia do Norte também seria cada vez mais vulnerável a desastres naturais. Sem ajuda externa, que apoiou o governo no passado, durante tais calamidades, seria difícil para Pyongyang, se não impossível, lidar com qualquer desastre natural ou provocado pelo homem.
A possibilidade de um golpe interno também existe; o mal-humor e natureza instável do regime totalitário leva ao medo e a insegurança, poderia levar a uma luta interna, sangrenta, pelo poder.
Acredita-se que o medo de um golpe levou Kim a executar seu tio, Jang Song-taek, e outros veteranos. O congresso parece consolidar ainda mais o poder de Kim, mas a sua estabilidade é muito superficial e novos dissidentes poderia ser criados por ações do regime, a qualquer momento.
Por último, uma intervenção externa, incluindo assassinatos dirigidos e ataques militares, é possível. Em função de suas capacidades, haveria pouco que a Coreia do Norte poderia fazer se os EUA decidirem avançar com tal opção.
Em tais circunstâncias, seria difícil para Kim e sua família sobreviverem aos desafios, em casa e no exterior.
Em qualquer um dos cenários acima, uma grande calamidade se abateria sobre Pyongyang, que já está sofrendo muito estresse e perigo.
O colapso da Coreia do Norte é apenas uma questão de tempo; é importante que a comunidade internacional perceber isso, explore a questão e esteja preparada para as inevitáveis reações em cadeia.
- Deng Yuwen is a researcher at the Charhar Institute think tank.
- Huang Ting is a researcher at the Innovation and Development Institute, Shenzhen.
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