Sob protestos, Queermuseu reabre no Rio.
A reabertura da exposição Queermuseu – Cartografia da Diferença na Arte Brasileira foi novamente palco para polêmica. Enquanto um grupo de conservadores protestou do lado de fora, os responsáveis pela mostra discursaram contra a censura e o fundamentalismo político e religioso. Banida em setembro do ano passado do Santander Cultural, em Porto Alegre, a exposição foi montada na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, no bairro Jardim Botânico.
Assim como na capital gaúcha, houve protestos de integrantes de grupos religiosos e políticos de direita. Os manifestantes ficaram separados dos demais presentes à cerimônia de inauguração, neste sábado (18), por uma grade de ferro, mas em vários momentos interromperam os discursos dos organizadores.
Ativistas ligados à causa LGBT chegaram a discutir com os manifestantes, mas não houve violência física. A organização do evento contratou 20 seguranças para garantir a ordem durante o evento de abertura. Uma viatura da PM foi chamada, mas os policiais se limitaram a observar de longe o protesto.
O curador da mostra, Gaudêncio Fidelis, discursou por 15 minutos e criticou a censura à arte, inclusive a autocensura. Uma decisão da Justiça, expedida ontem, proibiu a entrada de menores de 14 anos na exposição, mesmo que acompanhados dos pais. Determinou ainda que adolescentes de 14 e 15 anos só podem ver as obras junto com seus responsáveis.
“Este momento é da democracia, da gente fazer frente ao obscurantismo. A sociedade brasileira mais progressista reabriu esta exposição, esta possibilidade da gente ter acesso ao conhecimento. O fascismo não terá espaço e o fundamentalismo, muito menos. O Rio de Janeiro está de parabéns, porque historicamente sempre esteve à frente dos movimentos, da vanguarda da arte e da política. O Rio representa muito bem a diversidade da arte brasileira”, disse Gaudêncio.
O diretor-presidente da EAV, Fábio Szwarcwald, demonstrou inconformidade com a decisão judicial de proibir menores de 14 anos na exposição e disse que vai recorrer da medida. Ele mesmo veio acompanhado por dois filhos pequenos e não pôde entrar com eles nos espaços da mostra.
“Eu vejo isso como uma atuação muito triste [da Justiça]. O próprio Ministério Público indicou que deveríamos colocar recomendação para maiores de 14 anos e menores de 14 anos acompanhados de seus pais. Estão cerceando, de novo, a liberdade das pessoas terem a oportunidade de verem a exposição. É uma decisão dos pais se eles querem ou não levar seus filhos para ver uma exposição de arte. Cada um educa seus filhos da forma que achar melhor”, disse Szwarcwald.
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