Andre Di Mauro faz a estreia mundial do filme “Humberto Mauro” no “75º Festival de Cinema de Veneza”.

O documentário “Humberto Mauro”, do diretor brasileiro Andre Di Mauro, foi selecionado para exibição no Clássicos de Veneza – 75º Festival de Cinema de Veneza – La Biennale di Vennezia 2018. O filme é um resgate do cinema brasileiro contando a história da vida do cineasta Humberto Mauro através dos seus filmes feitos entre os anos 1925 e 1974. Humberto Mauro é considerado o pioneiro do cinema brasileiro, e há exatos 80 anos ele foi o primeiro diretor brasileiro a participar de um Festival Internacional em Veneza.

O filme “Humberto Mauro” também foi selecionado para o “51º Festival de Cinema de Brasilia”. Depois de fazer a estreia mundial no “75º Festival de Cinema de Veneza” o filme fará a estreia no Brasil no “51º Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro” nada mais emblemático ainda mais se tratando de Humberto Mauro. A estreia mundial no festival de cinema mais antigo do mundo e a estreia nacional no festival de cinema mais antigo do Brasil é um grande passo na carreira de Di Mauro. 

Pioneiro em uma nova arte e o maior diretor dos primeiros tempos do cinema nacional, Humberto foi homenageado no Festival de Cannes, em seu último ano de vida. O Clássicos de Veneza apresenta as estreias mundiais de uma seleção das melhores restaurações de filmes clássicos realizadas no ano passado por bibliotecas de filmes, instituições culturais e produções em todo o mundo, comprometidas com a preservação e o cultivo do patrimônio cinematográfico e redescoberta de obras negligenciadas ou subvalorizadas do passado.A seção pode ser completada com a apresentação de documentários sobre cinema ou autores individuais do passado ou hoje, que possam oferecer elementos inovadores para avaliação histórica e crítica.

Considerado o “pai” do cinema nacional, influenciou muitos cineastas brasileiros, servindo de inspiração para uma geração de profissionais da arte que seriam grandes nomes mais tarde, como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos.

Foi o responsável por mais de 300 filmes e documentários, entre eles “Os Três Irmãos”(um dos seus primeiros filmes que ficou inacabado), entre eles o primeiro curta-metragem de aventura “Valadião, o Cratera” (1925), que foi filmado com uma pequena filmadora Pathé-Baby de 9,5 mm, em parceria com o fotógrafo italiano Pedro Comello, com quem fundou a Phebo Sul América Filmes, onde Mauro escreveu, foi co-autor dos roteiros, operou a câmera, dirigiu, atuou em pequenos papéis, colaborou nos cenários e na iluminação. O primeiro filme da Phebo, dirigido por Mauro, foi em 1926, “Na Primavera da Vida”. O segundo filme, “Tesouro Perdido” (1927) foi apresentado no Rio, ganhando o prêmio de melhor filme do ano.

“Braza Dormida” (1928), distribuído pela Universal Pictures e considerado pelo historiador Georges Sadoul como um dos mais importantes filmes latinos da era do cinema mudo. A seguir veio a comédia romântica “Lábios Sem Beijos” (1930), “Ganga Bruta” (1933), que além de escrever, produzir, dirigir, atuou como o Coronel Januário. O filme “A Voz do Carnaval” (1933), um musical sobre o carnaval carioca, foi o primeiro filme falado de Mauro e lançou Carmen Miranda na carreira cinematográfica.

O filme “Favela dos Meus Amores” (1935), teve trilha musical de grandes intérpretes da época, hoje clássicos da MPB. Em 1936 o cineasta entrou para o Instituto Nacional do Cinema Educativo, fundado por Edgar Roquette-Pinto, e rodou mais de 300 documentários. No mesmo ano filmou “Cidade Mulher” (1936) e  “O Descobrimento do Brasil” (1936). Em seguida veio “Argila” (1940), “Canto da Saudade” (1952). “A Velha a Fiar” (1964), foi um dos primeiros videoclipes brasileiros inspirados em uma música popular.

O filme A Noiva da Cidade (meados dos anos 70), dirigido por Alex Viany e estrelado por grandes nomes como: Elke Maravilha, Grande Otelo, Paulo Porto, Léa Garcia, Carlos Imperial, Suzana Faini, Zé Rodrix, Betina Viany, Gracinda Freire, Tamara Taxman, Wilson Grey, Hugo Bidet, Isolda Cresta, Fernando Reski, Vera Setta, Nelson Dantas, Rafael de Carvalho, Irving São Paulo e a participação especial do próprio Humberto Mauro. Com trilha sonora de Chico Buarque (“Passaredo”, “Não tem nada não”, e a canção-tema “A Noiva da Cidade”), o filme foi filmado na Zona da Mata Mineira, e lançado em 1978.

