Elba Ramalho faz duo com o filho Luã Yvys na canção “Ainda Tenho Asas”

Elba Ramalho, considerada uma das maiores intérpretes da MPB acaba de lançar a canção “Ainda Tenho Asas”, em parceria com o seu filho Luã Yvys (cantor e produtor musical). A música é o fruto entre mãe e filho, que nasceu a partir de uma postagem feita por ela no último verão em Trancoso em suas redes sociais. Ela um dia volta da praia e solta: “Filho, postei um texto que daria uma bela canção, o que acha?”

De fato estava com o violão por perto e como num rompante de inspiração fiz a música ali mesmo nascendo assim a nossa primeira parceria. Diz Luã, que além de cantor, é o produtor e arranjador do novo disco de Elba Ramalho, gravado durante a quarentena, e que contou com as participações das três filhas de Elba Ramalho, a Esperança (14), Maria Clara (18) e Maria Paula (17).

Colecionadora de sucessos, Elba Ramalho com sua voz marcante é um grande ícone do cancioneiro nordestino. Com um extenso repertório musical e ritmos que remetem ao universo nordestino, Elba nos presenteia com o forró, xote, baião e frevos, riquezas de uma das mais belas culturas do nosso Brasil. Para celebrar o seu aniversário, Elba Ramalho realizou uma live no dia 22 de Agosto, diretamente da sua casa em Trancoso, na Bahia. Os músicos Marcos Arcanjo (violão/guitarra), Rafael Meninão (sanfona), Fofão (baixo) e Tostão Queiroga (bateria) acompanharam a cantora. O repertório, foi uma retrospectiva e uma homenagem aos compositores que marcaram a trajetória dos seus 42 anos de carreira.

O aniversário foi comemorado em família ao lado dos quatro filhos, Luã Yvys, Maria Clara (18) e Maria Paula (17) e Esperança (14) e da neta Esmeralda (filha do Luã Yvys e Amanda Mezkta). Luã é fruto do relacionamento de Elba Ramalho com o ator e cantor Mauricio Mattar. Eles iniciaram o namoro em 1983 e em 1985 se casaram numa cerimônia civil.  Em 1990 Elba e Mauricio se divorciaram, mas continuaram mantendo uma relação amigável que dura até hoje. Elba foi casada no civil e religioso com o modelo Gaetano Lopes.

“Realmente, para mim a família é muito importante. É a menor , mas a mais importante das instituições. Não tive oportunidade de abraçar os amigos no meu aniversário, mas tive meus filhos e minha netinha perto de mim. Família boa, é família que cresce”. Disse Elba Ramalho. Elba Ramalho e uma das suas filhas testaram positivo para Covid-19 em Setembro, mas passam bem.

Paraibana nascida em Conceição, na região metropolitana do Vale do Piancó no dia 17 de Agosto de 1951, Elba é cantora, compositora, multi-instrumentista e atriz, com uma trajetória de sucesso nos seus mais de 40 anos dedicados a arte. Filha de músico, Elba que é prima do cantor e compositor Zé Ramalho, iniciou na música em 1968, tocando bateria numa banda feminina de Rock, “As Brasas“. Ela deixou o grupo e começou a se apresentar em Festivais realizados pelo Nordeste. Em 1974, a pedido de Roberto Santana (produtor de Caetano Veloso e Chico Buarque), Elba mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, para investir mais na carreira artística. No Rio de Janeiro Elba se apresentava com o “Quinteto Violado”.

Nesse mesmo ano, participou da peça “Viva o Cordão Encarnado”, em parceria com o grupo teatral “Chegança”, de Luís Mendonça. Participou de outros espetáculos do grupo, como “Canção de fogo”, “Viva o cordão encarnado” e “A incrível história de Pedro Bacamarte”. Atuou nas peças infantis “Dorotéia a bruxinha rebelde” e “D. Pixote de La Pancha”. Atuou no filme “Morte e Vida Severina” em 1977, e em 1978 atuou na peça musical “Ópera do Malandro”, interpretando a prostituta Lúcia, sob a direção de Luís Antônio Martinês Correia. A peça “Ópera do Malandro” foi lançada numa época em que a poética de Chico Buarque estava “afiadíssima”. Elba Ramalho foi presença de grande destaque, o que impulsionou a carreira de atriz e cantora.

Diante disso, Chico Buarque inseriu uma gravação “O Meu Amor”, interpretada por Elba e pela então esposa Marieta Severo, para o disco autointitulado, lançado em 1978, e também no álbum duplo da peça, lançado no ano seguinte. Elba Ramalho foi vencedora de um prêmio pela interpretação da canção “O meu amor”, com a atriz Marieta Severo. A canção foi um grande sucesso, e por isso mesmo, mereceu também um dueto das cantoras Alcione e Maria Betânia no álbum “Álibi”, no mesmo ano.  No mesmo ano, atuou em “Teatro do Ornitorrinco canta Brecht e Weill”. Substituiu por algum tempo, a atriz Tânia Alves na peça “O fado e a sina de Mateus e Catirina”.

Seu primeiro álbum “Ave de Prata “, foi lançado em Setembro de 1979 pela extinta CBS (atualmente Sony Music), e teve participações especiais de músicos e compositores consagrados como Dominguinhos, Zé Ramalho, Robertinho de Recife, Sivuca, Geraldo Azevedo (foto acima), Jackson Do Pandeiro, Vinícius Cantuária entre outros. Do disco nasceu o show “Ave de prata”, montado no Teatro Alaska, com o qual a cantora viajou em seguida por diversas capitais brasileiras e por cidades do interior, num total de 180 apresentações.

