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Operação de Angelina Jolie é opção recomendada por especialistas

 AFP / CARL COURT

A atriz Angelina Jolie, em Londres, no dia 2 de junho de 2013

Escolha dolorosa, a remoção dos ovários – como a praticada pela atriz Angelina Jolie – é recomendada pela comunidade médica tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, pois reduziria consideravelmente o risco de câncer em mulheres geneticamente suscetíveis – segundo especialistas.

Portadora da mutação genética BRCA1, que predispõe ao câncer de mama e de ovário, a estrela americana disse nesta terça-feira que foi submetida à remoção dos ovários e trompas de Falópio, quase dois anos após a remoção das mamas.

Esta intervenção parece ser a continuação lógica da dupla mastectomia feita pela atriz, operação que desencadeou uma ida maciça de mulheres aos consultórios em busca de possíveis mutações genéticas.

Enquanto há 15 ou 20 anos a questão da utilidade de remover órgãos saudáveis ainda era questionada​​, agora existe um amplo “consenso” entre os especialistas para recomendar a remoção dos ovários e trompas de Falópio em mulheres portadoras de mutações BRCA1 e BRCA2, explica a especialista francesa Dominique Stoppa-Lyonnet.

A presença destas mutações é acompanhada de um risco muito elevado de um dia vir a desenvolver câncer de mama ou câncer de ovário, ressalta esta médica, que dirige o serviço de genética do câncer do Instituto Curie, em Paris.

“O risco de câncer de ovário acumulado para a idade de 70 anos para uma mulher que carrega a mutação BRCA1 é de cerca de 40%. E de 20% para portadores da BRCA2” contra 1,5% para a população em geral, afirma Stoppa-Lyonnet.

O professor sueco Per Hall também recomendaria “absolutamente” a mulher portadora desta mutação que se submetesse à remoção preventiva, pois ela reduz “consideravelmente” o risco de câncer.

A ovariectomia também tornou-se uma operação “muito comum” nos Estados Unidos em mulheres após a menopausa, incluindo as que não são portadoras de mutações BRCA, “apenas para reduzir o risco de câncer de ovário”, afirma Hall.

Porque “ao contrário do câncer de mama”, esse tipo de câncer, considerado silencioso, “é muito difícil de detectar”, com sinais clínicos fracos e pouco característicos, como leves dores no ventre, explica o especialista em câncer de mama do Karolinska Institutet de Estocolmo.

Menopausa precoce

Apesar de uma paciente de risco estar sujeita a um controle regular com ecografias, o exame não é confiável o suficiente para permitir a detecção precoce de tumores: um “diagnóstico precoce não é garantido”, disse Stoppa-Lyonnet.

A “recomendação” dos médicos também é a de praticar ablações de ovários/trompas de Falópio nas mulheres com a mutação BRCA1 “a partir dos 40 anos” e “até 50 anos” para aquelas que carregam a mutação BRCA2.

Uma alta proporção dessas mulheres aceitam a operação, que é simples, descomplicada e geralmente praticada por laparoscopia: 80% para BRCA1 e 50% para BRCA2, de acordo com um estudo realizado pelo Institut Curie.

No entanto, esta cirurgia tem um grande problema: causa infertilidade e menopausa precoce e brutal.

“É um gesto que recomendamos apenas quando o desejo de ter filhos foi realizado, e mesmo assim, continua sendo difícil para uma mulher renunciar à possibilidade de ser mãe”, comentou Stoppa-Lyonnet.

Se esta operação é geralmente objeto de um consenso internacional, a situação não é a mesma para a cirurgia de remoção das mamas à qual a atriz se submeteu em maio de 2013.

Esta cirurgia “radical” e preventiva é muito mais praticada nos Estados Unidos e nos países anglo-saxões do que em outros lugares do mundo, ressaltou Stoppa-Lyonnet.

 Ao contrário do câncer de ovário, o acompanhamento atento por mamografias e ecografias, num ritmo de três exames por ano, permite a detecção precoce de tumores de mama nestas mulheres.

Na França, “temos o dever de apresentar a opção da cirurgia mamária, mas também oferecer a alternativa de vigilância através de mamografia/ultra-som”, explica Stoppa-Lyonnet. Resultado: a grande maioria das francesas portadoras dessas mutações estão optando pelo acompanhamento.

Estima-se que uma mulher entre 400 a 500 carregue uma mutação do gene BRCA1 ou BRCA2, o que resulta em um risco cumulativo de câncer da mama aos 70 anos de 70% para a primeira anomalia e de 50% de falha para a segunda.

AFP

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