A cópia foi recuperada em 2016, com recursos do Programa Filme em Minas da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, pelo Museu de História e Ciências Naturais – Além Paraíba – MG. Sua última obra foi “Carro de Bois” (1974), um entre os muitos curtas e documentários rodados em seus Estúdios Rancho Alegre, localizados na sua terra natal, Volta Grande- Minas Gerais.

André Di Mauro é  ator, autor roteirista, diretor e produtor. Sobrinho-neto de Humberto, é o diretor do documentário, que mostra uma entrevista que o cineasta havia gravado com seu filho nos anos 60. Durante a entrevista ele enviava mensagens para seus parentes no futuro. O filme é um projeto antigo, e a ideia inicial do Di Mauro era fazer um filme biográfico com atores, mas devido os custos da produção, optou pelo documentário quando surgiu a possibilidade do financiamento da Energisa. Nos anos 90 Di Mauro escreveu o livro “Humberto Mauro – O Pai do Cinema Brasileiro”.

“Humberto Mauro”, o documentário é uma viagem no tempo ao interior rural do Brasil e aos estágios iniciais da indústria cinematográfica do país. O filme mostra entrevistas arquivadas do diretor, sua carreira como cineasta e sobre sua família, passada e presente. O filme foi produzido pela Di Mauro Filmes e co-produzido pelo Canal Brasil, com o apoio do Cinema do Brasil, Energisa e da Apex Brasil. Direção de produção Liege Muller.

Filho do imigrante italiano Caetano Mauro e da mineira Tereza Duarte, Humberto Duarte Mauro nasceu na cidade de Volta Grande-Minas Gerais no século 19. Tocava violino e bandolim nas horas vagas e estudava engenharia em Belo Horizonte. Seu primeiro trabalho foi instalar eletricidade em fazendas e sítios locais, quando a eletricidade começava a ser instalada nas cidades do interior. Construiu em Cataguases o primeiro aparelho de receptor de rádio.  Em 1916 se mudou para o Rio de Janeiro e ao voltar para Cataguases casou -se com Maria Vilela de Almeida, a dona Bebê. 

(Foto acima: Di Mauro e sua prima Bia Mauro, diretora de fotografia). Dramaturgo premiado, Di Mauro nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua carreira em 1979 atuando no seriado Malu Mulher da TV Globo. Autor e roteirista desde os anos oitenta, possui no seu histórico diversas peças teatrais, filmes, séries e programas de TV. Na década de 80 recebeu convite para estudar no Actor`s Studios (Nova York). Nos EUA foi aluno de Edward Albee, Herbert Berghof e Utta Hagen. Conhecido por interpretar papeis marcantes como Rodrigues (administrador da ONG que morre queimado dentro de pneus) no premiado filme “Tropa de Elite”. É casado com a atriz gaucha Liége Muller desde 2013.

André Di Mauro iniciou sua carreira na Rede Globo nos anos 80 participando de diversas novelas e interpretando personagens de sucesso como Guido na novela “Selva de Pedra” e Maneco na novela “Rainha da Sucata” de Silvio de Abreu que atingiu uma das maiores audiências da história da TV brasileira. Em 2009 André Di Mauro participou da novela: “Chamas da Vida” interpretando o vilão Lipe conquistando diversos prêmios e elogios da crítica especializada.

Em 2012 André Di Mauro fez o papel do ex-policial Carlos um dos protagonistas da novela “Vidas em Jogo” de Cristianne Fridman. Entre seus últimos trabalhos na TV a novela Vitória (2014) de Cristianne Fridman interpretando o personagem Jorge e em 2016 participou da série futurista “Omicron” (foto acima) de Edson Soares inspirada no conto “O Imortal” de Machado de Assis. No cinema entre seus últimos trabalhos podemos destacar o longa-metragem “Sobrevivente Urbano” (“Urban Survivor”) de José Cláudio Silva.

Por este filme André Di Mauro recebeu dois prêmios internacionais como melhor ator no “Los Angeles Urban Film Festival 2015” no “Boston Independent Film Festival 2015” e ainda por esse trabalho foi indicado ao Prêmio de Melhor Ator de Filmes de Língua Estrangeira no “London International Film Festival 2016” e Melhor Ator no New York City International Film Festival 2016. Em 2017 participou do longa-metragem “Nova Amsterdam” de Edson Soares produzido pela Engady Cine Vídeo. Seu trabalho mais recente no teatro é a comédia MercadoAmoroso contracenando com as atrizes Leticia Birk, Karen Junqueira e Germana Guilhermme (foto acima).

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Cleo Oshiro
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