A canção “Não sonho mais”, composição de Chico Buarque, foi trilha sonora do filme “A República dos Assassinos”. Como atriz, protagonizou montagens poéticas de Castro Alves, Carlos Pena Filho, Thiago de Mello, Figueiredo Agra e Lindolfo Bell. Participou das montagens das peças “Ministro do Supremo” e “Diálogo das Carmelitas”. Elba Ramalho teve uma carreira internacional, se apresentando no “Olympia” de Paris, “Festival de Montreux” da Suiça, “Brixton Academy” de Londres e o “Blue Note” de Nova Iorque.

“Capim do Vale” foi o segundo LP da cantora gravado em 1980, apresentando um repertório regional com canções de compositores nordestinos antigos e contemporâneos e nesse mesmo ano realizou a sua primeira turnê na África. Em 1981 lançou Elba, seu último disco para a gravadora CBS e apresentou-se no “Festival de Montreux” cantando ao lado de Moraes Moreira e Toquinho. No mesmo ano estoura nas paradas com o xote “Bate Coração”, de Antônio Barros e Cecéu.

Em 1982 transferiu-se para a extinta gravadora Ariola (Universal Music) e o disco de estreia é “Alegria”, produzido por Aramis Barros e direção artística de Mazzola. O disco emplacou nas paradas de sucesso com a música “Banho de cheiro”, de Carlos Fernando, vendendo mais de 300 mil cópias, e Elba Ramalho conquista o seu primeiro disco de ouro e o de platina.

Nesse mesmo ano, apresentou-se em Berlim, na Alemanha, com Hermeto Pascoal, Clara Nunes e Sivuca no “Festival de Cultura Latino-americana”. Em 1983 dividiu o palco em Israel com Djavan, Caetano Veloso, Ney Matogrosso cantando nas cidades de Tel-Aviv, Cesarea e Haifa. Retornou a Israel logo depois realizando um show para 120 mil pessoas. Em seguida, fez um show em Portugal ao lado de Luiz Gonzaga para um público de 100 mil pessoas.

Em 1983, seu disco “Coração brasileiro” ganhou disco de ouro. Lançou em 1984 o disco “Do jeito que a gente gosta” e se apresentou novamente no exterior, em Cuba e no Japão. A trajetória de Elba Ramalho é extensa e não tem como conta-la por inteiro, mas vale ressaltar a sua apresentação no “Madison Square Garden”, um das mais tradicionais e requisitados locais de grandes espetáculos esportivos e artísticos dos Estados Unidos em 1994. Em 1999, realizou shows na Alemanha, França, Itália e no “Festival de Montreaux” na Suíça.

Segundo o “Ecad”, Elba Ramalho tem 931 gravações cadastradas e o compositor mais gravado por ela é Luiz Gonzaga, o saudoso Gonzagão. Elba já foi agraciada com o “Prêmio Grammy Latino e  recebeu da “Associação de Críticos de Arte de São Paulo”, o prêmio de “Melhor Show do Ano”, em duas ocasiões: em 1989 pelo show “Popular Brasileira” e em 1996 pelo show “Leão do Norte”.

Um dos seus grandes sucessos, foi a música “De volta pro aconchego” (Nando Cordel e Dominguinhos), tema do protagonista Roque (José Wilker) na novela “Roque Santeiro”, em 1985 (Rede Globo). “Bate coração”, (de Cecéu),  “Banho de cheiro” (de Carlos Fernando), “Chão de giz” (de Zé Ramalho), “Entre o céu e o mar” (de Dudu Falcão e Roger Henri), são alguns dos seus grandes sucessos. Entre os compositores mais gravados por Elba estão: Dominguinhos, Chico Buarque, Alceu Valença, Zé Ramalho, Moraes Moreira, Nando Cordel, Geraldo Azevedo, Zé Dantas, Fausto Nilo entre outros.

Além da música, Elba Ramalho é engajada em causas sociais e participa de vários projetos. Em 2010, aos 59 anos, Elba Ramalho descobriu que estava com câncer de mama em estágio inicial. Vegetariana, praticante de Ioga e meditação, sempre levou uma vida muito saudável, mas  precisou passar pelo procedimento de radioterapia, para a retirada de um pedaço da mama, não havendo a necessidade de passar pela quimioterapia, mesmo porque o câncer era 90% hormonal, e foi gerado pela reposição desordenada. Hoje tudo o que Elba Ramalho quer é viver feliz ao lado da sua família, curtir a netinha Esmeralda e continuar a fazer o que ama: CANTAR.

Não tem como expor a longa trajetória de Elba Ramalho aqui, mesmo porque sua bagagem artística é imensa e riquíssima, mas eu não poderia deixar de fora um dos trabalhos da cantora que mais gostei, o CD e DVD “Marco Zero 30 anos”, gravado em 2010 com participações especiais de grandes ícones da nossa música: Zé Ramalho, Alcione, Lenine, Chico César e Geraldo Azevedo. O projeto comemorou três décadas de carreira da cantora e 473 anos da cidade de Recife. Gravado no “Marco Zero” da capital pernambucana, o espetáculo que reuniu 100 mil pessoas, contou com a direção geral da própria Elba e direção musical de Cezinha do Acordeom.

Para maiores detalhes sobre a trajetória da cantora Elba Ramalho, acesse os links: http://www.elbaramalho.com.br/biografia

Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira: http://dicionariompb.com.br/elba-ramalho/dados-artisticos

Da Redação by Cleo Oshiro

Cleo Oshiro
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