Príncipe Juan de Bourbon publica carta do primo Dom Luiz de Orleans e Bragança sobre o incêndio no Museu Nacional.
O Príncipe e cantor Juan de Bourbon, publicou no seu perfil pessoal do Facebook, uma carta transcrevendo o posicionamento do seu primo Dom Luiz de Orleans e Bragança, em relação ao incêndio ocorrido no dia 2 de setembro destruindo o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Localizado na Quinta da Boa Vista-Zona Norte do RJ (antiga Residencia Oficial dos Imperadores do Brasil), era considerado o maior museu de história natural do Brasil, e a instituição científica mais antiga do país. O incêndio destruiu o acervo com mais de 20 milhões de itens. Criado por D. João VI em 1818, o museu completou 200 anos em junho deste ano. Confira a carta abaixo:
Transcrevo aqui a carta de posicionamento do meu primo Dom Luiz de Orleans e Bragança – Chefe da casa imperial do Brasil. Dessa forma solidarizo-me com todo o povo Brasileiro pelo trágico episódio que consumiu mais de 200 anos de história, o incêndio no Museu Nacional .
Abaixo segue foto do meu tataravô Dom Sebastião de Bourbon e Bragança que nasceu naquele palácio.
PRONUNCIAMENTO DO CHEFE DA CASA IMPERIAL DO BRASIL ACERCA DO INCÊNDIO DO PAÇO DE SÃO CRISTÓVÃO.
O Domingo, dia 2 de setembro, ia declinando, quando o País foi surpreendido por um incêndio catastrófico que não colheu vidas, mas que incinerou, em suas chamas inclementes, memórias e documentos históricos, muitos deles preciosos e únicos.
As imagens do Paço de São Cristóvão, na beleza de seus traços arquitetônicos, envolvido pela luz avermelhada das chamas e da fumaça resultante dos preciosos objetos consumidos pelo fogo, era uma imagem simbólica. Um símbolo acabado dessa imensa destruição que políticos, homens públicos, intelectuais e outros vêm empreendendo, há décadas, contra o edifício da brasilidade.
Naquele Palácio, há precisamente 196 anos, no dia 2 de setembro de 1822, a Imperatriz D. Leopoldina, reunido o Conselho de Estado, assinava como Regente o decreto de Independência do Brasil.
Aquele edifício, além de ter albergado os monarcas, desde que aqui aportou a corte portuguesa e para cá transferiu a capital do Império luso, era um testemunho de inúmeros momentos decisivos de nossa História.
Eu, enquanto Chefe da Casa Imperial meus irmãos e sobrinhos, temos recebido inúmeras manifestações de dor e de pesar, de consternação e de inconformidade, de brasileiros estupefatos com os rumos dramáticos para os quais está sendo dirigido o País, rumos em meio aos quais o incêndio do Museu é um evento doloroso.
Tenho profunda convicção de que Deus rege os destinos da História dos povos. Muitas vezes permite Ele infortúnios que nos servem de alerta, nos despertam do letargo, nos chamam à emenda de nossos passos e nos convocam à ação.
A Terra de Santa Cruz foi atingida no seu coração. As cinzas desse desastre não são um acontecimento isolado, mas um dos ápices de uma obra demolidora, empreendida por ideologias funestas e alienígenas, de vozes enganadoras que disseminam sentimentos de discórdia e de convulsão. Vozes e ideologias que malsinam a hora em que as naus com a Cruz de Cristo abordaram nosso litoral, trazendo com os missionários as bênçãos, as promessas e as riquezas espirituais e culturais da Civilização Cristã.
Estou persuadido de que nosso povo, altaneiro, religioso e bom, nada tem de comum com estes enganos que de todas as partes se levantam.
Como legítimo descendente dos monarcas, que regeram nossos destinos enquanto povo, apelo aqui a todos os brasileiros de boa vontade, monarquistas ou não, que vencida a inércia, cortem o passo ao perigo que nos ronda, de modo que o Brasil possa continuar sua trajetória histórica, com energias vivificadas, sem conhecer as discórdias, as agitações e os morticínios em que foram submergidas tantas nações, e das quais o macabro incêndio do Palácio de São Cristóvão parecia ser uma imagem.
Rogo a Nossa Senhora Aparecida que abençoe e proteja sempre nosso povo e nossa Nação.
São Paulo, 3 de setembro de 2018
Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil
Foi perdido todo o acervo mobiliário do 1º Reinado, entre eles os moveis originais de D. João VI e peças herdadas da família imperial. O museu abrigava a maior coleção egípcia da América Latina, entre múmias e objetos egípcios raros comprados por Dom Pedro I e Dom Pedro II, e também um dos primeiros itens do acervo do museu, o Trono do rei de Daomé, presente dado por um rei africano a Dom João VI. Nesse trágico incêndio perde-se a memória da História do Brasil e a ciência com os seus objetos de pesquisa. A foto abaixo é da Família Imperial Brasileira – Petrópolis – Fevereiro de 1889 – no jardins do Palácio de Petrópolis, no derradeiro ano da época Imperial.
O museu era a instituição científica mais antiga do país, abrigando coleções de geologia, botânica, zoologia, paleontologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Apaixonada pela natureza, a princesa Leopoldina, filha do Imperador da Áustria, Francisco I, e da sua segunda esposa, a Princesa Maria Teresa Carolina de Nápoles e da Sicília, desde cedo mostrou interesse para a botânica e para a mineralogia. Nas excursões realizadas com sua família aproveitava para coletar mostras de minerais e plantas, e trouxe para o Brasil vários cientistas austríacos que estudaram a fauna e a flora brasileira. Casada com D. Pedro I e considerada por muitos historiadores como a principal articuladora do processo e uma das construtoras da independência do Brasil, junto ao Conselho de Estado, D. Leopoldina foi aclamada imperatriz em 1 de dezembro de 1822 na cerimônia de coroação e sagração de Pedro I. D. Leopoldina teve nove filhos (dois abortos), e dos sete filhos que nasceram, quatro chegaram à idade adulta. A morte da Imperatriz Leopoldina em 11 de dezembro de 1826, causou uma enorme comoção popular e seu enterro foi seguido por milhares de pessoas.
Além do acervo real e documentos de grande importância para a história do Brasil, o museu tinha entre suas relíquias, o fóssil mais antigo das Américas, o esqueleto de Luzia, a mulher mais antiga do continente, resistente a 12 mil anos, considerado um dos tesouros mais importantes. Também abrigava registros de línguas nativas, que já não existem mais, entre outros itens científicos de grande importância para a humanidade. A família real era dedicada em preservar preciosidades científicas e arqueológicas, como demonstra o registro abaixo, de 16 de abril de 1888 da visita dos Imperiais Brasileiros, Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina, acompanhados de grande comitiva, as escavações arqueológicas da cidade de Pompéia – Itália.
A foto é expressiva, pois trata-se de um dos poucos registros da Imperatriz em seu solo natal, com homens devidamente encartolado, encasacado e de guarda-chuva em punho, na frente de um cortejo de áulicos, escavadores, militares e autoridades. Identificados, dentre outros figurantes, o príncipe Dom Pedro Augusto, neto do Monarca, os Condes de Nioac, Carapebus e Motta Maia e esposas, sentadas no alto ao lado da Imperatriz. São muito escassas as fotos ao ar livre do Imperador em suas viagens pelo mundo. Esta foi sua última viagem antes de partir para o exílio.
Site: http://www.monarquia.org.br/
Facebook: https://www.facebook.com/Casa-Imperial-do-Brasil-181030671996368/
Da Redação by Cleo Oshiro
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