Tóquio corre o risco de aumentar as tensões ainda mais nas relações com Pequim e não exclui a possibilidade de enviar forças de autodefesa em caso de conflito armado no mar da China Meridional, segundo declarou o premier japonês Shinzo Abe.
A declaração foi feita pelo primeiro-ministro do Japão no parlamento, onde ele também declarou que poderia ajudar a Austrália – o aliado principal dos EUA na região da Ásia-Pacífico.
Tais declarações, pelo menos, são provocantes. A China se mostrou muito irritada quando no início do maio, após a visita de Abe aos EUA, os militares do Japão declararam que tinham estudado a possibilidade de patrulhar o mar da China Meridional juntamente com os EUA.
A declaração sobre o apoio dos EUA é mais um desafio, esta vez direto, à China. É óbvio que a China se tornará uma das partes do eventual conflito armado, e os EUA ficarão do outro lado das barricadas, apoiando abertamente os principais rivais da China na região – as Filipinas e o Vietnã.
As declarações de Abe irritam a China também por razão de que a situação no mar da China Meridional pode se tornar um exemplo de aplicação da nova lei sobre aumento de poderes de forças de autodefesa.
A China está muito preocupada porque pela primeira vez após a Segunda Guerra Mundial, as forças de autodefesa do Japão terão o direito de participar nas hostilidades no exterior. Este direito foi intencionalmente limitado pela comunidade internacional após a derrota do Japão militarista como a punição por agressão contra países asiáticos. O chefe do centro de Estudo de problemas político-militares do Instituto das Relações Internacionais (MGIMO, na sigla russa) Aleksei Podberezkin acredita que os Estados Unidos estão diretamente envolvidos no fato de que o Japão está transformando suas forças militares de defensivas para ofensivas:
“Os EUA não precisam das forças defensivas do Japão como tais. Mas o uso do Japão como aliado e principal força ofensiva no leste da Ásia é a meta que os EUA se criaram. Nas diferentes partes do mundo os EUA estão procurando e acham os países que estão prontos para participar na resolução de questões militares. Neste caso os norte-americanos não têm que usar as suas forças terrestres. No leste da Ásia tal meta é alcançada graças ao Japão”.
Konstantin Sivkov, primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, opina que a entrada dos navios militares do Japão para apoiar a marinha dos EUA no mar da China Meridional só aumentaria a possibilidade de choques no caso de conflito:
“Um lado é a China e outro é o conjunto dos EUA e o Japão. O nível alto de tensões levará a confrontações militares locais. A derrubada de aviões é muito provável, não deve ser excluída a possibilidade de confrontos mútuos entre grupos navais.”
O novo sinal sobre o aumento da agressão potencial no mar da China Meridional chegou na quinta-feira (28) de Hanoi. O Ministério das Relações Exteriores do Vietnã duramente criticou o começo de construção pela China de duas ilhas artificiais no território disputado de ilhas Spratly. O representante oficial da chancelaria Le Hai Binh classificou a construção como ilegal e exigiu que a China pare imediatamente, porque as ilhas novas ponham em questão a soberania do Vietnã nas ilhas Spartly e Paracel.
Enquanto isso, especialistas destacam a importância estratégica das ilhas artificiais para a navegação na região e notam que por causa do conflito no mar da China Meridional as relações entre Pequim e Hanoi continuam deteriorando, mesmo com a intensidade alta de contatos diplomáticos e encontros de alto nível.
Não é de excluir que o Vietnã possa se juntar aos EUA e Austrália na lista dos países que Shinzo Abe prometeu apoiar com navios militares.
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