Ricardo Tamura, natural da cidade de São Paulo é descendente de família japonesa e síria, que vive na Alemanha. Considerado um dos cantores líricos brasileiros mais importantes da atualidade e brilhante tenor por sua belíssima interpretação de “Canio”, na ópera “Pagliacci” pelo jornal alemão “Die Welt”, sendo aplaudido de pé durante sua estréia no “Metropolitan Opera de Nova Iorque” em dezembro de 2013 e na ópera “Tosca”, com a interpretação de “Cavaradossi”. Ricardo recebeu elogios da crítica e do público por sua magnífica apresentação do seu “Otello de Verdi”, sendo denominado como um tenor que atende plenamente toda a dramaticidade do personagem, assim como aconteceu com seu “Tannhäuser” , que foi considerado como “melhor que em Bavreuth” e na ópera “Carmen”, onde sua apresentação foi elogiada como absolutamente fantástica. Ricardo vive na Alemanha e fala vários idiomas, como o Inglês, Alemão, Espanhol, Italiano, Francês e pretende levar sua arte se apresentando em vários países, inclusive no Brasil onde infelizmente não é conhecido.
Ricardo, quantos papeis interpretou no decorrer da sua carreira até o momento?
Tenho um repertório que inclui cerca de 50 papéis, sendo que 20 deles fazem parte do meu repertório mais frequente, entre eles, os maiores papéis de óperas italianas, alemãs e francesas, como Otello, Don Carlo, Riccardo, Radamés, Canio, Turiddu, Cavaradossi, Des Grieux, Calaf, Bacchus, Tannhäuser, Don José, Faust, e outros.
Considerado um dos cantores líricos brasileiros mais respeitado da atualidade, tem um momento que marcou sua trajetória?
Fui o primeiro tenor brasileiro a cantar no palco do Metropolitan Opera de NY, e o único cantor lírico brasileiro que, além do MET, também cantou na Arena de Verona.
O canto no início era apenas um hobby, inclusive aos cinco anos de idade, meu desejo era seguir a carreira científica. Fui uma “criança precoce”, e aos 20 anos de idade, graduei-me em Geologia e Física na Universidade de S. Paulo. Aos 21 anos, recebi um convite para frequentar o famoso Massachusets Institute of Technology, com uma bolsa de estudos fornecida pelo governo do Canadá. Tendo minha participação impossibilitada, por problemas com a burocracia brasileira na época, resolvi aceitar o convite do meu professor de canto, Carlos Vial, para fazer uma audição no Teatro Municipal de SP, onde fui contratado!
Então já tinha interesse pela carreira musical?
Confesso que me senti inseguro na carreira musical, mas mesmo assim fui audicionar para a legendária cantora Licia Albanese, em NY, que confirmou o meu potencial e me convenceu a ir estudar na famosa Juilliard School of Music. Além dela, fui aluno de Marlena Malas, depois estudei técnica vocal e interpretação com a própria Licia Albanese e com o tenor Carlo Bergonzi e as coisas foram acontecendo. Me tornei membro do prestigioso Opera Estúdio de Zurique (IOS) e recebi o toque final, dado pelo maestro alemão Bernhard Lang.
Qual cidade você vive na Alemanha e onde costuma se apresentar?
Estou radicado em Nuremberg, onde me apresento em vários teatros importantes da Alemanha e do Mundo, com maestros de grande renome, entre eles, Marco Armiliato, Fabio Luisi, Daniel Oren, Riccardo Frizza, Pier-Giorgio Morandi, Lothar Koenigs, Lorin Maazel, entre outros. No meu novo contrato com o Metropolitan Opera, interpretei em Abril o papel título de “Don Carlo” sob a direção de Yannick Nezet-Séguin e “ Um Ballo in Maschera” (Gustavo) sob a direção de James Levine.
Alcançando um grande sucesso no exterior, seu talento é reconhecido no Brasil?
Sou um dos raríssimos artistas brasileiros no exterior que ainda mantêm exclusivamente a cidadania brasileira, mas sou praticamente desconhecido na minha terra natal, nunca me apresentei em São Paulo ou no Rio de Janeiro, sendo minhas únicas apresentações no Brasil em 2013, em dois concertos didáticos em Taubaté, sob a direção de Enaldo Oliveira, e a ópera “O Navio Fantasma”, de Wagner, no Festival do Teatro da Paz, em Belém.
Estive no Brasil recentemente por 10 semanas resolvendo assuntos familiares. Consegui fazer o que precisava, mas algumas coisas ficaram para a minha próxima visita. Sou de São Paulo, mas fiquei no interior onde meus pais residem atualmente.
Encerrando nossa entrevista, o que tem programado para depois da sua passagem pelo Brasil?
Depois da estadia no Brasil, estive em casa apenas por 3 dias me preparando para viajar novamente onde ficarei fora uns 7 meses. Estou respondendo a entrevista do hotel do aeroporto e estarei embarcando para Wichita- Kansas, onde farei “Turandot”como Calaf com o famoso baixo Samuel Ramey e ele fará o meu Pai “Timur”. Esse é um dos meus papéis favoritos, e a razão de ter aceitado
esse contrato é para poder cantar com Samuel Ramey, um dos maiores cantores de todos os tempos na minha opinião. Depois volto ao Metropolitan, onde em Fevereiro farei “Cavalleria Rusticana” como “Turiddu” . Esse é um papel curto, mas bastante difícil. como “Cavalleria” quase sempre vem apresentada com “Pagliacci”, existe sempre a possibilidade de que o mesmo tenor cante as duas óperas, como “Turiddu” e “Canio”. Em Klagenfurt e Hannover interpretei recentemente os dois papéis. Anos atrás fiz “II Tabarro”, como Luigi e “Pagliacci” numa mesma noite. Esta era uma combinação muito agradável, sendo dois papéis que combinam muito bem. Já “Cavalleria” e “Pagliacci” não é a combinação mais fácil. O papel de “Turiddu” tem um arco de desenvolvimento bem grande e é difícil emocionalmente vive-lo e morrer no final para depois voltar e cantar “Canio”. Embora eu tenha adorado o desafio de fazer os dois papeis (e tive uma ótima recepção) é muito mais tranquilo fazer apenas o “Turiddu”. Depois do MET, terei um concerto na Alemanha em Março e em Abril estarei por um tempo em Tóquio para um concerto e Masterclasses.
Obrigada Ricardo Tamura.
Da Redação by Cleo Oshiro
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